terça-feira, 30 de maio de 2017

MINHA MÃE



FERNANDO AZEVEDO 

Não, não é a minha mãe biológica que dá o título. É a minha Pátria Mãe. Aos quase 77 anos de minha vida eu a conheci linda, íntegra, adorada e respeitada. Sempre tive por ela o maior orgulho e segui os conselhos de Olavo Bilac: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste. Criança, não verás nenhum país como este”. Servi ao Exército Brasileiro, sempre mantive minhas raízes muito bem fincadas nesse nordeste mais pobre que Luiz Gonzaga tanto denunciou. Tinha paixão boêmia pelo Rio de Janeiro, mas não tive paixão médica e para o Recife voltei. Há algum tempo a bandalheira fez dessa pátria amada uma mulher paupérrima e sem conceito entre outras mães do mundo. Transformaram uma mulher linda numa atriz sem dentes, com rugas de vergonha em sua face. Muitos filhos seus estão procurando adoção pelo mundo. Querem ser recebidos pela mãe Austrália, mãe Lisboa Justo a avó que não está mais para criar netos) ou apelar para um viúvo chamado Canadá. Isso tem sido um fato cotidiano no meu consultório e na vida social. Pais e avós perdendo o contato com filhos e netos que pensam eles, seus descendentes, que esses "adotadores" têm ombros ou palavras de conforto ou cobertores para o frio que vão encontrar. Com certeza verão mulheres mais bonitas e enfeitadas que sua mãe, mas essas não tem colo. Nossa pátria mãe chegou ao pior momento de sua vida. Muitos dos seus filhos lhe roubaram, entregaram suas joias a outros donos, e a empobreceram de tal forma que suas novas crianças ficam sem chance de terem um prato de comida ou um medicamento para tirar-lhe a dor de tanto sofrimento. Esses maus filhos pagarão muito caro e já estão pagando ora com tragédias pessoais, ora com limitação de liberdade que não é representada por cadeia nenhuma e sim pela repulsa social que os obriga a trancarem-se nos seus quartos abarrotados de dinheiro, mas sem possibilidade de pedir uma pizza barata. A prole é grande e nossa mãe gentil será abraçada pelos seus filhos decentes, corretos, honestos e trabalhadores.Vão lhe proteger e socorrer, revitalizando sua saúde quase terminal, mas com grandes chances de sobrevivência. Seus filhos de passeata que mudem de atitude e não defendam ladrões e sim o respeito à sua mãe que tem que ser restabelecido mesmo que a cirurgia seja cara e difícil.

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