quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO

FELIZ ANO NOVO

FERNANDO AZEVEDO

Ela se vai mais um caju na nossa vida e é sempre o tempo de renovar esperanças, alcançar objetivos pretendidos e estar sempre otimista para esse ano virgem. O mundo todo comemora essa data intensamente. Quero desejar a todos vocês amigos um 2012 daqueles! Vamos, no entanto, dar uma olhadinha numas coisas que podem atrapalhar esse dia tão gostoso.

1. Não viaje à noite. Nossas estradas são ruins, o cansaço e o sono são inimigos de qualquer motorista. Ninguém socorre ninguém numa situação dessas nos dias de hoje e o automóvel por mais novo que seja pode ter uma pane, um pneu furado.

2. Ainda em relação à viagem cuidado com direção e bebida alcoólica. Não tenha medo da blitz da polícia e sim da blitz de sua consciência, pois a condenação será perpétua.

3. O beber com moderação é o mais sensato. O símbolo do réveillon é o champanhe, mas vá de leve. Se estiver de cuca cheia não carregue crianças, pois você pode cair e levá-las ao chão com trauma craniano inevitável. Isso faz parte da minha vivência de Pediatra.

4. Em relação a alimentação que é dia de desorganização total, cuidado com maioneses e alimentos feitos com batatas (purê etc.) se não souber qual é a fonte. Você pode ser promovido a “rei” no dia seguinte e não sair do trono.

5. Crianças são mais sensíveis ainda e vômitos desidratam rapidamente acabando com a festa.

6. Muito cuidado com piscinas. No dia seguinte está todo mundo com sono e desatento.

7. Crianças pequenas são loucas por água e o hotel não tem salva-vidas nos parque aquáticos. As babás       também estão cansadas.

8. Se estiver de pilequinho cuidado com o mar. “O mar não tem cabelos”.

9. Meus melhores votos de uma festa maravilhosa para todos

10. Feliz 2012.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O FEIO E O BONITO

O FEIO E O BONITO

FERNANDO AZEVEDO

Antonio Maria, o grande jornalista e compositor pernambucano numa de suas crônicas, revela que se descobriu feio no Colégio Marista, porque nunca foi chamado para ajudar a missa como coroinha. É preciso muito cuidado com a discriminação das crianças. Todas são rigorosamente lindas, mas há sempre uma preferência dos adultos por umas e isso causa uma cicatriz indelével no não escolhido. Lembro-me bem quando Professor de Médicos Residentes no Barão de Lucena, algumas colegas colocavam no braço e acarinhavam as gordinhas e lourinhas e eu dizia para elas. - Agora coloque no braço a pretinha, magra e com sarna. Numa coletividade infantil deve-se ter o maior cuidado com preferências. É muito comum o destaque para os mais altos, mais bonitos, mais elegantes, mais estudiosos, sendo esses os representantes das escolas em outdoor, jornal etc. Podem conferir. Os não escolhidos tem a mesma alma dos escolhidos. Se uns sentem orgulho outros sentem tristeza pela segregação. Numa coletividade infantil não deve haver destaques individuais. Isso acontece de uma forma natural pelas próprias amizades pueris. Cada dia mais, são exaltadas as artistas de TV pela sua beleza e estabelecem-se modelos que cada um deseja para si às custas de muita plástica, e botox da vida. Hoje existe em psiquiatria a Síndrome do dismorfismo corporal. É o caso de pessoas que se olham no espelho e começam a ver defeitos inexistentes no seu corpo e iniciam uma série de processos de mudança que nunca satisfazem porque o problema está no psiquismo e não nas formas do seu corpo.  Cuidado, portanto com elogios a uns. O outro tem excelentes qualidades também. Procure descobrir.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

GOSTARIA DE ENTENDER


GOSTARIA DE ENTENDER

FERNANDO AZEVEDO

Desde que todas as maternidades passaram a ter neonatologista em trabalho permanente, nenhuma criança nascendo sem assistência do Pediatra, parei com sala de parto. Por outro lado também surgiram procedimentos tais como uso se surfactantes, respiradores, computadores etc. e ou você se dedica a lidar com essa parafernália ou pede o chapéu e sai. Foi meu caso. Hoje a neonatologia é uma especialidade importantíssima e exige praticamente dedicação exclusiva. Uma coisa, no entanto está me intrigando. Pela parte obstétrica o índice de mais de 95º de partos cesarianos. Sem defesa. No lado do Pediatra a proibição da mãe de comer quase tudo. Medicina é conhecida por ser a ciência das verdades transitórias. Agora a verdade é proibir  leite e derivados, chocolate, ovo, frutas cítricas, feijão e uma enorme lista de alimentos. Chegam as mães geralmente perto dos trinta dias de vida do bebê ou mais, quando recebem alta do neonatologista, esfomeadas, tensas, nervosas, coisas que acabam com a amamentação para cuja produção do leite exige uma mãe feliz e em paz. No aspecto físico geralmente “um bagaço” como elas próprias dizem (não sou eu) porque não podem pintar as unhas, pintar os cabelos, ficarem bonitas como antes o que também altera o psiquismo contribuindo para fracasso da amamentação. Apresentem-me ,por favor ,um trabalho sobre qualquer alteração num recém nascido entre mães que pintaram as unhas e as que não pintaram. Veja bem, trabalho científico é coisa muito séria e a estatística em grupos aleatórios fundamental. Apresentem-me um trabalho entre dois grupos que pintaram os cabelos e que não pintaram. Será que alguém vai fazer uma pesquisa sobre isso? Se não tem pesquisa não há verdade. E sobre alimentos? Claro, óbvio ululante, que os alimentos passam suas proteínas para o leite materno, mas quem disse que a criança vai ter alguma reação a eles? Onde está a verdade? Por que proibir todos? Como vai saber o que faz mal? É verdade que descendentes de famílias alérgicas serão alérgicos também numa grande proporção. Ai existe pesquisa, percentuais, toda uma metodologia. Mas por que não pode a mãe comer o que gosta? Se houver reações alérgicas numa criança amamentada o bom senso manda que se faça uma investigação dos hábitos alimentares e se faça dieta de exclusão temporária de certos alimentos, aí sim, para ver se há alguma relação. Se na reintrodução o problema volta, pode se chegar a uma conclusão. Cuidado maridos não é confiável dormir com uma “mulher bagaço” e faminta, pois foi você o culpado de tudo certamente. Cuidado mulheres jovens com seus maridos malhados, não fiquem “bagaços” que a concorrência tá de lascar!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

OS CONCURSEIROS Matéria publicada no Diario de Pernambuco

Os concurseiros


FERNANDO AZEVEDO
Recife, sexta-feira, 30 de setembro de 2011



Abaixo a hipocrisia! Dinheiro é necessário, é bom, mas em minha opinião apenas para uma vida digna. Morar com conforto, ser dono do seu cantinho, alimentar-se bem, dar bem-estar e educação de qualidade a seus filhos e ter direito de assistência à saúde. Por que não umas férias e viagem com família e amigos? Mas, para que ter dinheiro demais? Será que leva no caixão feito faraó? Maioria das vezes serve para confusão de herdeiros e no nosso país para pagar seguranças e andar na rua com carros blindados. Estabilidade financeira é bom? É ótimo sobretudo na velhice. E a felicidade psíquica, o equilíbrio mental? Isso não tem preço! Vamos observar então uma cena que tenho assistido com muita frequência na minha vida de pediatra e é esse o motivo para reflexão.

Grande parte do universo estudantil de hoje, sobretudo os da área jurídica já entra na faculdade visando um concurso público federal de preferência. São CDF mesmo e direcionam seus jovens anos de vida aguardando a oportunidade de terem um belo salário pro resto da vida. Muitas vezes passam brilhantemente e os festejos são ruidosos. Ai vem a locação: Boca do Acre, Curiópolis, Raio que o parta, etc. E começa a desorganização psíquica, a fossa, a saudade, a imaturidade para tão grande mudança. Perdem os amigos fraternos, entram os virtuais que não transmitem o calor de um abraço e o mel de um beijo. Se casados a coisa é mais grave. Famílias praticamente desfeitas, filhos sem mais a presença do pai ou da mãe no café da manhã ou, sobretudo em qualquer doença que exige na prescrição colo, e carinho. Avós sobrecarregados em recriar filhos, sem mais disposição para isso e injustamente recrutados para a substituição. O trabalho do transferido decepciona, o rendimento cai, o psiquismo alterado é notado pelos chefes e colegas. Acionamento de políticos, sempre eles, para voltarem para a terrinha, às vezes pedidos conseguidos, às vezes negados. Frustração.

A solidão geralmente os leva ao bar mais próximo. “Muito chope gelado, confissões à beça” e mais um risco: o alcoolismo, porta de entrada para outros convidados. Eu me confesso um provinciano, que se retirado do meu habitat, de dar risadas com os meus amigos, de não vestir uma camisa do Náutico e democraticamente obrigar a todos os descendentes usarem essa farda, morro um pouco a cada dia. Já morei no Rio e lá casei. O Rio e Janeiro era um sonho de juventude, do violão, da bossa nova, da boêmia, que juntaria à Medicina e seria o homem mais feliz do mundo. Não aconteceu. Trouxe um pedaço do Rio comigo. Durmo há 45 anos com uma carioca do Flamengo bairro, não do Flamengo time, mas acordo todo dia e beijo o chão do Espinheiro onde nasci, das Graças onde trabalho e de Casa Forte onde moro. Não sou cidadão do mundo orgulhosamente! Você é?

FERNANDO AZEVEDO
Médico Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A CRISE NA EUROPA

A CRISE NA EUROPA

FERNANDO AZEVEDO

Acho que essa manchete está em todos os jornais, telejornais, nas colunas de jornalistas econômicos etc. Mas chegou também na medicina.  Meditem sobre esses tópicos de um artigo que li recentemente e comparem com nossa situação vocês que são pais e avós.
1.       Com a crise, avós espanhóis sofrem estresse por excesso de responsabilidades com os netos
2.       Alguns avós se sentem angustiados pelo excesso  de trabalho.
3.       Cuidar dos netos pode ser um prazer, mas também um problema. Um relatório espanhol indica que desde o inicio da crise econômica em 2009 o número de avós que passaram a cuidar  dos netos para ajudar o bolso dos filhos aumentou 47% e com isso subiu o nível de estresse dos mais velhos
4.       Diante dos cortes e gastos dos pais com creches, atividades extraescolares e babás, os avós viraram serviços de primeira necessidade. Assim 50% dos maiores de 65 anos na Espanha cuidam dos seus netos diariamente. 45% o fazem toda semana.
5.       Em 1993 apenas 9,5% dos avós cuidavam dos netos
6.       Na Grã Bretanha uma de quatro famílias recorre aos avós pára cuidado das crianças.
7.       Os avós espanhóis não sabem se utilizem na educação os seus critérios ou o dos seus filhos
8.       Reinvidicam seus direitos de serem avós e não educadores
9.       Temem que depois de cuidarem de filhos e netos durante toda a vida, ninguém se preocupe por cuidar deles
10.   Estão aumentando as consultas médicas por estresse e ansiedade segundo as pesquisas da Sociedade Espanhola de Geriatria  e Gerontologia feitas para o Ministério da Saúde.
11.   O Psiquiatra Paulino Castells, uma das maiores autoridades nacionais (Espanha) no assunto com 18 livros publicados acredita que o papel dos avós nos tempos de crise é tão importante que “se fizessem greve o país entraria em colapso”
12.   Está havendo uma mudança hierárquica. Pais que procuram refúgio no lar da infância se transformam em irmãos mais velhos dos seus filhos e isso é um erro.
Esses são os tópicos principais e merecem uma reflexão, Estamos numa situação melhor em minha opinião em relação a “essa crise”. Babás são frutas raras e maioria não presta e por isso os berçários e as escolinhas proliferam. Mas aqui o que vejo é falta de avós, que se agrupam em clubes da terceira idade, viagens ou mesmo trabalho. Os avós fazem muita falta, não como educadores e sim como deseducadores que os netos adoram e se apegam.
Já comprou a plaquinha “NA CASA DE VOVÓ PODE TUDO” ou quer ir morar na Espanha, na Europa, no primeiro mundo?                

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A ESTATURA DAS CRIANÇAS

A ESTATURA DAS CRIANÇAS

FERNANDO AZEVEDO

Há uma preocupação permanente da parte dos pais sobre a estatura do filho. Se essa preocupação já existir na gestação vá abandonando logo o cigarro e a bebida, dois fatores importantes para gerar uma criança de baixo peso e estatura. Algumas doenças podem também ser a causa de modificação na curva de crescimento, sobretudo doenças crônicas, doenças metabólicas, síndromes  etc. O fator principal determinante da estatura final é o genético. Famílias altas tendem a ter os filhos maiores. Filhos de baixinhos vão ter filhos baixinhos também e na mistura pode sair uma criança bem maior que a outra. Que importância tem isso? Essa valorização exagerada do corpo não tem o mínimo sentido. O que interessa é a cabeça, a inteligência, o potencial intelectual de cada criança. Colocá-las para praticar esportes para crescerem é decepcionante. Escolhem-se os altos para goleiros, jogadores de  voleibol ou basquetebol e os pequenos para jóqueis, automobilismo, ginastas. Cada esporte exige um tipo físico. Corredores de maratona obrigatoriamente são magrinhos e pequenos, os de corrida de explosão e alta velocidade são extremamente musculosos. Não obrigue seu filho comer dizendo que “se não comer não cresce” . Outro fato que perturba é na puberdade. Uns crescem logo aos doze anos e outros aos quinze. É o retardo puberal constitucional muito comum. Muitas vezes acompanhamos com exames tipo radiografias do punho ou dosagens hormonais que geralmente são normais. Pensar em usar hormônio do crescimento é absurdo, mas infelizmente se vê por aí, o que arrasa o bolso do pai/mãe e não adianta de nada pois ele só funciona quando realmente há déficit desse hormônio. Prepare então a cabeça da criança e deixe o corpo em segundo plano até porque a cabeça ele vai precisar durante toda sua vida e o corpo belíssimo de algumas  pessoas às vezes não agüenta muito tempo. Fica um caco!

ESTORIAS DE CONSULTÓRIO
Depois de muito sorvete e refrigerante no Parque da Jaqueira, Henrique queria fazer xixi com urgência. E lá vai o pai com ele para o banheiro e abre o zíper, e lá está camisa por dentro da calça, cueca, e nada do pai achar o caminho pra botar a pitoca  do filhote pra fora.
É quando Henrique já desesperado grita:  -Vai pai!
-Me ajude a achar a pitoca Henrique.
-”Já passasse por ela três vezes pai”!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A ARTE NA MEDICINA

A ARTE NA MEDICINA

FERNANDO AZEVEDO

“A arte na medicina às vezes cura, muitas vezes alivia, mas sempre consola” esse é o programa fundado pelo colega Paulo Barreto Campello no Hospital Osvaldo Cruz e que tenho o prazer de ser um dos participantes. Com a música vamos alegrando e descontraindo crianças e adultos que sofrem com a monotonia e a tristeza de uma internação. O programa hoje se estendeu muito e já abrange outras artes no processo de humanização da medicina. Há alguns oito anos atrás, (sou ruim de datas) fizemos na Bahia 2 Congressos e fundamos a Sociedade Brasileira de Medicina e Arte. Gilberto Gil  era o ministro da cultura e como artista e bom baiano facilitou tudo. Hoje os congressos médicos dependem de patrocinadores, e que patrocinadores! Nós não temos nenhum poder para arrecadar e ficou impossível realizá-los. A verba sempre falta para coisas dessa importância. Mantemos no entanto até hoje a Orquestra de Médicos do Recife e somos chamados para fazer abertura de congressos e outros eventos como recentemente no Clube Português em 3 ocasiões festivas. Bota aplauso nisso. Quem quiser contratar é só entrar em contato e ninguém quer ganhar dinheiro. É só curtição mesmo, mas lógico que tem uma taxa para pagarmos estúdio de ensaio, som etc. Há muito tempo atrás tentei ser músicoterapeuta. Assisti a uma sessão na ABBR no Rio de Janeiro e fiquei encantado. A graduação, no entanto era de 4 anos e só havia faculdades no Rio, São Paulo e Paraná. Impossível. Desisti da idéia, mas não de interessar-me pela ciência. A primeira referência sobre a influência da música é bíblica “quando o mau espírito de Deus se apoderava de Saul, David tomava a harpa, a tocava, e Saul se acalmava e sentia-se melhor e o espírito mau afastava-se dele..”. São muito interessantes os estudos sobre isso, mas não pensem que música pode ser aplicada de qualquer forma. Tem que se fazer uma anamnese perfeita para sua aplicação. É uma CIÊNCIA. Da mesma forma que cura pode matar. Seria meu caso se profundamente doente tentassem me recuperar com um disco de Chitãozinho e Chororó. Óbito na hora.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Reprovação escolar e aprovação automática - Matéria publicada no DP,edição de quinta-feira, 24 de março de 2011


Fernando Azevedo 
Médico Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br
Dois encontros num fim de semana me estimularam a escrever esse artigo. No sábado com um querido amigo de infância e juventude, e do basquete do Náutico. Perguntou-me: - Ainda estás trabalhando? E respondi: - Muito. - ´A maior besteira que eu fiz foi não ter me formado. Há 20 anos não faço nada!` dizia-me ele com certa amargura. No dia seguinte, domingo, encontro-me com um querido Professor de matemática ainda de belo porte nos seus 89 anos, mas infelizmente confuso pelo mal do alemão. Devo a esse homem as minhas sofridas aprovações em seguidas segundas época em matemática nos colégios Osvaldo Cruz e Padre Felix, e lembro-me das palavras sinceras sempre ditas à minha mãe. - ´Dona Lulinha ele não sabe nada`. E não sabendo nada ia continuando aos trancos e barrancos. O meu amigo junto com o irmão que era meu maior parceiro em molecagens infanto-juvenis e mais um primo abandonaram os estudos desestimulados pelas reprovações apesar de inteligentes e capazes. Entraram no mercado de trabalho. Eu fui de expulsão em expulsão (garanto que todas por motivos fúteis) até completar seis colégios no meu currículo, chegando ao fim do científico. 

Quando uma moça dizia estar namorando um filho de Dr. Rinaldo Azevedo, perguntavam logo. Qual deles? Eu sofria uma coisa terrível chamada discriminação. Entrando no terceiro ano científico, chegava a hora de decidir minha vida. MEDICINA. Risadas quando tornei pública a decisão. Tranquei-me em casa por um ano, fazendo o Curso Pernambucano pela manhã e estudando a noite no Leão XIII, excelente colégio no curso diurno, e facilitador no curso noturno repleto de adultos, comerciários etc. que queriam voltar aos estudos. Excelente proposta. Entendi que não sabia nada mesmo, mas como querer é poder obtive o sexto lugar entre os aprovados e fui o aluno laureado da turma de 1964 na Faculdade de Ciências Médicas E se fosse reprovado no colégio como meus amigos? O aluno reprovado se desenturmava e era olhado pelos novos colegas como quaseum marginal. 

Quando leio sobre o tema que tem sido tão discutido ultimamente por grandes estudiosos da pedagogia me decido firmemente pela aprovação automática com enorme convicção, pois entendo que cada criança ou adolescente tem seu tempo de maturação. O meu foi tardio. Ninguém é igual. Em toda coletividade existem os certinhos, orgulho familiar, e os dispersos. Hoje tenho certeza que seria enquadrado entre os TDAH e teria tomado quilos de Ritalina. Não, eu era apenas diferente e só gostava das aulas que me eram agradáveis embora nunca tenha desrespeitado um Professor que ainda hoje trato com reverência e muita estima, mas pulava a janela ou era expulso de sala. Música era outra coisa que me deleitava e desde os seis anos tocava piano e poderia ter sido um grande pianista não fossem os preconceitos da época, que piano era pra moça e violão pra boêmio e cachaceiro. Acompanhei meus filhos na vida escolar e nunca vi no colégio um descobridor de talentos, só a rotina irritante de sabedorias inúteis e competitividade extrema. Criança não tem infância. Agora aprendem mandarim. Os Psiquiatras infantis aumentam sua clientela ao verem crianças sem sorriso. 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O ANO DO VESTIBULAR

O ANO DO VESTIBULAR

FERNANDO AZEVEDO

Não gosto de escrever sobre assuntos que não possam ser discutidos. Quando leio artigos cujo título já me da a conclusão não me interesso. É como contar o fim do filme. Sobre educação posso e não posso discutir. Quanto ao poder me sinto em condições pois fui criança e adolescente e hoje sou Pediatra. Quanto ao não poder não tenho formatura em Pedagogia. Mas gosto de ler sobre o assunto. Curioso sem diploma. A educação infantil me deixa preocupado. A pressa que tem as escolas em amadurecerem as crianças me apavora. Recentemente tive a narrativa de uma cliente que é educadora em uma escola conceituada, mas com um conteúdo mais light onde uma mãe após visitar a escola e ouvir propostas decidiu: -Vocês não preparam as crianças para a vida. Muito bem! O que é preparar uma criança para a vida? Será retirá-la do lar para ir para uma creche com 4 meses de idade como é o mundo de hoje? Colocá-la na escola bilíngüe para que domine dois idiomas rapidamente? Ensiná-la o mandarim, pois a China vem por ai ? Agora surge a idéia de ensinar o inglês já na sala de parto. Pensa que é mentira? A criança nasce e já começa a ouvir em inglês. A competição existe em todos os setores dentro do ambiente escolar. Comecei então a ler há algum tempo sobre uma educação infantil que não conhecia. O método Waldorf de ensino. Encantei-me com a proposta e me senti a criança feliz da sala de aula. O método é interessantíssimo. Os resultados em Recife não podemos avaliar ainda, pois o ensino aqui só tem 12 anos mas em São Paulo e no  mundo os alunos Waldorf tem grande performance. A depressão infantil assusta e a causa está no lar e na escola que só pensa nos resultados apresentados nos jornais de Dezembro com seus feras carecas. A criança não tem infância, a juventude é estressada com a escolha precoce de uma profissão em plena imaturidade de sua personalidade. O ano do vestibular então é torturante. Se o conteúdo realmente servisse de base profissional estaria calado, mas em Medicina que é a minha área digo, repito e escrevo : NÃO SERVE PRA NADA. Tem que haver uma modificação para as oportunidades universitárias dos jovens. Medicina é sempre a primeira escolha em todo o Brasil. Por que? Vocês sabem como é a vida de um médico? E da mulher de um médico? Tem certeza que quer casar com um (uma)? .Por que as escolas não proporcionam um convênio com as diversas profissões para que os estudantes durante certo período convivam com esses profissionais? Em todas as áreas! Agora mesmo um cliente meu, estudante brilhante foi aprovado nas três Faculdades de Medicina do Recife e na Unicamp (SP). Escolheu a federal. Não está gostando. Pelo bem que lhe quero, torço para goste ou para que sem nenhum arrependimento desista. Esse será o assunto do meu próximo artigo para o Diário de Pernambuco. CORAGEM DE MUDAR. ( meus artigos são publicados sempre nos últimos dias do mês ou primeiros dias do mês seguinte)

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO

Bruna, aluna Waldorf com 5 anos, chupa dedo 
desde a barriga da mãe. 
Débora fala sério com ela:
-Bruna eu estou com mêdo que você fique dentuça!
De bate pronto recebe
-E eu estou com medo que você fique velha.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A INICIAÇÃO MUSICAL DE UMA CRIANÇA

A INICIAÇÃO MUSICAL DE UMA CRIANÇA

FERNANDO AZEVEDO

Não entendo como há 65 anos, quando tinha 6 anos de idade o Instituto Recife de Eulália Fonseca uma das maiores educadoras que Pernambuco conheceu, nos dava oportunidade na escola primária de cantar todos os hinos (Nacional, da Bandeira, de Pernambuco) nas solenidades dedicadas a esses dias e festas de fim de ano, a escola tinha um coral do qual fazia parte e me enchia de prazer e alegria, tínhamos aulas de artes plásticas que faziam parte de uma exposição anual de trabalho dos alunos, havia o que se pode chamar de grêmio escolar com as funções de Presidente, Secretário, onde aprendíamos a redigir atas, presidir uma sessão, passar telegramas e escrever cartas, ler jornais, fazer visitas a fábrica Pilar, Fratelli Vita para se entender uma indústria. Tínhamos as aulas de ditado e descrição onde se analisava, por exemplo, um quadro e cada um com sua percepção escrevia sobre o que via. Quase todas as casas tinham um piano e minha querida e saudosa Tia Lola foi uma das melhores professoras junto a um bom número de colegas que iam de casa em casa ou recebiam os alunos na sua, para ensino do maravilhoso instrumento e percepção da boa música. Acho o ensino da música fundamental. Não esperando que todos se tornem músicos, mas que apreciem essa arte. Para não falar sem base pedi ao querido amigo Nenéu Liberalquino um dos maiores músicos e violonistas do mundo, com formação em universidade americana a sua colaboração. É  há anos o regente da Banda Sinfônica Cidade do Recife.
“Os cursos de Iniciação Musical oferecidos pelas escolas de música do Município e do Estado são para crianças a partir dos  7 anos, mas há escolas particulares que já trabalham a iniciação musical com crianças a partir dos  5 anos.Esse tipo de iniciação musical trabalha só com pequenos instrumentos de percussão e flauta doce. Instrumentos de sopro como trompete, trombone, trompa, tuba, clarinete, flauta transversa, oboé, fagote, saxofone exigem uma constituição física adequada, por isso as crianças começam a tocar esses instrumentos entre os 8 e 10 anos de idade. O piano, por ser o mais anatômico de todos os instrumentos, pode se iniciar a partir dos 5 anos, geralmente. Já o violão e outros instrumentos de corda (bandolim, cavaquinho etc.) a partir dos 7 anos em geral”
Não vi na educação dos meus filhos nenhum estímulo. Agora com os netos também não. Por que?
Vejam o sucesso da Orquestra Cidadã dos meninos do Coque e outros trabalhos importantes em comunidades, com resultados surpreendentes.  Ouvindo a boa música seu filho jamais escutará “não posso não, minha mulher não deixa não” e outras seboseiras que há anos invade os ouvidos infanto- juvenis.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Náutico x Sport - Porto x Benfica Diário de Pernambuco

Náutico x Sport - Porto x Benfica                                              
Recife, sexta-feira, 28 de outubro de 2011
 
 
Tive a sorte em setembro de 2011 estando em Portugal, de assistir no Estádio do Dragão ao jogo Porto e Benfica pelo campeonato português. Pense numa rivalidade. A arena como se chama hoje é luxo só. Chão brilhante, banheiros de shopping, lanchonetes, entrada através de portões numerados para cadeiras também numeradas. O meu era o 12. Todos os espectadores são revistados por seguranças, inclusive crianças. Polícia por toda parte. No campo a rivalidade, o canto permanente de incentivo e a xingação. Chega a ser divertido. Resultado decepcionante para o Porto: 2 x 2. Acho essa rivalidade fundamental para a existência dos clubes o que não impede uma excelente convivência. Tenho dois compadres rubro-negros. No consultório, uma prateleira cheia de timbus, uma jangada e uma bandeira do glorioso Náutico.

Com isso recebo o troco, e as crianças e pais vão com camisas rubro-negras e com retratos para colocar no meu painel, tornando-o uma federação. Alguns tricolores também estão lá, mas às vezes somos amigos, não tem muita graça. Na minha vida de atleta a rivalidade em campo não impedia a amizade fora dele, amizade que existe até hoje. Isso tem que permanecer!

Deve ser cultivado. A ciência hoje manda que na gestação a mãe e o pai conversem com o feto, coloquem músicas para que sejam estimulados pelos sons e se é assim, que se coloque uma bandeira do clube sobre a barriga, que ouça o hino diariamente e ao nascer, de imediato no berçário já vistam o recém nascido com uma roupa do time da família. A foto é fundamental! Sabe-se que uma pessoa troca de parceiro, moradia, pátria, mas nunca de clube. Então a foto é um documento importantíssimo, pois em qualquer falha de memória estará em mãos a prova contundente. Estive na casa de três famílias portuguesas com benfiquistas e portenses por causa dos casamentos e ai é que começa o desvio de conduta. Namoro de filho deve ser fiscalizado com rigor. Em vez de só se saber a que família o (a) pretendente pertence, deve-se ao mesmo tempo descobrir seu clube, pois os netos podem virar a casaca. O DNA pode ficar alterado, mutações genéticas podem acontecer e genes recessivos passam a ser dominantes.

O Náutico caminha para seus 111 anos. O Sport com 107. O que alimenta essa longevidade é justamente a rivalidade, a competição para fazer o melhor. Os vândalos que se bote na cadeia e que sejam punidos rigorosamente. Os torcedores verdadeiros que cresçam e se multipliquem para que a história permaneça viva. O Náutico deu um passo para o futuro. Trinta anos mais já estão garantidos. Salve nossa nova casa, a arena timbu pronta para em 2014 receber leões e cobras e outros bichos. Lá quebraremos todas as leis de proteção a animais. Vai ser pau neles!

Fernando Azevedo
Médico
fj-azevedo@uol.com.br 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PAPAI NOEL

FERNANDO AZEVEDO


Sem a menor dúvida comercializaram demais o Natal, tanto é que Novembro já começou a mostrar as vitrines natalinas, adiantaram o 13º salário dos funcionários públicos para que comprem logo os presentes e as ruas estão lotadas de consumidores. Papai Noel chegando de varias formas nos shoppings e lá montando seu quartel general para conversar com as crianças. A religiosidade da época, a comemoração de mais um aniversário de Jesus sem a menor dúvida é suplantada pela troca de presentes, e comes e bebes das confraternizações. Natal alegre para uns, tristes para outros ou época indiferente também para uma parcela da população. A conversa é sobre a figura de Papai Noel hoje tão questionado não só pela importação européia do personagem como também pelo fato de iludir uma criança com uma figura irreal. Eu pessoalmente sempre tive uma simpatia enorme pelo velhinho que me deu muitos presentes na minha infância, não em quantidade nem muito menos em qualidade. Eram presentes bestas como uma bola, uma chuteira, mas que me fazia muito feliz.Depois , lá pelos meus sete anos me disseram que Papai Noel era o pai da gente. Não fiquei imbecil por causa disso. Não acredito que essas ilusões tragam prejuízo a ninguém. Vejam bem, não confundir ilusões tais como Papai Noel, e as histórias infantis com mentiras. E não é a ilusão uma mentira? Sim e não. A ilusão é passageira, faz parte do circo da vida, ( outra paixão minha indestrutível) e o hábito de mentir pode ser permanente. A criança não deve ser enganada, pois vai perdendo a  confiança nas pessoas que a cercam. Nunca dizer que uma injeção não vai doer,deve-se mostrar-lhes as dificuldades da vida, os valores morais. Nisso não podemos confundi-las, mas com Papai Noel assumo a responsabilidade de conversar com meus netos e vibro com a alegria do dia 25 todos exibindo seus presentes, contando historias , correndo e brincando felizes. Tive uma montanha de amigos e primos na minha infância hoje todos setentões e garanto que não  tem nenhum chorando porque foi iludido pela existência de Papai Noel. Não acredito nesses traumas. É muita ciência!
 
ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO
Gabriel, rubro-negro ostensivo, me chega ao consultório com febre e cheio de manchinhas vermelhas pelo corpo.
- Gabriel que doença linda, você com essa pele muito branca e as manchinhas são de que cor?
Depois de pensar alguns segundos responde:
- ROXAS.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A CATAPORA OU VARICELA

A CATAPORA OU VARICELA

FERNANDO AZEVEDO

Na semana passada falei sobre a Coqueluche. Outra doença importante em saúde pública é a Varicela. Não existe ainda a vacina nos postos de saúde, mas existe há muito tempo nas clínicas de vacinação. Há certa tendência de pensar que Catapora é doença besta. E algum besta vai fazer vacina pra doença besta? Varicela é uma doença séria. Se pega uma gestante arrasa ela e o recém-nascido com índices altíssimos de óbito. Em lactentes também (primeiro ano de vida) e na adolescência e vida adulta é sempre grave ou pelo menos muito incômoda. Aulas perdidas, vestibulares tão sonhados vão embora nos seus 10 a 15 dias para recuperação além de perdas no trabalho. Quanto custa uma vacina? Muito menos do que você vai pagar por consulta e medicamentos. No momento estamos vivendo um surto de Varicela. Reveja o cartão de vacinação. Ela é feita a partir dos doze meses podendo ser antecipada para nove meses em grande risco de contaminação. Depois se faz uma segunda dose entre 4 e 6 anos. Enquanto o Ministério da Saúde não colocá-la no Programa Nacional de Imunizações a doença não acaba porque não adianta em medicina preventiva proteger apenas um grupo. Faça sua parte e proteja o filhote. Veja hoje o esquema de vacinação feito e se a VARICELA estiver em branco vá direto a uma clínica.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A COQUELUCHE

A COQUELUCHE

FERNANDO AZEVEDO

Quando a gente pede para lactentes até os seis meses de vida ficarem mais guardadinhos, só com vida familiar é sobretudo por causa da temível coqueluche. Uma criança pequena sofre muito com a doença e o perigo de morte é grande. A coqueluche está de volta no mundo inteiro e atingindo adolescentes e adultos  que sobretudo acima dos 30 anos, todos vacinados, apresentam a doença com se fosse uma gripe sem as características típicas da moléstia que é a tosse em acessos de perder o fôlego, olhos lacrimejantes e com um guincho final para poder novamente voltar a respirar. A vacinação contra a doença começa a partir do segundo mês, aos quatro e aos seis. Um ano depois se faz um reforço e entre 4 e 6 anos outro. Doenças infecciosas estão sempre sendo revisadas e agora se propõe uma nova vacinação no adolescente. Temos até atingido um bom nível de vacinados na rede pública através das vacinas rotineiras e das campanhas. Acontece que as vacinas da rede de saúde só podem ser feitas até os seis anos. A partir dessa idade temos que usar outro tipo que só é encontrada na rede privada e ai é que mora o problema. Grande parte da população fica desprotegida na adolescência e assim a doença não acaba no mundo, tem sempre um foco em atividade. Foi lançada agora uma nova vacina que pode ser aplicada em adolescentes, adultos e velhos, ou seja, até o avô pode tomar sem problema. Ela é recomendada para todas as pessoas que lidem com creches, profissionais de saúde como médicos, enfermeiras, babás etc. Ai vem também a dificuldade na conscientização da população e o custo da vacina. Quem é da minha idade teve a doença na infância e com isso estou livre. Então não arrisque, a imunidade transferida pela mãe contra todas as doenças que ela teve ou foi vacinada vai se esgotando a partir do sexto mês de vida do bebê e em relação à coqueluche essa imunidade transferida é menor ainda, pois como disse acima na adolescência os níveis de proteção caem. Tem muita gente tossindo por aí.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ADOLESCENTES NAS ACADEMIAS.

ADOLESCENTES NAS ACADEMIAS.

FERNANDO AZEVEDO
A citação romana “MENS SANA IN CORPORE SANO está derrubada. O culto ao corpo hoje em dia é quase uma obsessão, mas acontece que o excesso de exercício faz mal ao corpo e o uso de JACK 3 D droga da moda está acabando com a cabeça. Então o que se vê é mente doente em corpo doente. Converso muito com adolescentes e forneço trabalhos sobre uso de “suplementos” que vendem livremente nas academias e explico o risco que correm com o uso deles. Não aceitam muito bem, discutem , porque o ambiente da academia faz mais a cabeça deles que as minhas propostas. Conversei  com dois pais que fazem academia e cada dia estão mais fortes e eles usam o Jack 3 D. Um deles me disse que ao tomar uma porção (toma 3 por dia) tem vontade imediata de correr para   a academia e a disposição para os exercícios é total. Disse que o rapaz que morreu recentemente exagerou. Tomou 5 doses. Fui  então olhar a fórmula e lá encontrei Teofilina, droga que usávamos há muitos anos (mais de 40) para tratamento de asma porque provoca bronco dilatação mas com muitos efeitos colaterais e risco de morte. As xantinas da fórmula provocam excitação e existe também derivados de benzodiazepínicos que tornam o usuário um dependente. Tudo que o bandido que vende quer: euforia do usuário pelo aumento falso da resistência aos exercícios e dependência para manter o freguês. Essa fórmula não é permitida pela Vigilância Sanitária do Brasil, mas é vendida pela internet. Não sei se convenci meu cliente de quem fui Pediatra, a parar. Estão usando  também para irem às raves  porque as xantinas deixam a pessoa sem sono e sem fome. Nada mais saudável que praticas esportivas bem conduzidas inclusive nas academias mas cuidado. Se notar que o garoto está ficando muito musculoso em pouco tempo e sem sono, apetite diminuído, tem boi na linha. Graves danos renais também são possíveis pelo excesso de aminoácidos nas fórmulas. Veja também como abordar o assunto, não adianta guerra, mas sentar, conversar e convencer.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LÁ VEM CHEGANDO O VERÃO!

LÁ VEM CHEGANDO O VERÃO!

FERNANDO AZEVEDO

Entramos em Outubro e as praias estão ai a nossa disposição. Aliás, uma coisa interessante nas minhas pesquisas: preferência total da criançada por piscinas. Dá quase 100%. Como no meu tempo só tinham duas piscinas em Recife , uma no Português e outra na Escola de Aprendizes Marinheiros nossa geração usou foi o mar e ainda os rios límpidos e com peixinhos. Era onde aprendíamos a nadar. Nessa época de calor a exposição ao sol deve ser controlada para evitar intermações e insolações comuns nas crianças maiores. Nos bebês e crianças pequenas que usam o sol por pouco tempo é dispensável o protetor solar. Deve-se usar o beneficio dos raios solares matinais ou vespertinos justamente para o aproveitamento da vitamina D necessária para ossos fortes. Na meninada maior vale à pena usar e existem muitas marcas no mercado todas com boa reputação. Seu uso deve  ser renovado se a exposição for maior. Não é fácil tirar menino de piscina e praia, mas ofereça  líquidos com mais freqüência, hidrate bem e faça uma alimentação mais leve com frutas, massas, saladas. Os sintomas de intermação ou insolação são dor de cabeça, vômitos, febre, calafrios afora o desconforto na pele. Nesses casos o tratamento é justamente “resfriar” o corpo, não expondo mais ao sol, usando compressas frias na cabeça, dando banhos e às vezes são necessários remédios contra os vômitos e hidratação venosa se  eles persistirem. Portanto para não voltar do programa mais cedo evite isso, pois desidratação é doença séria, traz um rápido distúrbio metabólico pelo mau funcionamento dos rins e pode ser grave.

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO
Mariana com 5 aninhos ganha uma irmãzinha e depois de um mês com  a mãe amamentando, ocupada o tempo todo com a bebê,  Norma faz a pergunta à filha:
Então Mariana você está feliz com a chegada de sua irmã?
-Não mamãe, minha vida era muito melhor.            

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

OS BICHOS

OS BICHOS

FERNANDO AZEVEDO

A minoria das pessoas detesta bichos. Felizmente é a minoria, porque o benefício que um animal de estimação proporciona a uma criança é incalculável. Vamos ao outro extremo, a velhice: hoje algumas raças estão sendo muito usadas para tratamento de pacientes com mal de Alzheimer. O dar banho, escovar os pelos, traz de volta memórias da infância e uma enorme alegria aos velhinhos. E o cão guia que maravilha! Em muitos hospitais da Europa as crianças são visitadas pelos seus bichos de estimação e se alegram tanto com isso que aceleram seu processo de cura.
Eu tenho uma dívida impagável com os meus. Sempre criei pastores alemães em casa, como amigos e como guardas. Minha casa era conhecida pela “casa dos cachorros” pelos carteiros, motoristas de táxi etc. Foram os bichos que ensinaram aos meus filhos e amigos a reprodução das espécies, o acasalamento, a importância do leite materno, a fidelidade, a amizade e como o investimento nisso vale a pena!
Nunca, em 30 anos, tive um acidente porque não criávamos feras. Quando você escutar um caso que um cachorro agrediu ou até matou seu dono, pode ficar a favor do bicho.
Existem raças excelentes e que você pode escolher conforme more em casa ou apartamento. Essa historia de alergia ao pelo do cachorro não se pode contestar, mas pode se contornar. Tínhamos também o nosso papagaio José que aos primeiros raios de sol começava a gritar Fernaaannndo, Fernaaannndo, para que eu o tirasse da gaiola e tomasse café comigo. Dia de ovo frito então era uma festa, mas adorava também bons queijos, presunto, que realmente são mais gostosos que semente de girassol. Hoje ele está na casa de meu filho, pois não se adaptou a apartamento. Tristeza impressionante. Então reveja suas nóias, crie um cão de estimação, cuide bem dele, não o engaiole, deixe-o livre e você repetirá sempre uma frase antológica: “Quanto mais conheço os homens, mais gosto do meu cachorro”.
PS –
1)      Se o cãozinho que você cria, bem cuidado, vacinado, morder seu filho na brincadeira só lave o ferimento. Nunca ele será portador de raiva. Não precisa vacina na criança.
2)      Os animais de pelo curto são melhores no caso de crianças alérgicas. É mais fácil banhar, escovar e os pelos não se espalham pela casa.
3)      Alimente-o só com ração e se o cãozinho do seu filho também quiser provar nem se preocupe. Nada acontecerá, mas ração é mais cara que Sucrilhos, Neston etc.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ACIDENTES NA INFÂNCIA (3)

ACIDENTES NA INFÂNCIA (3)

FERNANDO AZEVEDO


Ai seus filhos já estão na pré adolescência ou na adolescência. Já estão mais soltos ensaiando os primeiros vôos solo. Novos esportes também surgiram. Os inocentes patinetes tornaram-se skates, as bicicletas não são mais as inocentes bicicletas para passeios, são especiais para bicicross e outras acrobacias. Surgem então os esportes radicais hoje chamados assim e cada vez mais atraindo adolescentes pela enorme divulgação na TV. Motociclismo pratica tão antiga hoje perigosíssima pelas transformações da cidade. Fui lambreteiro e depois tive uma Honda. Um grave acidente me fez repensar que não valia à pena. Fui salvo pelo capacete. Então é sobre isso que devemos focar nossa conversa. A prevenção com equipamentos de segurança. Às vezes a pressão e o modismo é de tal ordem que não da pra segurar a vontade do filho de praticar certos esportes, mas a conscientização dos riscos e praticá-lo com o uso de todas as proteções é fundamental. Nos Estados Unidos analisa-se o biótipo do adolescente e chega à proibição de certas praticas esportiva. Crianças com pescoço muito longo, magros, não se adéqüem ao rúgbi por exemplo. Risco de fratura de pescoço com morte ou quadriplegia definitiva. Os esportes de contato tipo futebol, basquete, voleibol , tênis provocam também lesões de esforço repetitivo (ombro nos nadadores e voleibolistas, cotovelo nos tenistas, pés e joelhos de futebolistas etc.) e a prevenção desses acidentes com exercício especiais são importantes. Quantos atletas não abandonam o esporte precocemente por falta de preparo especial de musculatura e articulações. Tudo isso se encaixa em acidentes. Hoje a bebida está solta, um bar em cada esquina e chega a hora de dirigir automóvel. A propaganda das bebidas “se for dirigir não beba” é perniciosa. O que os fabricantes de bebida querem é “se não estiver dirigindo beba”. Alcool é a droga permitida que mais causa acidentes entre jovens. Brigas, pegas, e com esses shows de quase doze horas de duração não dar pra ir de cara limpa.

É dureza!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PILATES

PILATES

FERNANDO AZEVEDO

Há mais de dois anos pratico o Pilates. Quando fiz a primeira aula questionei a Fisioterapeuta se no curso de especialização ela recebia indicações pára aplicação do método em asmáticos. Resposta negativa. Falei então que tudo que eu estava fazendo era o que um asmático precisava. Como sou curioso mesmo fui ao pai dos burros o Google e digitei: ASMA E PILATES. Encontrei a resposta. Joseph Hubertus Pilates nasceu na Alemanha em 1880. Na infância teve asma, raquitismo, febre reumática. Desde a adolescência estudou anatomia, fisiologia e cinesiologia do corpo humano para melhorar sua qualidade de vida. Em 1912 mudou-se para a Inglaterra ganhando a vida como boxeador, artista circense e treinador de técnicas de defesa pessoal. Durante a primeira guerra mundial foi recolhido a um campo de prisioneiros e passou a dar treinamento aos internos do campo e ai nasceu o método Pilates. Mudou-se depois para Nova York onde fundou sua academia com alunos bailarinos, artistas que precisavam de alta performance física. Criou seus aparelhos e viveu saudavelmente morrendo aos 87 anos.
Baseado nisso consegui que três asmáticos graves que tratava, passassem a fazer os exercícios e os resultados foram ótimos. Pedia a Professora que quando acabasse me avisasse para ir auscultá-los e o exame era sempre bom. Infelizmente todos três abandonaram porque há a cultura sempre do mais fácil. Usar a “bombinha”, fazer nebulizações etc. Fazer uma forcinha ninguém quer.  E conscientizar crianças e adolescentes para o Pilates que não deixa de ser monótono é meio complicado
O paciente com asma tem hoje uma série de medicamentos preventivos  que realmente melhoram muito sua qualidade respiratória. Diferente e muito de quando comecei medicina onde a gente tratava uma crise com péssimos medicamentos e esperava a próxima. Muitos morreram no mundo e morrem até hoje por asma.
As práticas esportivas são muito boas e a natação é tida como a melhor, mas qualquer esporte bem feito melhora muito a função pulmonar, mas isso tem que ser um trabalho conjunto entre médico, professor de Educação Física e o atleta.

Chamo a atenção, no entanto para a maravilha que é o Pilates do qual sou dependente para agüentar a luta diária do senta/levanta/carrega menino. Bola? Tô fora. Já fui um bom atleta e bastam as fotos para lembrar essa época. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ACIDENTES NA INFÂNCIA (1)

ACIDENTES NA INFÂNCIA (1)

FERNANDO AZEVEDO

Podem nem acreditar, mas  em duas semanas tive no consultório 3 casos de quedas de bebês dos bebê conforto que os pais e uma avó carregavam. Tudo porque não ataram o cinto de segurança. Em movimentos involuntários inclinaram o berço e a criança despencou. Onde a criança bate em primeiro lugar? Na cabeça, ai vem a gravidade. Vamos então listar os acidentes mais freqüentes e todos evitáveis em crianças até o primeiro ano.
1.       Queda da cama dos pais- normalmente a criança vira de bruços aos quatro meses de idade e acostumados com o habito de trocar fraldas em cama, você pode deixar por algum momento o bebê para apanhar alguma roupinha, é justo nessa hora que a criança vira e cai. Hoje com essas camas Box a queda ainda é mais grave pela altura delas. NUNCA deixar criança em cama sem grade.
2.       Amamentar o bebê e o deixar dormir na cama entre os pais ou ao lado de um deles. Muitos óbitos por sufocação. O adulto cai em sono profundo e vira sobre a criança.
3.       Queda do trocador – ter tudo à mão na hora do banho, não se virar para apanhar nada, dando as costas para a criança.
4.       Afogamentos nos banhos – jamais deixar a criança só na banheira e sair para apanhar alguma coisa, mesmo que você ache que já está “grandinha”
5.       Bebê conforto – sempre com cinto de segurança e nunca colocá-lo em lugar alto. Sempre no chão ao seu lado
6.       Objetos sempre maiores que a boca. Tudo que a criança pega coloca na boca. É a chamada fase oral, obrigatória e saudável, mas objetos pequenos podem ser causa de sufocação.
7.       Quando começar a engatinhar, ficar de pé e andar, cuidado com escadas, móveis perto de janelas, JAMAIS ENTRAR NA COZINHA. Ponha porta impedindo o acesso.Vasos sanitários sempre com a tampa fechada. O anda já é causa de acidentes graves. Não compre e devolva se receber de presente.
8.       Cuidado com piscinas hoje tão presentes. A Pediatria recomenda natação para bebês a partir dos seis meses, sobretudo para evitar afogamentos, mas não confie que ela sabe nadar. Da tempo somente de retirá-la da água
9.       Viajar em automóvel em segurança hoje é lei. Não descumpra. A desculpa até por e-mails que “no nosso tempo não tinha isso e estamos todos vivos” é irresponsabilidade.
10.   Acidentes com eletricidade- todas as tomadas elétricas devem estar com tampa protetora. Outras fontes de energia também devem ser vigidas como TV, computadores etc.
Depois a gente vai abordar os mais grandinhos.

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO – Estória verdadeira, nome falso.

Hiago criado por adoção, legítimo afrodescendente grau I, estudava numa escola onde só  crianças brancas existiam. Lá pelos dez anos, decidiram mudá-lo de escola, pois já sofria discriminação por apelidos tipo Pelé, Neguinho da Beija Flor. Sensatamente os pais decidiram transferi-lo para um colégio grande e onde existiam  outros negros como ele. Só que a adaptação foi difícil pois o nível era muito mais alto. E tome aula de reforço em todos os horários e já não agüentando mais  Hiago desabafa:
Mãe, isso não é vida de menino, é vida de filho da puta!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

COMEMORAÇÃO DE NASCIMENTOS


COMEMORAÇÃO DE NASCIMENTOS

FERNANDO AZEVEDO

Há muitos anos deixei de estar presente em salas de parto. Quando os hospitais passaram a ter neonatologistas de plantão achei que devia pendurar as chuteiras. Além do mais saber trabalhar com respiradores, nutrição parenteral etc. exige realmente dedicação e presença diária em berçários para saber manusear muito bem esses aparelhos e observar a reação dos bebês a eles. Felizmente apareceu também José Henrique meu aluno no Barão de Lucena e meu Professor hoje. Um nascimento é um momento de grande alegria, mas desde o meu tempo até agora continuam as comemorações festivas dentro dos quartos ou suítes e fico estarrecido com essa prática, pois a mãe está cansada, operada (95% de cesáreas), precisando paz para se recuperar, amamentar com intimidade etc. Garçons servindo salgadinhos e uísque? Não da pra minha cabeça. Já assisti um batizado com padre e tudo e um verdadeiro café da manhã no quarto de um hospital com dezenas de pessoas. Há uma tolerância enorme do próprio hospital em permitir essa prática. Comparando, tenho 3 netos em São Paulo e quando fui para o nascimento só era permitido duas pessoas com a parturiente, havendo troca  de crachás para a substituição.  Se não se chegar a tanto, se chegue a quanto. Deixem que a mãe repouse,  que vá para casa e depois então se faça uma visita com aviso prévio de preferência. Por mais amizade que exista mande os parabéns virtualmente, ela vai saber que estão todos torcendo e festejando a felicidade da família. E você mãe, se preparar lembrancinhas para distribuir com as visitas tá ferrada! Não vai poder se queixar depois. Eu sei que são hábitos da terra e isso é interessante em muitos aspectos para que um mundo não seja uma geléia geral, mas algumas coisas podem ser mudadas.

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO

Pode faltar água no oceano atlântico, mas não falta pirulito no meu consultório além de outras bugigangas disputadas.
Mauricio depois da consulta me pediu um pirulito. O pai para mostrar como se educa um filho falou:
- Como se diz meu filho? Mauricio responde:
- Tem mais tio?
Tem, tem muito mais. De boca de menino e de boca de urna vem muita surpresa.

AOS QUERIDOS CLIENTES E FACEBOOKEIROS


AOS QUERIDOS CLIENTES E FACEBOOKEIROS

Quem me conhece sabe que não sou de viagem. As minhas verdadeiras viagens estão nos meus sonhos e pensamentos, nas minhas amizades, família, casa cheia, outras coisinhas mais. Não conheço quase nada do famoso mundo. Nunca fui a Europa sonho de consumo de todo mundo. Acontece que a partir dos 40 anos de formatura os velhos decidiram fazer viagens. Inicialmente visitando os estados do nordeste onde tínhamos colegas. Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará. Ai Carlos Alberto Soares por conhecer todos os continentes e lugares do mundo inventou essa. Começou por Argentina e Chile, depois cruzeiro pelo Caribe em viagens curtas. Agora Europa. Como faço parte do grupo de organizadores desde o primeiro ano, não fujo a nenhum desses encontros, pois restam poucos dos 42 formandos de 1964. E lá me vou durante todo o mês de Setembro conhecer Paris, fazer um cruzeiro a partir de Veneza , terminando “na santa terrinha” de onde vieram meus antepassados maternos e paternos. Não tiro férias, Paro somente 15 dias em Julho para a manutenção obrigatória do consultório (pintura etc.) e rever minha filha e netos em São Paulo.
Comportem-se bem. Deixo os colegas Emanuel Sarinho e Otelo Ferreira apara atendê-los se necessário e as urgências dos hospitais Santa Joana, Esperança, Memorial e Português. Podem usar meu nome e procurem falar com os dois se não houver vagas para o atendimento. Cristiane tem os telefones no consultório. No Hospital Português para urgências procurem Simone Soares (99768791)
Estarei sempre atento a e-mails. Usem e abusem. Onde houver possibilidade responderei.
Até a volta.
Toda segunda feira o blog PEDIATRIA E ARTE será postado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (PRISÃO DE VENTRE)


A CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (PRISÃO DE VENTRE)

FERNANDO AZEVEDO

Criança alimentada com o leite materno exclusivo até completar os seis meses é o sonho de consumo do Pediatra. Finkelstein um Pediatra alemão dizia “criança alimentada ao peito não adoece e se adoecer não morre”. Grande verdade. As fezes com o leite materno são no primeiro mês muito ralas e freqüentes provocando muitas vezes  pequenas assaduras sobretudo depois da invenção da maravilhosa fralda descartável. No entanto, a partir do segundo mês às vezes o bebê defeca em intervalos maiores chegando a 7 dias sem fazer cocô. Isso não é prisão de ventre nem se deve usar nada. Com leite de lata, qualquer deles, pode haver fezes endurecidas e evacuadas com esforço o que caracteriza a constipação. Se não defecar todo dia as fezes vão se tornando empedradas e ai aumenta o desconforto. Após o sexto mês quando a criança já está com uma dieta mais ampla comendo frutas, carnes, verduras temos que prestar sempre atenção à consistência e umidade das fezes. Qualquer esforço maior e com dor a criança vai retendo as fezes, fazendo cocô  em pé às vezes com enorme desconforto. Vai se instalando também um quadro de megacolon funcional que é um aumento do volume da parte final do intestino e a evacuação torna-se muito dolorosa , às vezes entupindo o sanitário em caso de crianças maiores. Muitas vezes apresenta-se o escape fecal que é o borramento da calcinha ou cueca no esforço de não defecar, confundindo a mãe. Muitas vezes as mães dizem que “isso é de família”, mas constipação não é doença hereditária. Os hábitos alimentares errados da família é que fazem com que muitos apresentem o problema. Sabemos da resistência das crianças a comerem frutas e verduras e muitas vezes o “deixa pra lá e da o leitinho” é a causa. Hoje se entende que um bom funcionamento intestinal é profilaxia para muitas doenças futuras incluindo o câncer. Em crianças maiores, conscientizando-as consegue-se algum resultado embora amigas nutricionistas desistam de trabalhar com elas pela pouca adesão ao que propõem. Crianças menores fazem birra, não comem mesmo, vomitam etc. Temos então que entrar com medicamentos tipo óleo mineral, fibras vegetais, maior hidratação etc. Preste atenção então a esse fato observe a consistência das fezes dos pirralhos e veja se há algum mal estar. Nos maiores, mais independentes o pudor muitas vezes falseia a informação, mas se notar aquele “toletão” vamos cuidar de mudar os hábitos. Quando treinar a criança para fazer cocô no peniquinho? Após estar andando quando tem a liberdade de não sentar e sair quando quiser. Nas maiores quando usar o redutor do assento lembrar sempre de colocar um banquinho para apoio dos pés, pois a criança precisa contrair o abdome para evacuar e com as pernas no ar não consegue. Não force, com o tempo a criança vai se educando.
Em casos severos são necessárias lavagens intestinais em intervalos regulares o que provoca muita briga e necessidade de duas ou mais pessoas para fazê-la ou mesmo ir a hospital pela dor e desconforto.

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO

Manoel (nome falso) estava com seus doze anos e há muito tempo não ia ao consultório. Chegou com essa queixa de constipação, cuecas sempre sujas o que pelo mau cheiro era motivo de bullying escolar etc. Quando examinei a coisa era preta, um grande fecaloma e muitos dias sem defecar. Investiguei com um enema opaco (exame radiológico) e lá estava um megacolon daqueles. Iniciei tratamento com laxativos e tinha que fazer lavagens freqüentes pela seriedade do caso. Certo dia ele já de saco cheio pergunta pra mãe:
-Mãe Tio Fernando ta me tratando ou ME TREINANDO PRA FRANGO?