segunda-feira, 30 de maio de 2011

A FAMOSA CÓLICA NA CRIANÇA PEQUENA

A FAMOSA CÓLICA NA CRIANÇA PEQUENA

FERNANDO AZEVEDO

Qual o melhor remédio para a cólica? O TEMPO. Diz-se em medicina que quando existem muitos tratamentos para uma doença, é porque nenhum presta. A controvertida causa da cólica na criança, discutida por diversas autoridades em gastroenterologia pediátrica continua sem uma conclusão. E o que é a cólica verdadeira? É aquela que acontece a partir da terceira semana de vida e obedece a chamada regra de 3. Acontece 3 vezes por semana, geralmente por 30 minutos e até os 3 meses. O bebê sofre dor, fica vermelhinho, chora continuamente, flexiona as perninhas e, sobretudo os marinheiros de primeira viagem endoidam. Isso geralmente é no fim da tarde. Depois da tempestade vem a bonança, a criança acalma. Aí vêm os conselhos: chá de erva doce, camomila, Luftal, funxicória, Tylenol e nada funciona. O mais moderno é se dar um pouco de água açucarada (açúcar comum).  A luta pela amamentação que tantas gerações de Pediatras tentaram (os nossos professores) e que foi conseguida com ótimos índices na minha geração, infelizmente está declinando e tenho visto receita de neonatologistas já prescrevendo complementos com leite de fórmula na alta do recém nascido. LAMENTÁVEL. A proteína do leite de vaca pode ser uma importante causa de desconforto digestivo no lactente. Também proibir a mãe de tomar leite e derivados durante a amamentação se reduz a raríssimos casos na Pediatria. Aliás, a mãe tem sido reduzida a um “bagaço” depois do parto. Não pode comer, quase tudo é proibido, não pode pintar o cabelo, não pode... e ai o estresse aumenta e o leite materno diminui. Costumo dizer que o primeiro mês é realmente muito trabalhoso pela expectativa do parto, pelo parto absurdamente cesariano em mais de 95% dos casos com recuperação muito mais lenta além dos perigos de indicação em má hora e infecções, pelo fato da criança ainda não diferenciar dia e noite. Aconselho o máximo repouso nesse mês. Deixa a casa pra lá, vá descansar e quem puder ajudar ajude passando as roupinhas da criança, arrumando a casa, fazendo s compras e felizmente hoje sem o machismo do meu tempo, bote o papai pra trabalhar trocando fraldas e colaborando ao máximo. A partir do segundo mês as coisas vão se organizando. No terceiro as cólicas desaparecem e tudo entra em lua de mel. Mas não pense que o sossego acabou. Depois a gente fala do SONO. Casou por quê?

26.5.2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A FEBRE NA CRIANÇA


FERNANDO AZEVEDO

Um dos telefonemas mais freqüentes para o Pediatra é sobre o filho que está com febre e geralmente telefonemas aflitos.  Vamos comparar:  faz de conta que você está no seu carrão e de repente uma luz vermelha e um alarme aparecem  no painel. Pare o carro e verifique onde está o defeito. A febre na criança é também um aviso dado pelo cérebro, que em algum lugar do organismo está havendo problema. A febre não faz mal, é uma amiga. Não precisa essa tentativa de abaixá-la com excesso de antitérmicos , e terríveis banhos frios, ventiladores, ar refrigerado, álcool. Nos seis primeiros meses de vida e mais ainda nos três primeiros, a criança deve ser examinada imediatamente, talvez fazer exames complementares ou até internações para esclarecimento diagnostico. A partir dos seis meses a imunidade transferida pela mãe na gestação, pelo sangue, e depois do nascimento pela amamentação, vai se esgotando e  o bebê começa a ativar seu sistema imunológico ao entrar em contato com o meio ambiente. O importante em qualquer quadro febril é observar  o ESTADO GERAL da criança. Se ao ficar sem febre ela fica alegre, come, tranqüiliza bastante. São muito comuns nessa idade infecções respiratórias altas sempre causadas por vírus e que duram 3 a 4 dias. Em algumas delas segue-se o aparecimento de manchinhas vermelhas pela pele. O uso contínuo de antitérmicos sem um diagnóstico  muitas vezes traz  modificações na evolução das doenças. Deve ser usado sim, em temperaturas superiores a 38 e se houver mal estar. Se a criança está esperta, é dispensável. O apetite geralmente cai e não se deve forçar alimentação. Oferecer líquidos em geral é importante para manter a criança hidratada. Se houver calafrios é necessário  ser examinada a não ser que tenham sido provocados pelos banhos frios muitas vezes dados. Algumas crianças tem CONVULSÃO FEBRIL. Geralmente existem casos nas famílias. É um quadro feio mas felizmente rápido e sem nenhuma conseqüência, daí ser chamada convulsão febril benigna. A atitude dos adultos em querer uma imediata assistência saindo a dirigir um carro loucamente a procura de  um hospital é que pode trazer acidentes graves. Nada via oral deve ser dado, não precisa puxar língua, fazer respiração boca a boca e esses procedimentos intempestivos.  Tudo passa em minutos. Essas crianças a partir da primeira convulsão devem  tomar antitérmicos a partir de 37,5 e associar também uma medicação anticonvulsiva durante todo o período febril. Tenha calma nessas ocasiões embora entenda-se ser difícil. Voltando ao painel do carro, procure onde está o defeito que provocou o aviso. Não desligue os fios para a luz não acender.

30.4.2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

QUE PAÍS É ESSE?

QUE PAÍS É ESSE?

FERNANDO AZEVEDO

Como ponta pé inicial, nenhuma conotação político partidária pelo amor de Deus. Não se discute política, religião e futebol. O que quero abordar é o abandono da criança na sua formação e isso está cada dia mais gritante em todas as regiões do Brasil e mais forte no norte-nordeste. Sabe-se que o adulto é a criança de SEIS ANOS. São estudos científicos não é invenção nem opinião. Onde estão as vocações pedagógicas? Desapareceram. Onde estão os Pediatras? Sumiram. Estão sendo procurados pelos jornais e ninguém acha. Tenho uma filha professora de educação infantil em São Paulo e digo a ela que nós dois somos os formadores de um país. Se não há forte investimento na educação infantil, na criança até os seis anos, temos grande chance de perder esse cidadão. Se não se alimenta bem uma criança até os dois anos de idade o cérebro sofre. A visão hoje está na futura estabilidade financeira, na competição desenfreada, mas será essa a felicidade?  Hoje não se pode mais cantar NORMALISTA. “Vestida de azul e branco, trazendo o sorriso franco no rostinho encantador e finalizando com “mas a linda normalista não pode casar ainda , só depois que se formar, eu estou apaixonado e o pai da moça zangado, o remédio é esperar” Como a Professora era consagrada na sociedade e o salário nunca foi alto. Na Pediatria somos os mais pobres médicos, não tem pediatra na coluna social já repararam? Mas será que é necessário ter tanto dinheiro? Quatro faculdades de Medicina em Pernambuco e essa tristeza de residências vazias. Viva o dinheiro! Prefiro no entanto o sorriso de uma criança.
“ A sorrir eu pretendo levar a vida/pois chorando eu vi a mocidade perdida” (CARTOLA)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O PORQUÊ DO BLOG PEDIATRIA E ARTE

Numa conversa com Jorge Moraes e Flavia surgiu a idéia do blog. Há muito tempo faço parte da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, regional Pernambuco, mas o trabalho foi me envolvendo cada vez mais e o dia de reunião, segunda feira de manhã tornou impossível  minha presença na tão agradável reunião onde muito aprendia. Vocês sabem muito bem que criança adoece no weekend.  Tentei escrever um livro diferente, não um livro de medicina como todos os outros mas de aconselhamentos, de vivências profissionais entremeado com estórias infantis, arte etc. Não consegui vender a idéia e a conta bancária não dava para bancar. Além disso, não conseguiria resistir a uma noite de autógrafos ou vender sequer um exemplar . Jorge me facilitou as coisas. Escrevi um artigo para o Diário de Pernambuco e o tema foi muito bem aceito, depois outro com muitos comentários por e-mail e nas cartas de leitores. Gosto de assuntos controversos, provocantes, discutíveis e fui convidado a escrever uma vez por mês um artigo para o jornal sempre após o dia 20. Alguns assuntos, no entanto não são jornalísticos mas cabem muito bem no tal do blog misturado ao facebook. Achei o caminho. Achei não, me ensinaram e aqui fica o agradecimento a Jorge e Flavinha e a meu filho postiço Helio Beltrão maior craque de internet que já vi.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

COISAS QUE A GENTE NÃO ESPERA

COISAS QUE A GENTE NÃO ESPERA
FERNANDO AZEVEDO

Talvez a mais conceituada revista médica pediátrica seja o PEDIATRICS, editado pela  Sociedade Americana de Pediatria. Existem discordâncias sobre esse assunto, como em tudo na vida. Já dizia Nelson Rodrigues: a unanimidade é burra. Exatamente ontem (8/5/11 – viva a internet) foi publicado um artigo cujo nome é DEPRESSÃO FACEBOOK. Como disse acima há discordâncias, mas achei interessante referir para vocês. As crianças, adolescentes, sobretudo ao se inscreverem no face book ficam observando os companheiros do site com fotografias bonitas, grupos, passeios etc. além de um número acentuado de amigos e como não tem o mesmo perfil, entram em depressão ao não serem aceitos, por não terem  um aumento nos seus registros de companheiros  ou mesmo não serem bonitos. Alguns pesquisadores discordam e acham que é apenas uma extensão de uma depressão pré-existente. “Pode ser mais doloroso do que sentir-se sozinho na lanchonete da escola lotada ou em outras situações da vida real.”
Alguns adolescentes e acham que o face book realmente é um “concurso de popularidade”e se você realmente não tem muitos amigos e se depara com atualizações de outras pessoas, de status e fotos com amigos, pode ficaar chateado.
O face book hoje é considerado a “loja da esquina”
A bola está levantada. Opinem, é interessante o assunto.
O gostoso da medicina é que as patologias surgem continuamente e não existe esse negócio de médico atualizado. As informações hoje em dia são abundantes e as verdades são sempre transitórias. Temos que ter o habito de ler o mais possível para que se possa realmente ficar “atualizado”.