terça-feira, 27 de junho de 2017

AS FESTAS JUNINAS E A “IMPORTAÇÃO” DE ARTYISTAS



FERNANDO AZEVEDO

Li vários relatos no Facebook dos próprios artistas prejudicados e de internautas sobre a invasão do nosso território junino por artistas que nada tem a ver com os nossos festejos. A lesão é dupla: em primeiro lugar nós temos um celeiro de grandes talentos que atuam em pequenos ou grupos maiores que da para fazer um mês inteiro de palco sem repetição de estilos. A lesão maior é a formação de uma geração alienada que prefere os safadões aos gonzagões. A culpa única e exclusiva é da prefeitura de cada cidade que promove festas juninas, pois contratam artistas por um preço alto ou altíssimo esgotando a verba para pagar os nossos que ficam meses sem receber o seu cachê suado, quando recebem. Ah! Por que não se rebelam e se negam a trabalhar? Fazem isso porque precisam dos nossos palcos e têm direito a eles e se negarem as exigências e o calote aí é que se queimam mesmo e perdem a vez. Não há dívida que tem maracutaia com empresários como já foi fartamente demonstrado. A abertura do carnaval do Recife com o espetáculo magistral de maracatus comandados por Naná Vasconcelos tinha em seguida a abertura oficial com Marisa Monte, Elza Soares, Maria Betânia. Ora pelo amor de Deus, com todo respeito e admiração que tenho por esses cantores qual a razão deles tomarem o lugar dos nossos?  Claro que tem toma lá da- cá. Estamos em Junho e conversei recentemente com um dos maiores talentos musicais do mundo, um grande artista recifense, que ainda não recebeu o cachê do carnaval. Durante a pífia administração atual, não houve mais o Concurso de Músicas Carnavalescas que é de lei. Tem que haver. E assim não se revelam novos compositores e não se renova o repertório. As festas juninas tem um período ainda maior de duração sendo Caruaru seguido de Gravatá recentemente, o maior polo de atrações. Não duvide que com a quantidade de programas de gastronomia na televisão em breve queiram importar “chefs” para substituir nossa canjica, pamonha e pé de moleque por hamburgers e substituírem os tabuleiros e barracas por food truckers. Chega! Quem quiser ouvir safadões e sertanejos aguardem outra época e apresentações de capital privado, mas não com dinheiro do nosso IPTU e outras taxas e taxas. Empresário cobre o que quiser e quem gostar que vá, mas a praça é do povo e os patrocinadores dessas festas não podem querer mudar nossas tradições.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

UM BRASIL PASSADO A LIMPO


FERNANDO AZEVEDO

O nome do blog PEDIATRIA E ARTE destina-se a falar principalmente sobre esses dois temas. A arte, no entanto é uma coisa muito ampla, infinita mesmo e abordo hoje a ARTE DE VOTAR. Para os cabeças preta posso dizer que evoluímos. A época das urnas já prontas acabou por exemplo. O famoso voto de curral onde as cédulas eram dadas aos eleitores na hora da votação, a compra deslavada de votos ficou para trás. Comenta-se hoje fraude nas urnas eletrônicas e elas podem existir mesmo, mas acredito que não haja tanta importância no resultado final. Nesse oceano de lama quem sobra? Deveria sobrar o poder judiciário, mas estamos assistindo o triste espetáculo de ministros que já ganham uma fortuna terem cursos paralelos, esposas em escritórios de destaque para defesa de criminosos de gravata, juízes nomeados pelo Presidente da República que claro ficam a dever favores. O poder executivo e legislativo ficou tão corrupto que os bons políticos, os bons homens públicos e conheci muitos aqui e alhures, dele se afastaram para dar lugar a essa corja que vai ocupando tudo, de municípios paupérrimos a estados mais afortunados. Todo nosso patrimônio sendo surrupiado. Nosso dinheiro não cai mais nas mãos dos velhos aposentados ou põe comida na boca das crianças e lhes retira o lápis e o caderno, num plano diabólico de não permitir que se informem que se aperfeiçoem em conhecimentos que possam colaborar para o crescimento de uma cidadezinha ou de uma nação. A nossa responsabilidade é enorme nas próximas eleições. A internet nos da a oportunidade de expulsarmos esses salafrários através de grupos de pesquisa de idoneidade dos candidatos. Eles já sofrem a hostilidade popular e não gozam mais a liberdade de andar pelas ruas ou frequentarem um restaurante por exemplo. Estão presos mesmo sem cadeia ou tornozeleiras e precisam agora do abandono e esse abandonado jamais receberá adoção. Como sou uma pessoa de fé e que amo minha pátria desde o mais pobre rincão, sem nenhuma obrigação de votar mais pela idade que alcancei, vou até numa ambulância do SAMU eleger pessoas dignas e lutar para a expulsão dos ladrões do Brasil. Temos um ano e meio pela frente e essa campanha precisa começar logo selecionando os inaceitáveis em cada município, estados e região. Fiscalizar os poderes legislativo e executivo com rigor e torcer para que copiem no judiciário o exemplo do maior juiz de todos os tempos: o inatacável Dr. Sergio Moro que no Brasil e no exterior recebe as homenagens e a esperança de dias melhores para esse povo brasileiro sofrido e explorado, mas capaz de como Fenix, ressurgir das cinzas que servirão de adubo para novas gerações.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS



FERNANDO AZEVEDO

O nome do meu blog PEDIATRIA E ARTE foi inspirado na paixão que nutro pelas duas coisas. Atender crianças praticamente 24 horas por dia desde que nasceu o i-phone e o zap não me cansa, e ao contrário me entusiasma a ler e estudar mais. A arte também é outra atividade que admiro muito, sobretudo a música (não a atual em todo o mundo), mas o artesanato seja ele qual for, o artista malabarista que se apresenta no sinal fechado, a pintura e por ai vai. A arte é aquilo que lhe emociona, tudo que lhe faz bem, o que o deixa de boca aberta imaginando como se conseguiu realiza-la Fui ao Rio de Janeiro mais uma vez e somente por um fim de semana. Fui conhecer então o MUSEU DO AMANHÃ. Fiquei encantado com a recuperação de todo o entorno da Praça Mauá, local que frequentei bastante, pois fiz residência médica no Hospital dos Servidores do Estado bem próximo a ela. Era uma área desde os anos 60, degradada e violenta. Recebíamos o conselho ao chegar, para nas folgas andar sempre com o jaleco do hospital por mais segurança. Mais voltemos ao Museu Do Amanhã. Não me tocou. Continuo sem gostar do “futurismo”, da arte contemporânea, da arte abstrata e por ai vai. Nada me diz. Tirando a Catedral com sua forma e maravilhosos vitrais, Brasília não me diz nada, enquanto o Pelourinho e o Recife Antigo não canso de olhar. O Theatro Municipal, A Biblioteca Nacional, faziam da Avenida Rio Branco uma Paris. Em nome do futuro foi quase tudo abaixo e até o Senado, o Palácio de Monroe foi demolido. Obras de arte trocadas por edifícios sem a menor beleza. Vem então minha admiração quando viajo à Europa e ando pelas ruas de todos os países que visito.  Arte em toda parte. Cidades destruídas foram recompostas em parceria com a modernização que vai se tornando necessária, sobretudo na área de locomoção. Estão lá as lindas praças e galerias, bondes, etc. e aí concluo que realmente o meu museu é o do passado. Defino mesmo que “nasci há dez mil anos atrás” sem a pretensão de Raul Seixas ao dizer na frase seguinte “e não há nada nesse mundo que eu não saiba de mais”. Nisso tenho a convicção que cada dia sei menos e que a vida é um aprendizado diário e que por mais títulos que se tenha, não se sai do menino do Jardim de Infância na vida.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

DIA DAS AVÓS



FERNANDO AZEVEDO

Minha irmã Maria Luiza assim como eu tem netos em São Paulo. Viajou semana passada para a comemoração do DIA DAS AVÓS (avôs foram discriminados o que mostra a força do feminismo). Uma ideia interessante que ainda não vi nos colégios daqui. O neto assina uma carta padrão: “Querida vovó e já na primeira página cita que estamos trabalhando um livro que se chama OS GUADADOS DA VOVÓ. Aí ficamos curiosos para saber como era na sua época. Como era a escola na sua época de criança? Você aprendia como a gente? Usava mochila? As brincadeiras e brinquedos eram iguais aos nossos? Você morava numa casa igual a minha? Era campo ou cidade? Você se vestia como nós? E quando ia à praia? As viagens eram de avião? Qual era a sua comida favorita Quais eram os desenhos que havia na sua época? Tinha Peppa Pig e Lazy Town? Os shoppings eram modernos e com muitas lojas como hoje em dia? Hoje levamos bronca e ficamos sem assistir TV quando nos comportamos mal. Como era na sua época? Que tipo de passeios eram feitos? Iam a zoológicos? Nos aniversários tinham monitores para fazer brincadeiras? Eram temáticos? Realizados em buffets? Como eram os bolos? Além de responder a carta você poderia mandar fotos de sua época?”.
Como eu gostaria de me vestir de avó nessa escola e responder: Na minha escola o meu curso primário onde você está era ótimo, porque era lúdico e com o conteúdo necessário. Entrei nela entre os cinco e seis anos e brinquei muito nos quintais do meu bairro. Tinha cachorro, galinha, pato, passarinhos soltos a comer frutas que amadureciam. Quando fui para a escola já estava formado em “ser criança” e lá fiz pós-graduação. Não, não aprendia como você e nem tinha mochila porque naquele tempo já se sabia que uma criança carregar uma mochila pesada de inutilidades não servia pra nada. As brincadeiras e brinquedos também não eram parecidos. Brincava-se de se esconder, de “bandido e mocinho”, barra bandeira, de pega e voltávamos imundos para casa, mas felizes da vida. Inventavam-se brinquedos. Bola de meia, carrinhos de latas de doce etc. Felizmente não morava numa casa igual à sua pois não haviam apartamentos e os vizinhos que hoje não se conhecem, colocavam cadeiras na calçada para conversar.Também não me vestia como você pois as famílias tinham costureiras que faziam nossas roupas. Apenas compravam-se os panos. Quando ia à praia era uma delícia, pois naquele tempo não se tinha medo do sol, nosso astro rei. Nossos ossos são mais fortes por esse motivo. Lá é que aprendíamos a nadar e não haviam piscinas nem escolas de natação. Era perigoso, confesso. Raramente  a gente viajava, Quase ninguém tinha carro e usávamos os trens e ônibus para ir  a cidades do interior. Viagens mais longas eram de vapor que hoje chamam de navio. Nossa comida favorita? A que vinha pra mesa, feita pela nossa mãe ou geralmente cozinheiras que moravam com a gente. Peppa pig? Essa eu não sei responder. Nossos erros eram punidos maioria e grande maioria das vezes com chineladas e ou cinturãozadas, lembranças tristes Conversar e aconselhar e punir com privação do que você mais gosta é mais sensato. Não havia televisão ainda. Shoppings? Não, não havia, mas tinham as ruas de comércio e as vendas para comprar fiado na caderneta. Seu Brito tinha tudo. Passeávamos para visitar os parentes, viver com os primos que naquele tempo eram irmãos. Aniversários temáticos e repetitivos como hoje jamais. Todo aniversário era diferente e não havia buffets. Ou fazíamos na nossa casa ou em alguma casa “emprestada” como foi a minha como pai e avô. Tudo era feito nela até os três casamentos dos meus filhos. Os bolos eram feitos em casa também, não só eles mas tudo que se comia .
Não mando fotos porque naquele tempo raras pessoas tinham máquinas fotográficas mas acho que as poucas que vou mandar vão provocar muita inveja.As fotos eram reveladas e faziam-se os álbuns. Fui muito mais pobre que você meu neto, mas juro que muito mais feliz e não se sabia o que eram psicólogos no meu tempo.