segunda-feira, 27 de maio de 2013

HELIOFOBIA

FERNANDO AZEVEDO


Uma vez perguntei a um francês casado com uma colega minha: - Por que Recife, se você tem Paris? E ele me respondeu na bucha: - Pelo sol Fernando, você não sabe o que é isso! Joguei basquete de veteranos com um americano de quem fiquei muito amigo e ele morava em Winsconsin. Ele contava que marcava no calendário a contagem regressiva da mudança das estações até ver o sol. Por aqui ficou por anos e por problema do visto, teve que voltar, mas foi para a Flórida.  Há muitos anos estou impressionado com a heliofobia, ou seja, o medo e o horror ao sol entre os jovens pais e crianças. Protetores solares em toda a pele, camisas agora que impedem a penetração dos raios, chapéus. Não sou ignorante para não saber dos efeitos negativos do sol excessivo e, sobretudo em certos horários, mas o sol traz um benefício incalculável a crianças e velhos e isso não pode nem deve ser desprezado. Tom Jobim em Janelas abertas maravilhosa musica gravada por Elizeth Cardoso diz “Mas quero as janelas abrir,/para que o sol possa vir/iluminar nosso amor/. O sol traz vida e alegria, otimismo e energia e deve ser desfrutado e não evitado. Volto a dizer que passou o tempo do “doura-se ao sol”, mas não precisa esse culto à sombra, propaganda enganosa de um indústria riquíssima de cosméticos e vestuário. E a lua que também ninguém quase cultua? Quantas serenatas ao luar eu fiz nas areias de Boa Viagem, mas que hoje podem ser feitas no topo de um edifício. Qualquer dia invento uma onde estou morando. “E a lua furando nosso zinco/salpicava de estrelas nosso chão/tu pisavas nos astros distraída/sem saber que a ventura dessa vida/ é a cabrocha o luar e o violão (Orestes Barbosa e Silvio Caldas) Tudo aos astros.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

MEDICINA: A CIÊNCIA NÃO EXATA


FERNANDO AZEVEDO

Confesso que hoje jamais conseguiria passar num vestibular de medicina. Adoro ler e meditar sobre textos, gosto de escrever e num papo perco a hora. Nos tempos de mesa de bar que exercitei com competência, tomava susto com a chegada do sol. Meu pai extremamente rigoroso dava as ordens: “Chegue cedo”. E eu cumpria com o maior respeito. Lá pras sete da manhã depois de uma papa no mercado de São José ou um filé na Cantina Star, uma pizza no Dom Jesus na Conde da Boa Vista. Até hoje aos quase 73 anos não sei para que serve a raiz quadrada ou cúbica, o teorema de Pitágoras e a trigonometria. Desafio qualquer especialista em vestibular a provar que esses conhecimentos exigidos para admissão numa faculdade humana como deve ser a Medicina sejam necessários. O fera aprovado em primeiro lugar pode ser um desastre como médico. Querem, no entanto alguns colegas passar o padrão EXATO para nossa profissão. E lá vão alguns exemplos: menino asmático não pode ter cachorro. Porque não pode? E é assim? E o benefício que um cãozinho traz para uma criança não é levado em conta para seu psiquismo, respeito ecológico, doação, preparação para a vida paterno-materna ao cuidar do seu bichinho levando-o para passeios, dando banho, levando ao veterinário ou mesmo chorando sua morte. Nada disso tem valor? Outra afirmativa EXATA: se não usar protetor solar vai ter MELANOMA. Tá com a gota! Não perceberam ainda que a indústria adora essas coisas? Será que todas as crianças pobres, pescadores e agricultores vão morrer assim? Não quero ir contra o “prevenir é melhor que remediar” até porque sou um defensor da prevenção, mas há um exagero e bota exagero nisso. Vou ficar nesses dois exemplos para não ficar enfadonho, mas a generalização é perigosa e tem muito dinheiro atrás dessas “verdades”. E menino que da golfada ta doente? Vôte!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O BODE GAIATO



FERNANDO AZEVEDO


 Finalmente apareceu quem eu queria conhecer, o autor do Bode Gaiato. Recifense, morando em Caruaru e estudando em Campina Grande. Ele me diverte, mas o importante é que ele está resgatando um linguajar autêntico do povo nordestino, assim como seus hábitos sociais e de educação. A pasteurização global do Brasil está extinguindo essa gostosa diferença que existe entre nós. Já me disseram que a Globo tem fonoaudiólogos para corrigir o sotaque de quem é mais “carregado”. Acho uma delícia identificar o alagoano. Basta pedir para contar que quando chega ao oito ele diz otcho. O gaucho com seu tchê e ba, o baiano porreta, retado e meu rei, o indisfarçável carioca, o paulista com sua porrrrrrta, o minerim com seu trem e por ai vai. Pernambuco com seu armaria, vige e ino em vez de indo. Quando assistimos um telejornal e saem chamando os repórteres de todo o Brasil a fonoaudióloga corrigiu tudo. Também me disseram que tem cabeleireiros credenciados para que os cortes sejam iguais. Aí eu vibro com o bode, que mantém os nosso linguajar como ele é, pois não se pode apagar essa memória num pais continental. Isso é arte falada assim como J. Borges é arte desenhada e Vitalino arte moldada no barro. Ele é o Sábado em 30 de Luiz Marinho no teatro.  Na reportagem observa-se que pelo facebook  milhares de brasileiros estão curtindo e compartilhando e com essa participação podem  estar contribuindo para diminuir o bullying pois o bode é um sucesso, inimaginável pelo seu autor. Pode colaborar para que o respeito às diferenças seja mais aceito. O Junin pode ser tese sociológica.  Tô INO embora, parando essa escrivinhação, orgulhoso de ser nordestino e lamentando não ter muito sotaque.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

ACNE


FERNANDO AZEVEDO

Acne é um problema extremamente comum na adolescência. Ela existe também no recém-nascido, mas é autolimitada e raramente precisa intervenção. Na adolescência, no entanto merece respeito e acontece pelas transformações hormonais próprias da idade. A produção das glândulas sebáceas aumenta e se não há a drenagem delas para a superfície da pele, vão se formando os comedões que facilmente infectam, dando um aspecto desagradável ao rosto e também ao tronco, sendo muito comum no peito e nas costas. O problema será somente o da saúde orgânica? Não. O psiquismo do adolescente sente mais que o corpo. Se já é comum o adolescente procurar defeitos em seu aspecto ora reclamando do nariz, dos cabelos etc. imagine um fato objetivo como as lesões na pele “que estão na cara” e todo mundo vendo. A intensidade é variável e as formas mais intensas devem ser cuidadas com acompanhamento rigoroso por dermatologistas. Hoje temos boas drogas e procedimentos para uso local como retinoides e antibióticos além de outros tratamento locais, sabonetes, esfoliações. Em casos mais sérios outro medicamento se soma ao arsenal como a isotretinoina com nome comercial de Roacutan por via oral. É uma droga ativa, com bons resultados, mas não pode ser usada sem um acompanhamento, pois alguns efeitos colaterais acontecem sendo destinada realmente aos casos graves. Atua suprimindo a atividade e diminuição do tamanho das glândulas produtoras do sebo. Grave risco se uma adolescente engravida, alterações no psiquismo, depressões, diminuição da visão noturna para os que já dirigem e nem pensar numa birita. Como a automedicação é um fato incontrolável fiquem atentos a isso. Acne é igual a acompanhamento médico, exames de controle e avaliação do tempo de uso. Não fazendo assim pode dar tudo errado.