terça-feira, 28 de junho de 2016

SAFADÕES E SAFADEZAS

FERNANDO AZEVEDO

SAFADÕES E SAFADEZAS

Tenho duas carteiras profissionais, a de Médico e a de Músico. Não sei de qual das duas me

orgulho mais. Da empate. Na minha atividade de Médico sou remunerado pelos que podem e

atendo gratuitamente uma porção dos que não podem. Acho o Franciscanismo uma obrigação,

mas tenho contas a pagar a não franciscanos como os supermercados, bancos, postos de

gasolina, seguro saúde etc. Como Músico também sou profissional e franciscano. Franciscano

para entidades beneficentes como o NAAC para quem produzi cinco shows no duro início

dessa entidade, contando com a colaboração de muitos colegas da música que vestiram a

camisa da beneficência.Colaborei também com o IMIP, Hospital Oswaldo Cruz, Festa da

Vitória Régia e outros. Para cantar no Festival Nacional da Seresta quero no entanto o meu

cachê já no camarim e o produtor Roberval que é o mesmo artista cantor Daniel Bueno está lá

com o cheque. Isso se chama responsabilidade e correção. Estou sabendo que o Carnaval da

Prefeitura ainda não foi pago. Estou sabendo que a Paixão de Cristo de José Pimentel ainda

não foi paga. O que é isso minha gente? Os artistas trabalharam e muito! Quando eles estão

no palco eles ensaiaram muitas vezes, desgastam-se- , corrigiram todos os erros para oferecer

ao público o melhor deles, sua arte. Uma vez me chamaram para iniciar um programa de

Serenatas em Olinda junto a Claudio Almeida. Aceitei o convite na hora e treinamos bastante

para fazer uma boa apresentação e foi muito bonita mesmo. Ao fim perguntei sobre o

pagamento. A responsável me informou que seria no dia x na secretaria y. Lá estava eu no dia

e hora marcado. Apresentei -me e pouco depois veio uma funcionária e disse-me: O senhor

volte outro dia, pois não será possível hoje. Na bucha lhe respondi. -Desse sofá eu não saio até

que me tragam o cheque, e não tenho pressa. Em poucos minutos embolsei o meu justo cachê

para dividir com Claudio. Vejo hoje no jornal mais de 100 artistas citados para fazerem shows

em diversos palcos da Prefeitura do Recife e várias do interior. PAGUEM. Os artistas

contrataram condução, pagaram refeições, estúdios para ensaio e merecem respeito.

Concordo com os cachês diferenciados. Não se pode comparar a apresentação de um

principiante com a de um artista já consagrado e conhecido nacional e internacionalmente que

afinal traz luz maior ao evento. Mas deixem de safadezas, pois eles não são safadões. O

cheque tem que estar pronto no final da apresentação. Meus caros colegas artistas, tomem

também posição, reajam e denunciem os contratantes sem medo de perder o palco do ano

seguinte. Só assim a coisa mudará.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

VIVA SÃO JOÃO

PEDIATRIA E ARTE

FERNANDO AZEVEDO

VIVA SÃO JOÃO

Adoro essa época junina, não sei se pela gula ou pelas recordações de toda minha infância

onde numa cidade completamente diferente, era quase que obrigatória a presença de uma

fogueira em cada casa. Nas escolas quadrilhas tradicionais, assim como nos clubes e no

Náutico estava em todas. Quadrilha tradicional e gritada em francês aportuguesada pelo

alavantu e anarriê. Os cantadores de quadrilha eram disputados e tudo era realmente

delicioso. Pamonhas, canjicas, o milho assado na fogueira ou cozinhado e não cozido como se

diz hoje. Cozido é outra coisa. Muitos deles passei em Carpina onde meu tio tinha granja. Era

Carpina a Gravatá de hoje, Da fantasia de matuto masculina o cachimbo foi abolido, mas ainda

vejo em fotos de facebook as mesmas características dos matutos da minha infância. O que

não tolero são as quadrilhas profissionais com músicas alienadas e uma “farda” em todas elas

com babados e outros adereços que nada tem de “matuto”. Também não engulo os shows de

Safadões e Aviões, pois meus ouvidos querem Luiz Gonzaga e os grandes forrozeiros de hoje

como Petrucio Amorim, Maciel Melo e um time de sanfoneiros da melhor qualidade, com o

velho triângulo e zabumba. A preservação desses costumes no meu entender tem que ser

rigorosas para que não haja a descaracterização que culmina com a extinção. Gosto do São

João porque ele é “universal” em Pernambuco, diferente do Carnaval que também sou

apaixonado, mas ele se restringe a poucas cidades do estado. Existe até Festival de Jazz há

alguns anos em pleno Carnaval, antes em Garanhuns e ano passado em Gravatá. O São João

não, é o mesmo praticamente sem variações. Tive oportunidade de conhecer um São João em

Portugal, exatamente no Porto. Lá existe uma grande festa que comparo a uma mistura de

carnaval e reveillon. Um mundo de gente na rua, sardinhas assadas aos milhares e à meia noite

“o fogo”. Meia hora de espetáculo pirotécnico da maior beleza e no céu milhares de balões.

Você pensa que está vendo um céu estrelado, mas não, são balões. Há uma prontidão de

bombeiros para acabar qualquer incêndio que possa acontecer, mas a tradição é mantida. No

Brasil estão proibidos. Acho correto, mas sinto saudade do “olha por céu meu amor/vê como

ele está lindo/olha praquele balão multicor/ que lá no céu vai sumindo.

Bom São João para todos e encham o bucho de milho e seus derivados, com o lamento do

cheiro das fogueiras, cheiro da fumaça que não existe mais.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

O HOMEM E OS BICHOS

FERNANDO AZEVEDO

Morreu no dia 5.6.16 JOSÉ SOARES DE AZEVEDO, nosso papagaio com mais de trinta anos. José

nasceu em Goiás e me foi presenteado por Dulcineia e Guilherme Dourado. Nessa época

morava na minha casa da qual guardei 100m2 para mim. Antes 1.500m2 de terreno onde de

tudo plantei e de tudo colhi e comi. Minhas bananeiras davam as primeiras bananas aos

sabiás. Na grama os canários da terra comiam as rações que espalhava que me lembravam das

cores brasileiras que aprendi a ver no gramado do Náutico, eu ainda criança. No mínimo cinco

pastores alemães nos faziam companhia, guardavam a casa e ensinavam aos meus filhos esse

sentimento d e compreensão que deve haver entre os homens e a natureza. Foram os

cachorros que ensinaram amor, sexo, reprodução e amamentação a todas as crianças que

viviam na nossa casa. Na minha memória vem Tupã o fox-terrier da minha infância. Casei com

uma cachorreira uma verdadeira apaixonada por bichos e assim foi nossa vida. Eu me adaptei

a apartamento, ou melhor, não tive alternativa, mas José não conseguiu. Sentia saudade da

goiabeira e dos cachorros a quem dava ordens de sua gaiola. Tinha voz humana e quando

gritava “Fernaaaannndo” eu jurava que estavam me chamando. Quando me mudei

provisoriamente até que o prédio onde foi minha casa ficasse pronto, a tristeza tonou conta

dele. Mudo, bico enfiado no peito, nada melhorava sua profunda depressão. Falei então com

meu filho Rodrigo que o levou para sua casa em Apipucos e lá ele renasceu pois o ambiente se

assemelhava pela presença de crianças , de cachorro e de plantas. Por problemas de segurança

meu filho mudou-se para um apartamento e José ficou bem pois conversava com os pedreiros

da obra vizinha. Os anos no entanto pesaram e ele nos deixou. O sentimento de luto do

homem para o bicho é muito grande. O choro convulsivo que tomou conta em nossa casa

começou em Janeiro com a perda de Pink cadela de minha filha que mora em São Paulo. Já

veio doentinha. Acho no entanto que o animal deve morrer antes do homem. Muito pior é o

bicho perder o seu dono, pois dificilmente alguém o adotará e a tristeza e o abandono levá-lo-

a ao desconsolo que é muito maior que o do homem que é uma categoria muito inferior em

sentimentos. Não temos mais idade para ter um cachorro ao lado. Ficará de herança no caso

maldita, mas é muito bom viver com eles. No “meu governo” haveria uma lei para que cada

criança recebesse um animal de estimação de presente. O mundo seria mais doce e mais dócil,

a criminalidade menor e as pessoas mais honradas.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

CRIANÇAS ALTAS E CRIANÇAS BAIXAS

FERNANDO AZEVEDO



Se voltarmos nossos olhos para a Europa, sobretudo para os países nórdicos vamos observar

um padrão humano muito semelhante. A miscigenação por lá foi pequena. Se olharmos para o

Brasil que descoberto por Portugal país multirracial e aqui os portugueses encontraram índios

e depois trouxeram pretos da África e depois chegaram os invasores franceses, holandeses e

depois comercialmente os judeus, árabes, alemães, italianos, ingleses obrigatoriamente o país

passa a ter uma poluição genética. Se olharmos o Brasil do sul (Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul) pela forte imigração europeia o padrão é completamente diferente do Brasil do

norte até São Paulo. Se vamos a qualquer local público constatamos os biótipos e cores de

todos os tons. Na escola começam os problemas da valorização dos biótipos. Temos que ter

consciência que a maioria da população puxa para o feio e daí o destaque dos realmente mais

bonitos, isso em todas as cores. Esses vão para as passarelas, televisões, cinema etc. Trabalha-

se em Pediatria com curvas de crescimento. Essas curvas desenham os percentis por onde as

crianças vão seguindo de uma forma harmônica no peso (nem emagrecimento nem sobrepeso

ou obesidade) assim como as curvas da estatura que também devem ser sem desvios. Se há

alteração chama atenção. Da mesma forma existe a curva do perímetro cefálico que nos alerta

para parâmetros anormais como os casos de microcefalia, tema da atualidade ou

macrocefalias. Acontece que com essa mistura genética temos numa mesma família pessoas

altas e outras baixas. Meu avô materno, por exemplo, tinha 2m14 (Antonio Leonardo

Rodrigues- podem procurar no Google se digitarem RODRIGÃO) Na descendência somos todos

altos, mas ninguém chegou aos 2m de altura. Na escola o deflagrar da puberdade vai dos 9 aos

l4 anos nas meninas e nos meninos dos 11 aos 15 e ai começa a comparação, a separação de

amigos (os púberes já se consideram diferentes e não encontram mais companhia nos

impúberes) e isso traz traumas psíquicos. Ganhei o apelido de PIXOTO no Náutico e mesmo

em casa, pois só estiquei aos 15 anos. Chama-se esse fato de Retardo Puberal Constitucional.

Isso se repetiu em primos e filho. Chateia mas resolve-se com conversas ou mesmo com apoio

psicológico. O que quero atingir é a obsessão por filhos altos quando a genética não traz esse

desenho e ai vem as aplicações de hormônio do crescimento de uma forma mal conduzida,

fazendo a criança tomar injeções diárias até o fim do crescimento em torno dos 16 anos. Esse

desconforto doloroso físico e mental levará a uma altura final às vezes menor da que seria pela

evolução normal. Em certas doenças crônicas o crescimento é retardado, como nos casos de

irradiações cranianas, cardiopatias, nefropatias. Nesses casos nada adianta o uso hormonal.

Em outros vale à pena, mas com um diagnóstico preciso de falta de produção ou produção

inadequada. . O tratamento é muito caro. Pode ser feito pelo SUS se realmente um especialista

comprovar a necessidade do uso. Sinceramente eu vejo a vida pelo cérebro, pela sensibilidade

e inteligência das pessoas, a cultura que encanta e não por um palmo a mais ou a menos. Na

vida esportiva, por exemplo, os pequenos exploram certas atividades onde os grandes não

podem entrar (jóquei, piloto de formula 1, ginástica olímpica etc., assim como os baixinhos

não chegam ao basquete e no voleibol). É a vida. A inteligência, no entanto cabe em qualquer

tamanho, abre qualquer porta e o Brasil tem exemplos magníficos de pequenos grandes

homens e mulheres. O mundo também.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE VACINAS (3) – VARICELA OU CATAPORA.

FERNANDO AZEVEDO


Na minha infância não havia vacina para quase nenhuma doença. BCG oral para Tuberculose

vacina contra Varíola eram as principais. As outras doenças adoeciam-se. O terrível Sarampo

era uma DOENÇA OBRIGATÓRIA, pois ninguém escapava dela e muitas complicações e mortes

interrompiam a vida com a criança ainda pequena. Ainda me lembro do meu Sarampo, pois

tive uma complicação com pneumonia e uma conjuntivite purulenta terrível e fui salvo pelo

fato de meu pai ser Capitão Médico do Exército na época da Segunda Guerra Mundial e

conseguir com os americanos no Ibura onde trabalhava a bendita penicilina que tomava em

injeções de 3/3 horas. Chorávamos eu, minha mãe e minha tia. Oito injeções por dia por uma

semana (?) ninguém esquece. Argirol nos olhos de 3/33 horas, que tal? Mas estou aqui. A

Varicela ou Catapora alguns tinham e outros não, portanto não era OBRIGATORIA. Meu irmão

teve e a recomendação era esfregar a pele do doente na pele do sadio para ter também. Era

considerada uma “doença besta”. Os tempos mudaram. Hoje se recomenda a vacina contra

Varicela aos 12 meses. O Ministério da Saúde do Brasil recomenda só essa dose. As sociedades

de imunização recomendam duas doses fazendo a primeira aos doze meses e a segunda aos

15. (antes entre 4 e 6 anos). Acontece que uma dose da uma proteção boa, mas é comum na

adolescência essa imunidade cair e o jovem ser acometido de Catapora. Na infância ela é mais

suava embora não deixe de ser incômoda e em populações de baixo nível de higiene as lesões

tornam-se feridas infectadas que podem ser acompanhadas de graves complicações. Jogo no

time das duas vacinas.

Como comentei no blog passado consegui através de duas clientes e amigas o calendário

vacinal da Inglaterra e da França. Na Inglaterra ele é aplicado em grupos especiais como

cuidadores de saúde, mulheres que pretendem engravidar e pacientes com doenças de base

de longa duração.

Na França ”Lá vaccination generaliséecontre la varicelle ds enfants à partir de l’âge de 12 mois

n’est pás recommendèe dans une perspective de santé publique”. Ela é recomendada nos

adolescentes de 12 a 18 ano9s sem antecedentes clínicos de Varicela, em adolescentes

meninas em idade de procriação, em pessoas sem antecedentes de Varicela e que cuidem de

imunodeprimidos e mulheres que pretendem engravidar, dando-se um prazo de meses

(geralmente 3 meses) após a vacinação. Pessoas que lidem com crianças de creche, serviços

médicos de Pediatria, Ginecologia. nefrologia, doenças infecciosas. Neonatologia. Fazem-se

antes testes sorológicos para se detectar se a pessoa já teve a doença de forma aparente ou

inaparente.

Na infância o “esfrega - esfrega “continua.