FERNANDO AZEVEDO
Morreu no dia 5.6.16 JOSÉ SOARES DE AZEVEDO, nosso papagaio com mais de trinta anos. José
nasceu em Goiás e me foi presenteado por Dulcineia e Guilherme Dourado. Nessa época
morava na minha casa da qual guardei 100m2 para mim. Antes 1.500m2 de terreno onde de
tudo plantei e de tudo colhi e comi. Minhas bananeiras davam as primeiras bananas aos
sabiás. Na grama os canários da terra comiam as rações que espalhava que me lembravam das
cores brasileiras que aprendi a ver no gramado do Náutico, eu ainda criança. No mínimo cinco
pastores alemães nos faziam companhia, guardavam a casa e ensinavam aos meus filhos esse
sentimento d e compreensão que deve haver entre os homens e a natureza. Foram os
cachorros que ensinaram amor, sexo, reprodução e amamentação a todas as crianças que
viviam na nossa casa. Na minha memória vem Tupã o fox-terrier da minha infância. Casei com
uma cachorreira uma verdadeira apaixonada por bichos e assim foi nossa vida. Eu me adaptei
a apartamento, ou melhor, não tive alternativa, mas José não conseguiu. Sentia saudade da
goiabeira e dos cachorros a quem dava ordens de sua gaiola. Tinha voz humana e quando
gritava “Fernaaaannndo” eu jurava que estavam me chamando. Quando me mudei
provisoriamente até que o prédio onde foi minha casa ficasse pronto, a tristeza tonou conta
dele. Mudo, bico enfiado no peito, nada melhorava sua profunda depressão. Falei então com
meu filho Rodrigo que o levou para sua casa em Apipucos e lá ele renasceu pois o ambiente se
assemelhava pela presença de crianças , de cachorro e de plantas. Por problemas de segurança
meu filho mudou-se para um apartamento e José ficou bem pois conversava com os pedreiros
da obra vizinha. Os anos no entanto pesaram e ele nos deixou. O sentimento de luto do
homem para o bicho é muito grande. O choro convulsivo que tomou conta em nossa casa
começou em Janeiro com a perda de Pink cadela de minha filha que mora em São Paulo. Já
veio doentinha. Acho no entanto que o animal deve morrer antes do homem. Muito pior é o
bicho perder o seu dono, pois dificilmente alguém o adotará e a tristeza e o abandono levá-lo-
a ao desconsolo que é muito maior que o do homem que é uma categoria muito inferior em
sentimentos. Não temos mais idade para ter um cachorro ao lado. Ficará de herança no caso
maldita, mas é muito bom viver com eles. No “meu governo” haveria uma lei para que cada
criança recebesse um animal de estimação de presente. O mundo seria mais doce e mais dócil,
a criminalidade menor e as pessoas mais honradas.
ah Dr Fernando,quanta sensibilidade nas suas palavras,faço delas as minhas,amo os animais,incondicionalmente!!!!!
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