PEDIATRIA E ARTE
FERNANDO AZEVEDO
VIVA SÃO JOÃO
Adoro essa época junina, não sei se pela gula ou pelas recordações de toda minha infância
onde numa cidade completamente diferente, era quase que obrigatória a presença de uma
fogueira em cada casa. Nas escolas quadrilhas tradicionais, assim como nos clubes e no
Náutico estava em todas. Quadrilha tradicional e gritada em francês aportuguesada pelo
alavantu e anarriê. Os cantadores de quadrilha eram disputados e tudo era realmente
delicioso. Pamonhas, canjicas, o milho assado na fogueira ou cozinhado e não cozido como se
diz hoje. Cozido é outra coisa. Muitos deles passei em Carpina onde meu tio tinha granja. Era
Carpina a Gravatá de hoje, Da fantasia de matuto masculina o cachimbo foi abolido, mas ainda
vejo em fotos de facebook as mesmas características dos matutos da minha infância. O que
não tolero são as quadrilhas profissionais com músicas alienadas e uma “farda” em todas elas
com babados e outros adereços que nada tem de “matuto”. Também não engulo os shows de
Safadões e Aviões, pois meus ouvidos querem Luiz Gonzaga e os grandes forrozeiros de hoje
como Petrucio Amorim, Maciel Melo e um time de sanfoneiros da melhor qualidade, com o
velho triângulo e zabumba. A preservação desses costumes no meu entender tem que ser
rigorosas para que não haja a descaracterização que culmina com a extinção. Gosto do São
João porque ele é “universal” em Pernambuco, diferente do Carnaval que também sou
apaixonado, mas ele se restringe a poucas cidades do estado. Existe até Festival de Jazz há
alguns anos em pleno Carnaval, antes em Garanhuns e ano passado em Gravatá. O São João
não, é o mesmo praticamente sem variações. Tive oportunidade de conhecer um São João em
Portugal, exatamente no Porto. Lá existe uma grande festa que comparo a uma mistura de
carnaval e reveillon. Um mundo de gente na rua, sardinhas assadas aos milhares e à meia noite
“o fogo”. Meia hora de espetáculo pirotécnico da maior beleza e no céu milhares de balões.
Você pensa que está vendo um céu estrelado, mas não, são balões. Há uma prontidão de
bombeiros para acabar qualquer incêndio que possa acontecer, mas a tradição é mantida. No
Brasil estão proibidos. Acho correto, mas sinto saudade do “olha por céu meu amor/vê como
ele está lindo/olha praquele balão multicor/ que lá no céu vai sumindo.
Bom São João para todos e encham o bucho de milho e seus derivados, com o lamento do
cheiro das fogueiras, cheiro da fumaça que não existe mais.
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