segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A CRIANÇA HIPERATIVA

FERNANDO AZEVEDO

Um diagnóstico frequente hoje é o da hiperatividade. O fato existe, necessita cuidados especiais e multidisciplinares e até rápido porque a criança vai ficando discriminada onde quer que chegue, sendo até considerada indesejável o que é doloroso para pais e para a própria criança. O que é a criança hiperativa: é aquela que realmente não se consegue disciplinar, que não atende apelos da família e escola, que quebra brinquedos e outros objetos, algumas vezes agressiva, enfim que foge completamente aos padrões de convivência social. Merecem tratamento e até agora acompanho vários casos com êxito, com reintegração ao meio. Isso é muito importante do ponto de vista social e pessoal. Os medicamentos até agora não tem apresentado reações adversas que preocupe. Faço uma ressalva somente ao excesso de diagnóstico, a rapidez com que se conclui tudo. Ora, socialmente as coisas mudaram muito, mas a criança é imutável na sua necessidade de ter espaço para suas atividades, ter um lar amoroso que lhe dê tranquilidade e estímulo e que não lhe tolha os passos no seu espírito descobridor. As escolas querem crianças quietas. As babás (geralmente péssimas e fugazes) não as compreendem e nem se interessam por elas. O perfil profissional da mãe afasta do lar esse personagem, principal protagonista da educação infantil. Os avós estão ausentes. Os pais esperam a terceirização da educação na escola, mas escola não tem essa responsabilidade. Sua função é outra. Acontece então que por toda essa soma a criança pode apresentar mudança comportamental que pode confundir o observador. Tenho uma admiração muito especial por criança “trelosa”, ativa, ligada o dia todo. São crianças que estão buscando a vida a cada minuto. Criança “parada”, quieta, merece atenção do porque desse comportamento. Tristeza, depressão, altamente preocupante. Sei que a vida está dura, mas fim de semana tem que ter parque, bola, teatro, cinema, viagem atividades paralelas educativas como música, jardinagem, artes plásticas e não TV e computador. Tem que gastar a bateria de cada um que recupera a carga com um bom sono e que a faz amanhecer feliz e pronta para outro dia de “hiperatividade”.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O ANDADOR



FERNANDO AZEVEDO

O inútil e prejudicial ANDADOR ainda faz parte infelizmente do arsenal de equipamentos para a criança. Nenhum benefício ele traz e pelo contrário, prejudica o desenvolvimento da criança no capitulo andar, pois ela perde a noção espacial, não enxerga seus pés e por se arrastar pela casa da a falsa impressão que já “está quase andando”. O terrível presente geralmente vem dos avós, pessoas da geração em que o andador era uma rotina nas casas. Agora enfeitados, com buzinas etc. são um verdadeiro presídio para a s crianças e a alegria das babás ou cuida- dores que ali colocam o pirralho e vão fazer outras coisas. Acontece que toda casa tem um sapato pelo meio do caminho, um tapete, e o andador topa e vira e nessa virada a criança vai direto com a cabeça no chão e o traumatismo craniano é muito grave. Aconselho nos impressos que dou aos clientes para cada faixa etária que não comprem nem recebam de presente esse objeto. Sejam francos, peçam para trocar por outra coisa e poupem a criança de um acidente às vezes mortal. Há alguns meses atrás uma cliente chegou ao consultório com o filho com um grande hematoma na testa. “Quando aconteceu só me lembrava do senhor que tanto aconselhou a não usar”.  Algumas coisas sei que são difíceis da pessoa acreditar, citam dezenas e dezenas e pessoas que tiveram o famigerado e nunca aconteceu nada, que é besteira do doutor e por ai vai. Basta, no entanto acontecer um caso para que se acenda a luz vermelha. No caso do andador não se acende uma luz, mas muitas luzes, pois a literatura pediátrica é farta no capitulo acidentes desses casos. Não insista, não use, acredite que pode acontecer uma tragédia por uma banalidade, por causa de uma inutilidade que é esse aparelho.  Se compartilhar agradeço. Eu não, as indefesas crianças.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

OS SUPERDOTADOS



FERNANDO AZEVEDO

Como referi no último blog, não estou desatento ao diagnóstico de TDAH, só não aceito diagnósticos em meia hora de observação para logo indicar medicação. A criança tem que ser bem estudada na família, na escola, ser analisada em diversas ocasiões para então se firmar a conclusão.  Vejam esse interessante artigo de Gilberto Dimenstein.
“Ha um esforço entre especialistas de desmistificar o superdotado, que se associa a figura de gênio, desses que tocam piano excepcionalmente bem aos cinco anos de idade ou resolvem precocemente equações matemáticas. O conceito mais apropriado é o de alta habilidade. São estudantes com habilidade acima da média em artes, matemática, ciência, liderança, esportes ou português. Valorizam-se assim as mais diferentes habilidades porque, na verdade, existem diversos tipos de inteligência.
Existem aqui vários problemas pela falta de conhecimento de altas habilidades. O maior deles é com a escola, especialmente as públicas que não sabem identificar os superdotados. Nem tem meio como ajudá-los. Como muitas vezes os altamente habilidosos não suportam a rotina escolar eles são desprezados e punidos. E não raro tratados com antidepressivos. E como superdotados, são hiperativos ou tem distúrbio de atenção Por causa da péssima educação pública nosso maior desperdício é o de talentos em geral. Isso se torna ainda mais grave diante dessa multidão de indivíduos que nasceram com altíssima propensão ao talento, o que se a estatística está correta estão falando em 10 milhões de estudantes. Jogamos fora o que temos de melhor e não raro alguns deles são recrutados pelo que existe de pior”
Fiquem atentos.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ANO NOVO, NOVA ESCOLA



FERNANDO AZEVEDO

Conhecemos em medicina na área de Psicologia a SÍNDROME DOS FILHOS DE CÔNSULES. O que é isso? São alterações de comportamento social antes visto com frequência nos filhos de diplomatas que por razão profissional mudavam de país com certa frequência e a criança se via de uma hora para outra arrancada do seu ambiente e passando a conviver com outros hábitos, outra língua, outros amigos, outro clima. Com isso sentiam falta de suas raízes, de sua casa das suas preferências e entravam num quadro de tristeza, de depressão que realmente preocupa. Hoje os “cônsules” são executivos em várias áreas de atuação. Abordo nesse blog uma outra desadaptação: a mudança da escola. Gosto muito das escolas pequenas onde a criança é tratada pelo nome, todos a conhecem e sente-se realmente num ambiente carinhoso. Acaba a educação infantil e são transferidas para escolas de milhares de alunos, com vários professores, sem que para isso se faça uma preparação psicológica. Grande parte dos amigos é perdida nessa transferência e geralmente a escolha da nova escola é dos pais e não da criança. Começa o ano depois de gostosas férias e inicia-se uma mudança completa nos hábitos. Em muitos o rendimento cai, e la para frente a reprovação se anuncia com mais desgaste ainda para o pequeno estudante. Analise seu filho se estiver nessa situação e procure dar o maior apoio e compreensão para qualquer dificuldade que tenha. Não é brincadeira a carga que a infância vem carregando nessa “preparação para o futuro” com colégio e aulas suplementares de línguas, informática e o diabo a quatro. Recreação, alegria, descontração estão indo pelo ralo e isso é difícil recuperar. Estabilidade emocional é uma necessidade permanente. Analise também o tempo que seu pirralho vai passar no transporte escolar. Com esse trânsito travado o último a ser deixado em casa está faminto e incapaz de entrar no segundo expediente de deveres de casa com disposição. 
Boas férias e bom retorno às aulas, mas que sejam compreendidos nas suas dificuldades.