segunda-feira, 30 de abril de 2012

TATUAGENS DE RHENA


FERNANDO AZEVEDO

Ano passado no verão, tive cinco casos de queimaduras importantes e com cicatrizes, em adolescentes tatuados. Os casos vinham de Porto de Galinhas a Cabedêlo na Paraíba. Fiz uma comunicação através de uma pessoa ligada a Vigilância Sanitária para que fosse verificado a qualidade desse material usado. Não sei também a estatística o que em trabalho científico é fundamental: quantos tatuados, quantas reações importantes. Seria a exposição ao sol o precipitador das reações? Não sei. Chamo a atenção porque há uma semana atendi uma adolescente com o nome do namorado tatuado no pulso e com uma reação queloidiana importante. Não sei se realmente o namorado valia a pena  pois a reação foi muito forte.  A tatuagem de rhena é temporária, mas se houver reação pode a cicatriz deixar uma marca indelével e fica chato para o namorado seguinte dar de presente uma pulseira ou um relógio a um novo amor que tem o nome do” falecido”  lhe perseguindo
Fiquem atentas a isso e se tatuarem não usem a face, ou regiões mais expostas.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

VACINAS



FERNANDO AZEVEDO

Já falamos sobre a vacina BCG e a Hepatite B. Agora entra a explicação sobre as vacinas do segundo mês de vida em diante  e a diferença entre as vacinas do PNI (Programa Nacional de Imunizações) e a de clínicas de vacinação .
Nos postos: Vacina TETRA ( Tétano, Coqueluche,Difteria e Hemófilos)Rotavirus, Pneumococo 10.  E Poliomielite oral ( Sabin) (Vírus vivos atenuados)
Nas clínicas – Vacina Hexa (Hepatite B, Difteria, Tétano, Coqueluche acelular, Poliomielite  injetável(SALK) (VIRUS MORTOS),Hemófilos.  Ou PENTAVALENTE (sem a Hepatite B)
 A diferença entre elas é que as vacinas das clínicas privadas provocam menos reação local e geral por causa do tipo Coqueluche acelular (Pa) e usa a vacina Salk com vírus mortos da Poliomielite que voltará a ser usada no Brasil na rede pública. Também na pneumocócica e rotavirus tem mais sorotipos. Existe a possibilidade milionesimal de uma criança vacinada com a vacina Sabin apresentar a doença se tiver alguma alteração imunológica. Essa vacina também não pode ser aplicada em crianças que esteja usando drogas que reduzam seu potencial imunológico (quimioterapia etc.)
A Pneumocócica do Posto de Saúde contem 10 sorotipos e a das clinicas de vacinação 13 sorotipos
A contra ROTAVIRUS nos postos são feitas em duas doses e contem 3 sorotipos e a das clínicas de vacinação compõem-se de 3 doses e com 5 sorotipos.

MENINGOCOCO C – proteção igual.
É incontestável que as vacinas de clínicas privadas apresentam algumas vantagens, menos injeções e menos reações, mas não tenham dúvida que a criança também está protegida com as vacinas do Programa Nacional de Imunizações.
Se o dinheiro não faltar pague. Se estiver duro confie nas gratuitas.

TRÍPLICE VIRAL (Sarampo, Caxumba e Rubéola) – vacinas iguais.
O que a rede pública não tem: VARICELA E HEPATITE A – Anuncia-se a Varicela na rede pública para breve.
GRIPE – São vacinas que são atualizadas sempre por causa da mutação dos vírus. Pode usar a rede pública. Feitas a partir dos seis meses de vida sempre em campanhas anuais que começam em Maio.

FEBRE AMARELA– a partir dos 9 meses e só em regiões endêmicas. Entre nós não faz parte da rotina.
HPV – dos 9 aos 30 anos agora indicado também para o sexo masculino. Doença sexualmente transmissível. Protege contra as formas cancerígenas do Papilomavirus, grande causa de câncer de útero. Só em clínicas privadas e dificilmente fará parte do PNI.
Os reforços destas vacinas são indicados no cartão de vacinação

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO
Rodrigo, 4 anos comenta com a mãe
- Mãe, eu vi uma foto quando eu era pequenininho com você
- Onde Rodrigo
- Na tua cama, tomando gagau no teu peito

segunda-feira, 16 de abril de 2012

GÊNIOS DA MEDICINA - Continuação...

VACINA CONTRA TUBERCULOSE –

BCG (Bacilo de Calmette e Guérin)- Graças a esses dois pesquisadores no Instituto Pasteur em Paris, temos hoje a vacina contra tuberculose obtida com atenuações (232 replicações) do bacilo tuberculoso bovino.  A doença existe em todo o mundo, em países desenvolvidos e subdesenvolvidos e atinge mais crianças, velhos e gestantes. Até início dos anos 50 não existiam drogas. O doente era levado para regiões serranas para repousarem e fazerem alimentação adequada. Aqui em Pernambuco, Carpina e Garanhuns foram locais muito explorados. A partir de 1942 a vacina começou a ser aplicada por via oral nos recém-nascidos em três doses e permaneceu até 1968, passando a ser feita então por via intradérmica. Não há diferença entre as vacinas aplicadas na rede pública e na rede privada. Os esquemas de vacinação são mutáveis. Antes se fazia uma dose até os primeiros 30 dias de vida e depois uma revacinação aos 10/12 anos. Essa segunda dose hoje está abolida. A eficácia é boa, protegendo sobretudo contra s formas graves de tuberculose.

VACINA CONTRA HEPATITE B
Produzida por engenharia genética, não provocam infecção, pois não contem DNA viral. A Hepatite B é uma doença disseminada em todo o mundo e em numerosos casos assintomática. O esquema de vacinação deve ser feito nas primeiras 24 horas de vida para proteger o recém nascido. Apesar de alguns laboratórios produzirem a vacina não há diferença entre os resultados das vacinações feitas em clínica privada ou postos de saúde. O esquema é de três doses: ao nascer, com 30 dias (se preferir fazer toda a vacinação em clínicas pode esperar para o segundo mês fazendo a Hexa) e após seis meses da segunda dose,

Essas são as primeiras vacinas da vida. NUNCA EASQUEÇA DAS DATAS DE VACINAÇÃO E GUARDE COM MUITO CUIDADO O CARTÃO DAS VACINAÇÕES FEITAS.


ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO:

Diego entra no consultório com a avó que lhe pergunta:
- O que foi que vovô mandou para Tio Fernando Diego?
- UMA PORRADA
Não, era um FORTE ABRAÇO

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Matéria Publicada no Diário de Pernambuco Recife, sexta-feira, 1º de julho de 2011

Infâncias vividas e infâncias roubadas                                              

No mês de maio um menino do Espinheiro se escondeu da gente. Maninho Victor. Foi juntar-se a Tonho Maria, Pó Xing, o gordo Edmundo e não sei com quem eles estão brincando agora, mas na certa com outras crianças felizes de outros bairros. Nós éramos do Espinheiro que tinha algumas filiais, mas a matriz era o cinema Espinheirense. Todos faziam parte de uma academia de felicidade perpétua vivendo o dia a dia brincando de mocinho e bandido com a enorme dificuldade de conseguir um voluntário bandido, que sempre seria derrotado. 

Não tinha a menor chance de sucesso. Futebol era o carro-chefe. O Globo e o Cometa excursionavam por outros bairros onde outros grupos de meninos felizes e despreocupados nos esperavam. Torre, Encruzilhada, Derby e até na Destilaria do Cabo houve um jogo de caráter intermunicipal, mas para a nossa fantasia, um jogo internacional, afinal de contas o Náutico tinha ido a Europa naqueles anos 50. À noite e nos sábados e domingos agenda cultural na casa dos meus queridos primos Augusto e Eliane Rodrigues. Rádio, Teatro e Circo V-8. Éramos mamulengueiros, cantores, trapezistas escritores de peças teatrais e apesar de mal remunerados por Augusto nunca fizemos greve. O espetáculo não podia parar. Animávamos festas infantis também. O que seríamos no futuro? Não havia um só questionamento a respeito disso. Era na base de Zeca Pagodinho: “deixa a vida nos levar, vida leva eu”. 

O investimento era na alegria, colocando todas as risadas na poupança que nos deu dividendos enormes e que nos sustentam até hoje. Maninho foi uma unanimidade, um verdadeiro ficha limpa a quem todos se rendiam e procuravam para receber de sua enorme inteligência a resposta bem humorada e otimista para qualquer problema. Todos os membros da Academia de Meninos do Espinheiro (AME) são hoje setentões. Quando nos encontramos o sorriso e a alegria nos domina. Fomos os patronos das nossas próprias cadeiras. Dias desses no consultório um adolescente de 15 anos me pediu um abaixador de língua para ficar chupando, pois eles hoje têm sabor. A mãe o repreendeu dizendo que estava muito grande para isso. Falei para ela: não mate a criança que vide dentro dele! 

 E é isso que estão fazendo com nossos pequenos, sobrecarregando-os com mochilas nas costas o enorme peso de responsabilidade e sucesso futuro. Na mochila ninguém leva uma bola de meia, um papagaio (hoje pipa) ou qualquer dose de alegria, mas pesam nos ombros preocupações adultas e vazios de estórias. Pouco para contar a não ser falsos sucessos ou vitoriosos fracassos que só o futuro dirá. Estresse, depressões, psicólogos, psicopedagogos, tudo que uma criança feliz não precisa estão colocando no menu principal dos seus ipads. Estão roubando a infância, que pena, e já não podem mais brincar de pega o ladrão.

Fernando Azevedo
Médico Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br

segunda-feira, 9 de abril de 2012

GÊNIOS DA MEDICINA


FERNANDO AZEVEDO 

 SÉRIE VACINAS –

 Vou abordar em blogs seguidos o tema vacinação. Explicar o esquema do programa nacional de imunizações, a sua importância, considerações sobre as vacinas públicas X clinicas privadas de imunizações, e vamos entender o início.

                               EDWARD JENNER (Berkeley- Inglaterra (1749-1823)- Aos 14 anos tornou-se aprendiz de cirurgião de seu povoado, deslocando-se depois para Londres. Em 1772 voltou para Berkeley, dedicando-se à Medicina. Em 1796 resolveu por a prova a sabedoria popular que dizia que quem lidava com gado não contraia Varíola. A partir de suas observações sobre a varíola bovina e seus efeitos nas mulheres que ordenhavam vacas ele conduziu sua primeira experiência com James Phipps, um menino de dois anos. Jenner o inoculou com o pus extraído das feridas das vacas contaminadas, tornando-o imune à varíola humana uma das doenças mais epidêmicas e mais mortais no mundo. Apresentou seu trabalho à Royal Society mas as provas que apresentou foram consideradas insuficientes. Ele realizou então novas inoculações em crianças inclusive no seu próprio filho . Em 1798 seu trabalho foi reconhecido e publicado. O nome VACINA vem do latim vacca que significa vaca e foi criado por Jenner. A varíola foi considerada erradicada do mundo em 1980

OSWALDO CRUZ –

Oswaldo Gonçalves da Cruz (São Luiz de Piratininga (1872) Petrópolis 1917).  Cientista,médico, bacteriologista,e sanitarista, pioneiro no estudo das doenças tropicais, Ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com 15 anos e antes de concluir o curso já publicara dois artigos sobre microbiologia. Em 1896 viajou para Paris onde no Instituto Pasteur especializou-se em bacteriologia. Ao voltar para o Brasil encontrou o porto de Santos assolado por uma epidemia de peste bubônica. Para fabricar o soro antipestoso (a importação era caríssima e demorada) foi criado em 25 de Maio de 1900 o Instituto Soroterápico Federal, instalado na antiga fazenda Manguinhos (hoje Instituto Oswaldo Cruz) assumindo a direção técnica. Dois anos depois era o Diretor e em 1903 foi nomeado Diretor Geral de Saúde Pública do Rio de Janeiro. Em pouco tempo conseguiu debelar a peste bubônica através do extermínio dos ratos cujas pulgas transmitiam a doença. O combate à Febre Amarela outra doença endêmica e epidêmica também foi difícil, pois a maioria dos médicos acreditava que a doença seria transmitida pelo contato com suor, roupas,  sangue e outras secreções . Oswaldo Cruz defendia a tese da transmissão através de um mosquito. Suspendeu as desinfecções e criou a polícia sanitária e as brigadas de mata-mosquitos, percorrendo casa e ruas eliminando os focos de insetos e evitando as águas estagnadas (mesmo raciocínio em relação ao Dengue). Sua atuação provocou uma violenta reação popular, sobretudo de políticos e militares. Em 1904 a oposição a Oswaldo Cruz atingiu o ápice. Com o recrudescimento de surto de Febre amarela o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. O Congresso protestou e foi formada uma Liga contra a vacinação Obrigatória. No dia 13 de Novembro estourou a rebelião popular e a Escola Militar da Praia Vermelha se levantou. O governo derrotou a rebelião mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Contudo ele acabou vencendo a batalha. Em 1907 a Febre Amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Recebeu prêmios internacionais pela sua obra. Transferiu-se para Petrópolis onde foi Prefeito e lá morreu aos 45 anos de insuficiência renal.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A OBSESSÃO DO VESTIBULAR

FERNANDO AZEVEDO

Não consigo parar de me preocupar com a infelicidade de um jovem. Em lugar do riso, da brincadeira até irresponsável, de viver sorrindo gozando uma bela fase da vida, só pensa naquilo: o VESTIBULAR. Agora pelo que sei, se no segundo ano do ensino médio o aluno consegue aprovação já entra na faculdade fazendo do terceiro ano do colégio uma conclusão remendada e pronto. Os colégios disputam e neurotizam o aluno. Não acredito em vocação num adolescente de 16 anos. Não sabe nada de nenhuma profissão. Agora mesmo tenho um cliente brilhante no colégio que passou em todas as faculdades inclusive em Campinas e não está gostando da faculdade de medicina. Fica feliz tocando numa banda em que está com outros colegas. Torço para que goste ou largue logo essa profissão que requer mil renúncias, mas quando gente gosta, cada vez gosta mais. Fui fazer um check-up cardiológico ergométrico e dei com um colega que só pela inspeção me parecia infeliz
-Fernando Azevedo. Você é Pediatra não é?
-Sou sim.
- Canta também...
- Com muito gosto
Quantos anos de formado?
-Quarenta e oito
- Eu estou com 20 anos e não aguento mais
Ai eu pergunto: há quantos anos esse colega é infeliz. Viveu? Como será sua vida de família. Com certeza péssima.
A mocidade tem que ficar na nossa história e não suporto ver crianças e adolescentes em psicólogos e psiquiatras. Não é justo. Garantir o futuro não é argumento para se ser infeliz no presente.