segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O TERRORISMO NA SAUDE

FERNANDO AZEVEDO

É de um mau gosto e irresponsabilidade a toda prova espalhar notícias falsas, boatos etc. Nos anos 50 um esportista famoso tinha o hábito de inventar um boato sobre futebol na Rua do Imperador e depois esperar no Bar Savoy na Guararapes a chegada dele já com deturpações e testemunhas oculares do fato. Se distraia com isso, mas eram apenas coisas do futebol. Agora com o poder da internet terroristas inventam coisas sobre saúde de uma forma irresponsável, enlouquecendo as pessoas. Todos estão acompanhando o problema da microcefalia, sobretudo em gestantes do nordeste onde pelo clima quente e úmido o mosquito transmissor encontra ótimas condições de se perpetuar. O vírus Zica está sendo o principal responsável até agora. Lógico que temos que fazer campanhas, educar o cidadão e cidadã para não criar as condições para a propagação dessa doença etc., mas inventar o neurozika, gravar mensagens envolvendo colega neurologista com falsas informações é crime. Vocês não imaginam o meu Zap como buzina a pequenos intervalos apara saber sobre repelentes até em recém-nascidos e crianças de poucos meses. Opinião sobre o engravidar ou não, e vários ouros questionamentos. Entendam que uma coisa é a opinião de um médico em saúde privada. Em saúde pública, no caso de endemias e epidemias a orientação deve partir do Ministério da Saúde ou Secretarias estaduais e municipais. Isso é o correto e os meios de comunicação são vários, mas não pode ser por entrevistas com pesquisadores, com especialistas etc. A orientação deve partir da autoridade em saúde pública. Recentemente houve outro pânico para vacinar crianças com uma nova vacina contra o meningococo B, uma vacina cara e que logicamente interessa ao laboratório que a produziu e a clínicas de vacinações. Mas não é assim. A Organização Mundial de Saúde e os Ministérios da Saúde dos diversos países elaboram os programas de vacinação de acordo com cada região do planeta. Por exemplo, a vacina BCG contra tuberculose não é aplicada em países do primeiro mundo, assim como a da Hepatite A. A da Febre Amarela como outro exemplo não faz parte do calendário do nordeste nem do sul do Brasil, mas é obrigatória na região amazônica e em países da America Central e do Sul. Esses estudos são da maior seriedade. Vamos aguardar se epidemiologicamente o meningococo B vai representar um perigo para nós. De acordo com sua incidência as recomendações são feitas. Voltando ao Zika primo irmão do Dengue e do Chikungunya que tem como vetor o mesmo mosquito temos que nos cercar de cuidados é claro, mas não adoecermos paranoicamente. A gestação de um bebê envolve uma série de riscos e algumas outras infecções como Toxoplasmose, Citomegalovirose, Rubéola (hoje bem mais rara) o ALCOOL, drogas outras, Vírus do Herpes simples e varicela-zoster, cigarro, podem danificar o produto. Temos que vigiar tudo isso de uma forma organizada com instruções claras para recebermos um bebê saudável, mas não engravidar por medo dessas possibilidades é doentio.
Espero sinceramente uma nota oficial dos órgãos responsáveis instruídos a população sobre tudo isso. Continuarei respondendo a todos os apitos do Zap, mas nada disso adianta, pois uma andorinha não faz o verão.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MICROCEFALIAS

FERNANDO AZEVEDO

A saúde do Brasil é um caos e se antes atingia as classes mais pobres hoje se democratizou e a assistência médica é difícil, cara e ruim. O Ministério da Saúde, no entanto tem técnicos altamente capazes, assim como também os institutos de pesquisa. Estão acontecendo casos de microcefalia em recém-nascidos de Pernambuco (e nordeste). Não há ainda uma verdade sobre a causa, mas suspeita-se pelo estado endêmico com brotos epidêmicos, dos vírus responsáveis pela Dengue, Zyka e febre Chikungunya, doenças parecidas, mas que variam quanto à intensidade de sintomas e mortalidade cujo mosquito transmissor é o mesmo: Aedes Aegypti. Notícia recente atribui ao Zika vírus a causa por ter sido encontrado em dois resultados positivos na coleta de liquido amniótico de gestantes cuja ultrasonografia levantava a suspeita de microcefalia nos fetos. Esse mosquito veio para encontrar morada definitiva no Brasil, seu berço esplêndido pelas condições imutáveis de higiene apesar de todas as campanhas educativas. Culpa da população e governo federal estadual e municipal. Não tem um melhor que o outro. O futuro de uma criança microcefálica é de ruim a péssimo, pois não existe uma rede de apoio médica e paramédica para auxilia-la. Um pânico estabeleceu-se no NÃO ENGRAVIDAR até que se estabeleça a verdade sobre essas microcefalias. Também não é assim. A estatística é pequena em relação às crianças recém-nascidas normais e esse aconselhamento espalhado em jornais em entrevistas com médicos foi precipitado e sem base científica. A coisa fica um pouco paranoica. Um pré-natal bem acompanhado é necessário em todas as situações e no momento em particular e exames sorológicos podem ser feitos em alguns casos na pesquisa dessas e outras doenças. A maternidade é uma coisa desejada por muitas mulheres, é uma realização de um casal. Acontecimentos que interferem numa gestação são muitos e ninguém prevê nada. Tudo vai bem e de repente vai mal. São as surpresas naturais da vida. Dizem que “de boca de urna, boca de menino e barriga de mulher ninguém sabe o que vai sair” A expressão é muito antiga. Hoje já se sabe muita coisa sobre a barriga da mulher. A verdade continua, sobretudo em relação à boca de menino.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

QUEDAS DE CRIANÇAS – PANCADAS NA CABEÇA

FERNANDO AZEVEDO

Pancadas na cabeça assustam, é grave? Sim e não. O bebê quando começa a engatinhar e se por de pé vai em pouco tempo andar e ai começam as quedas. Criança que cai da altura dela, geralmente projeta a cabeça para frente, bate com a testa, faz um galo, quebra um dentinho da frente mais muito dificilmente ou diria mesmo que é impossível ter consequência grave. Choram e depois se acalmam. Se possível compressa gelada no “galo”. Não deixar que durma é absurdo, sobretudo se está no horário do seu sono. Se comeu recentemente às vezes vomita, nada de mais. Vamos às quedas de ALTURAS. Essas sim merecem respeito e vigilância e quando acontecem? A primeiro é em torno dos quatro meses quando pensam os pais que o bebê não rola e numa fração se segundos ja está ele no chão. Criança pequena nunca pode estar numa cama sem gradas. Outro cuidado é quando o colchão do berço está alto e pode se debruçar na grade e capotar. Uma queda moderna é a do bebê conforto. Parece incrível, mas num mês tive quatro casos. Queda grave felizmente sem consequências, mas a criança tem que estar permanentemente ATADA AO CINTO DE SEGURANÇA. Nunca esqueçam isso. A próxima queda será de cadeiras, sofás e escadas. Criança pequena tem que brincar no chão. Ao crescer lá vêm as quedas de skates, patins, bicicletas e ai a coisa vai se tornando mais séria por causa da velocidade. Questões de física. Quedas de arvores muito comuns no meu tempo praticamente desapareceram, mas atentos a isso também. O TCE (traumatismo crânio encefálico) apresenta sinais de alarme. Dor de cabeça, sonolência acentuada e vômitos. Ai pode haver sangramento de uma artéria, sintomatologia rápida, ou de uma veia cuja evolução é mais lenta, mas ambas graves. Um traumatismo considerado grave pelo seu impacto ao solo, ou num acidente de carro deve ficar em observação e uma tomografia é importante para diagnóstico e intervenção precoce. Nunca se deve dar remédio analgésico se a cabeça doer. A dor é um importante sinal para ser observado. Os equipamentos de segurança são muito importantes. Capacetes para ciclistas, motociclistas, skatistas sem falar de joelheiras e cotoveleiras. Prevenção em acidentes é a coisa mais importante. Choque de cabeças no futebol ou outros esportes como boxe podem trazer consequências anos depois. Preserve seu cérebro, pois ele é o nosso comandante. Fiquem atentos sempre.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

BARÃO DE LUCENA E BARÃOZINHO

FERNANDO AZEVEDO

No dia 19/11 às 19 horas vou atender a um convite de ex-alunas do Barão de Lucena para uma cantoria no Manhattan às 19 horas, junto ao meu fiel escudeiro Claudio Almeida, violonista de primeira. Finalidade: confraternização de Pediatras e, sobretudo arrecadar dinheiro porque os médicos estão a fazer cotas para comprar gaze, esparadrapo, seringas etc. O Barãozinho é um clube de apoio para realizar algumas promoções para a pediatria do hospital, mas não para essa responsabilidade de comprar medicamentos ou equipamentos. Tenho pelo Barão de Lucena um amor histórico. Aquele belo hospital foi construído por usineiros de Pernambuco copiando a planta de um hospital americano. Meu primeiro emprego foi no Instituto dos Bancários e o 4º andar era arrendado ao Instituto para a obstetrícia. Lá nasceu minha primeira filha. Depois pelos rumos da vida, passei 25 anos trabalhando e fazendo parte da equipe de preceptores de Pediatria com uma equipe de colegas que tinham também o maior amor a esse trabalho. Formamos muitas gerações de Pediatras e estão eles hoje no comando. Foi um hospital de referência, o melhor do norte/nordeste do Brasil. Hoje faz parte do conjunto de hospitais que vivem à míngua, expondo vidas de pacientes aos perigos da má medicina e colegas à frustração de não poderem realizar o que aprenderam na sua formação. O Brasil vive o pior momento quer os meus 75 anos de vida presenciaram. Ladrões miseráveis roubam a gaze para um curativo, a lata de leite de um faminto, o analgésico para a dor física e moral do seu povo. Miseráveis! As pessoas de boa formação se afastam da política, da direção de um país e os ratos vão assumindo esses postos. Lamentável, mas como um patriota de formação, mantenho a chama acesa e a voz pronta para gritar se preciso, mas, sobretudo cantar ajudando e animando meus colegas do Barão a não desistirem nunca. Venceremos tenho certeza. A semente do bem tem que voltar a ser semeada. Esse será o nosso alimento.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

HORÁRIO DE ESPORTES E EDUCAÇÃO FÍSICA.

FERNANDO AZEVEDO

Recebi ontem (28/10/15) um adolescente no consultório, trazido pelos avós. Queixa: mal estar nas aulas de educação física, rosto, pescoço e braços pretos pelo sol que toma. Sabe qual é o horário? DOZE AS TREZE E TRITA. Pode? Futebol a céu aberto depois de um expediente de aulas, horário que há uma fisiológica hipoglicemia que da a fome para o almoço. Claro que depois dessa insolação o jovem quer água e muita e com isso lá se vão o apetite e lógico a instalação de uma intermação pelo calor excessivo justo no nosso verão. Não vou falar em câncer de pele para não exagerar, mas vamos pela estética que chama a atenção. Ora meus caros diretores e professores como pode num renomado colégio um absurdo desses. Nem atletas de alta performance fazem esportes ao meio dia e até os últimos jogos programados para as 11 horas no inverno do sul deram certo. No norte e mesmo no sudeste e sul nos dias de forte verão o jogo para a hidratação dos jogadores uma vez em cada tempo. Como então permitir que crianças façam exercícios e exposição ao sol nesse patológico horário? Ah, o Professor só dispõe desse horário. Claro que arruma outro que possa fazer no início da manhã ou fim de tarde. O dia-a-dia dos pais ocupadíssimos hoje, não permite mais as reuniões de pais com a direção do colégio e as reclamações se individualizam e não tem peso no final, mas é um absurdo que um estabelecimento que é para instruir desconstrua esse perfil expondo seus alunos a risco de saúde. Orientei os avós a respeito dos direitos do rapaz de negar-se a participar dessas aulas.Se precisar de um relatório meu ele será feito. Saúde se faz com prevenção e a nutrição de um adolescente é um capitulo importante para seu bem estar. Viva as práticas esportivas que promovem a saúde, mas feitas de uma forma correta e em horário adequado.