segunda-feira, 28 de outubro de 2013

EXPOSIÇÃO PEDIÁTRICA À MACONHA

FERNANDO AZEVEDO

Esse é o título da JAMA PEDIATRIC, revista americana de Pediatria (2013; 167(7); 630-633). “Um número crescente de estados norte americanos estão descriminalizando o uso da maconha medicinal, e os efeitos sobre a população pediátrica ainda não foi avaliado. Assim, um estudo americano comparou a proporção de ingestão de maconha por crianças que procuraram atendimento em um hospital infantil no Colorado antes e depois das leis de repressão às drogas em Outubro de 2009 em relação à posse de maconha medicinal. Adiante: “um total de 1378 pacientes com idade superior a 12 anos foram avaliados para ingestões acidentais: Nove pacientes tinham letargia, um tinha ataxia e um teve insuficiência respiratória. Oito foram internados, dois para unidade de cuidados intensivos. “As consequências da exposição involuntária à maconha em crianças deve ser parte do debate em curso sobre a legalização da maconha”
É muito comum a intoxicação de crianças com medicamentos e é uma recomendação da Pediatria nunca deixar remédios em mesa de cabeceira ou em local de fácil acesso. Medicações aparentemente banais como colírios, remédios de nariz, podem levar a criança à morte por parada cardíaca. Seria interminável a lista de malefícios. O problema das intoxicações por maconha é que essa droga é colocada em biscoitos, chocolates etc. e se a criança tem curiosidade por tudo, imagine um biscoitinho à mão.

Ainda não chegou por aqui, não sei se chega, mas é mais uma vitimização da criança no próprio lar.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A ESCOLHA DA ESCOLA

FERNANDO AZEVEDO

A Veja dessa semana vem abordando de forma interessante esse assunto e como está chegando o fim de ano vá pensando sobre isso, a matrícula do seu filho na escola. Um primeiro tópico a abordar é se a filosofia da escola está de acordo com seus valores familiares. Hoje com a internet e através de visitas e entrevistas pode-se ter um bom alcance do que pretendem pais e educadores levando sempre em consideração que seus pontos de vista não mudarão a orientação pedagógica, a proposta enfim da educação. Levar a criança para conhecer seu futuro ambiente é de estrema importância também, pois ali ela passará seu dia feliz ou infeliz. Vivo esse problema no consultório com crianças e adolescentes que não se sentem bem, mas são forçados a frequentar aquele ambiente hostil para eles. Maior parte dos pais enxergam somente o conteúdo e o sucesso da criança no vestibular. Eu sou mais abrangente quando vejo uma escola e acho que nela tem que haver o desenvolvimento da parte humanística e cultural estimulando o aluno o mais possível nas suas aptidões. Numa comunidade escolar estão os CDFs, os esportistas, os artistas nas diversas áreas e não se pode exigir que as características das crianças sejam iguais. O péssimo aluno de matemática pode ser um expoente em outra área de conhecimento isso tem que ser detectado. Se uma família não é religiosa por que colocar o filho numa escola que tenha a primeira comunhão? Vai haver constrangimento. Na própria família os filhos são diferentes e nem sempre dão certo no mesmo ambiente escolar. Falo com uma enorme experiência como pessoa, nesse assunto. Fiz um excelente curso primário numa escola encantadora chamada Instituto Recife. Lá aprendi toda a base que me serve até hoje. Depois vieram mais cinco, pois não me adaptava a nenhuma. Os professores gostavam de mim e lamentavam quando saia a pedidos. Era excelente em alguma áreas e péssimo em outras e não conseguia assistir essas aulas, razão de suspensões e expulsões e isso cria um conceito que lhe discrimina no primeiro dia da nova escola. Sempre fui do riso fácil, da brincadeira, da arte que não me deixavam exercer. Nunca quis saber para que serve o teorema de Pitágoras com todo respeito a ele. Jogava basquete principalmente, cantava, e isso era o que me fazia feliz e essa alegria permanece até hoje. Essa não conseguiram expulsar de mim.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CACHORRO E HOSPITAIS

FERNANDO AZEVEDO


Não estou falando de hospital para cachorro, ou cães, forma mais educada de nomeá-los. Estou falando da importância da recreação e descontração para uma criança internada, os chamados doentes crônicos, de hospitalização prolongada. Nada mais tedioso que uma doença crônica. Cansa o doente, o médico, a enfermagem e a família. É de bom procedimento a troca periódica de toda a equipe, pois pela evolução sem muitas modificações clínicas, muitas vezes a falta de atenção leva a erros de avaliação. A troca periódica de equipes renova o entusiasmo pelo doente. Retirar uma criança das brincadeiras e acamá-la é torturante. Há muitos anos se pensa nisso e faz parte da equipe recreadores, surgiram os doutores da alegria, música em hospitais (faço parte de um grupo que faz isso) enfim uma série de recreações úteis para dar alegria a quem precisa de alegria e esperança. Há muitos anos também hospitais da Europa passaram a permitir que o bichinho de estimação dos pacientes recebesse autorização para visitá-los e o resultado foi fantástico. A criança alegra-se, dorme e come melhor e mantém a chama acesa de sua recuperação. Da mesma forma que existem os cães treinados para os deficientes visuais, forma-se também mais uma equipe de recreadores treinados para visitar seus amigos humanos que estão em dificuldade. Lembro-me bem de meus cães internados. Sou cachorreiro desde menino, pois sempre tive um animalzinho em casa e pra completar casei coma cachorreira muito mais entusiasta que eu e na minha vida de casa tinha no mínimo cinco permanentemente e com as ninhadas que não vendia, chegava às vezes a mais de 20 até eu escolher os adotadores. O cão não pode ter acompanhante quando internado, só visitante, mas era impressionante a alegria deles ao chegarmos e as nossas lágrimas ao sairmos. Há sem dúvida alguma uma interação homem/cão e só quem cria é que sabe bem dessa historia. O Recife precisa criar esse serviço e os médicos e dirigentes hospitalares aceitá-los. Pode ser até uma coisa profissional, cães treinados para esse mister. Já temos um vereador aqui na cidade que se elegeu pelos votos caninos representados pelos seus donos. Pode ser uma tribuna para a causa. Garanto que será uma alegria enorme para todos e a vida precisa desses momentos.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A LUTA POVO X CLASSE MÉDICA

FERNANDO AZEVEDO

Quem está a 50 anos praticando Medicina pode opinar. Não há a menor dúvida que a assistência médica está ruim. Na medicina privada tenho dificuldades em conseguir uma consulta com diversos especialistas. Marcação para dois ou três meses depois quando eu queria para ontem. Agendas sobrecarregadas. Na rede pública muito pior e da dó a gente ver o que o povo sofre EM TODO O BRASIL. Mesmo no tempo da instalação dos hospitais privados no Recife eu internava uma grande parte dos meus clientes no Hospital Barão de Lucena dizendo logo a eles que seria hotelaria zero e medicina 10. Direito a uma cadeira de ferro para ficar ao lado do filho, mas com assistência permanente nossa e dos residentes 24 horas por dia. Ficavam encantados e eu pedia que registrassem a satisfação em carta a jornais ou mesmo à diretoria do hospital. No Hospital Oswaldo Cruz onde chefiava o isolamento (doenças infecto contagiosas) também colocava meus pacientes de meningite, tétano difteria coqueluche, sarampo, poliomielite, doenças felizmente hoje extintas. Assistência total e satisfação dos pacientes. No DEC (Departamento Estadual da Criança) dava plantão em urgência pediátrica (ainda era embrionário o sistema de atendimentos a urgências na cidade) dava gosto ver a eficácia do trabalho. Nada faltava e a motivação de todos era enorme. Com o passar do tempo os hospitais privados e planos de saúde dominaram a assistência e o governo sucateou a medicina pública. Cidades do interior tinham hospitais de qualidade. Hoje um ônibus é o hospital dos interioranos, transportando-os para o Recife. E aí eu pergunto: a quem cabe a culpa? Lógico que aos governantes que não saneiam as cidades, não dão água de qualidade, não combatem as doenças endêmicas e não dão as mínimas condições para que uma equipe de saúde trabalhe. Não se admite hoje só a figura do médico na assistência. Não somos nada se não estivermos de mãos dadas com enfermeiros e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e outros mais. Os políticos sem vergonha e ladrões roubam o dinheiro da assistência médica e social. Como querer que um profissional de saúde fixe residência numa cidade sem as mínimas condições. Vão pra lá o comércio, os restaurantes, as casas de recepção, os advogados? Só juízes e muito bem pagos lá são colocados. Por que não se faz o mesmo com a medicina? Agora numa jogada eleitoreira e descarada, quebram-se todas as leis e importam cubanos de preparo desconhecido, pois proibiram a avaliação de lei, para resolver o problema irresolvível. Conseguiram antipatizar a classe médica com a população, mas basta uma análise sensata e mudar o foco, levando o povo novamente às ruas para acordar o gigante que voltou ao berço esplêndido nessa “pátria mãe distraída” Nada espere do Mais Médicos. Enrolação e enganação. Mais Mentiras deveria ser o título.