segunda-feira, 27 de abril de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE VACINAS

FERNANDO AZEVEDO

O calendário vacinal é mais ou menos universal. Algumas vacinas não são feitas em países mais desenvolvidos como a BCG (para Tuberculose), Hepatite A só para exemplificar. Sempre vem o questionamento sobre as vacinas aplicadas no SUS e as aplicadas em clínicas privadas. Quais são as diferenças? Vamos a elas. A BCG é rigorosamente igual assim como a de Hepatite B. Essas são as primeiras. A recomendação da Hepatite B é de ser feita nas primeiras 12 horas de vida o que é impossível acontecer para a maioria dos recém-nascidos a não ser em hospitais onde as clinicas de vacinas aplicam. Não há pecado maior se for feita logo após a alta do recém-nascido. No segundo, quarto e sexto mês vem as injetáveis. Difteria, Tétano, Coqueluche, Poliomielite, Hemófilos, Pneumococos, Rotavirus As realizadas em clinicas de vacinação são menos reatogênicas e se economiza uma picada além de possuírem mais sorotipos que a do posto. No terceiro e quinto mês aplica-se a meningocócica e aí não tem diferença. No sexto e sétimo mês entra no calendário a vacina contra Gripe, e pode ser feita no SUS. No nono mês a da Febre Amarela só em algumas regiões do Brasil ou quando se viaja para zonas endêmicas em outros países. Essa se faz sempre no SUS por causa dos certificados nacionais e internacionais necessários. Lá para o primeiro ano é a hora da vacina contra Sarampo-Caxumba e Rubéola (Tríplice viral) Varicela, Hepatite A. O SUS tem essas vacinas isoladamente e são também iguais, mas o esquema é diferente com aplicação da Tríplice viral + Hepatite A e com 15 meses faz uma segunda dose chamada Tetraviral (Sarampo-Caxumba, Rubéola e Varicela) Nesse esquema a criança fica imunizada com uma só dose da Varicela e são recomendáveis duas doses. Também as reações com a Tetraviral são mais acentuadas. Completado o primeiro ano vem os reforços com 13 e 15 meses depois entre quatro e seis anos e na adolescência. A Coqueluche tem acontecido em adolescentes e adultos e ai em vez da dT (Difteria e Tétano deve-se preferir a DPaT em clinicas de vacinação). A vacina contra Poliomielite Sabin oral ainda é mantida nos serviços públicos, mas se fazendo antes duas injetáveis com vírus inativado. A vacina Sabin salvou o mundo da Poliomielite pela facilidade da aplicação (Zé Gotinha) e ainda permanece em campanhas. Há um ano entrou no calendário a vacina contra o HPV. Algumas controvérsias e algumas descrições de acidentes vacinais reduziram muito a estatística da segunda dose o que não colabora para a proteção vacinal. Educação sexual é uma grande vacina mas num país promíscuo com a juventude transando aos primeiros sinais de puberdade é complicado. Conversas e explicações imunizam contra o papilomavirus, diferente das outras doenças citadas quando todos são vulneráveis. Se sua situação financeira não é problema... O contrário confie plenamente nos resultados das vacinas do SUS que embora em algumas da rede privada haja superioridade não precisa você entrar no cheque especial. O que não pode é deixar de vacinar, pois foi assim que se conseguiu erradicar essas terríveis e mortais doenças.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

CANTIGAS DE NINAR

FERNANDO AZEVEDO

Os tempos mudam e devem mudar mesmo senão seria muito chato a repetição dos hábitos por gerações seguintes. É, no entanto interessante comparar as coisas. Uma das queixas mais frequentes hoje em consultório é que a criança dorme mal e isso em todas as idades, mas, sobretudo em escolares. Algumas patologias justificam um sono inquieto e ruim e exemplifico com a rinite alérgica, a hipertrofia de adenoides, asmáticos crônicos que tossem muito à noite e mais algumas doenças. Mas vamos às comparações. No meu tempo de criança menino dormia com as galinhas como se dizia. Lá paras seis horas um banho (não tinha chuveiro elétrico. Ou tomava banho frio ou banho de cuia) vestia o pijama e os pequenos eram ninados com o Boi da cara preta, Xô Xô pavão e outras músicas “calmantes”. Dorival Caymmi compôs uma bela canção de ninar chamada Acalanto para embalar a filha Nana quando nasceu. Assim era a humanidade. Hoje qualquer arquiteto que projete uma casa, hotel ou qualquer lugar de dormir lá estará a TV com desenhos excitantes, filmes de super- heróis para os maiores e tudo isso vai excitando em vez de acalmar e as oito ou 10 horas de sono bom que uma criança deve ter vai pro beleléu. Acorda sonolento, rendimento escolar cai, rótulos de TDA, e pedidos de remédios para dormir melhor. Como disse no início os hábitos mudaram dentro de uma família. Muitos passam para o turno da tarde porque não conseguem rendimento com a escola de manhã e ai o problema piora porque envolve também alimentação em horários inadequados e dormir mais tarde ainda. Se me perguntarem a solução encaminho como Silvio Santos fazia, aos universitários. Disciplina na vida é uma coisa importante e direitos e deveres devem ser hábitos iniciados na infância. Dormir com as galinhas tem hoje outro significado, mas mesmo dormindo com elas aproveite melhor o momento e desligue a TV. Boa noite e bons sonhos.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

CRIANÇAS ESPECIAIS

FERNANDO AZEVEDO

Sou do tempo em que uma criança hoje rotulada como ESPECIAL, uma feliz denominação, não era mostrada à sociedade, envergonhava uma família e não recebia nenhuma atenção do poder público. Às vezes nem se sabia que aquela criança existia, sobretudo se pertencesse à classe mais rica da sociedade, justamente aquela que culturalmente e financeiramente não poderia agir assim. A assistência pediátrica em sala de parto melhorou muito o índice de danos cerebrais por partos difíceis, mas as doenças genéticas mantêm a sua frequência. Outra causa que antes não se incluía era a dos filhos de dependentes de drogas. O crack devasta o binômio mãe/filho, assim como o álcool (síndrome do álcool fetal) tido como droga lícita mantém, sobretudo nas classes sociais mais baixas o seu lugar de destaque. A Síndrome de Down apresenta na minha opinião o melhor exemplo de como se pode inserir socialmente uma criança que antes morria pelas frequentes ma formações cardíacas e hoje em dia é uma criança que chega fácil à vida adulta pelos estímulos e educação especial intensiva. A luta coletiva através de associações de pais é a grande solução para pressionar o poder público a ter a obrigação de assistir adequadamente essa população, crianças que se tornam depois adultas e que pela velhice ou morte dos pais não podem ser abandonadas. O mundo passa a ter consciência do problema e cria DIAS especiais, tais como DIA DO AUTISTA recentemente divulgado. As escolas tem que abrir espaço para receber esse tipo de crianças e fazer com que as crianças saudáveis sejam solidárias e companheiras. As áreas de saúde contam com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, Terapeutas Ocupacionais e outros que deveriam também participar da rede privada de ensino, pois uma criança, sobretudo a partir dos três anos de vida tem que ser inserida na sociedade, estimulada , para minimizar ou resolver seus déficits. Temos o belo exemplo da APAE, AACD, ABBR que foram criadas através de pressão social e esse caldeirão não pode nunca deixar de ferver. O país, no entanto apresenta-se cada dia mais como um a pátria deseducadora porque ninguém se interessa pelo magistério, os cursos acabam ou recebem candidatos de baixa qualidade e desapaixonados por educação. Vem prá rua.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SURGE UMA NOVA DOENÇA

FERNANDO AZEVEDO

Uso a internet profissionalmente, um verdadeiro consultório virtual onde dou diagnósticos por fotos e relatos dentro de certos limites lógico. Também o Facebook me distrai ao rever amigos, brincar e publicar o meu Pediatria e Arte que já é uma criança de quatro anos e é lida no mundo, parece brincadeira. É o Recife escrevendo para o MUNDO. Sirvo-me dela para leitura de artigos nacionais e internacionais e para descarregar minha revolta com a ladroeira no nosso Brasil e com a incrível incompetência dos dirigentes do meu querido Clube Náutico Capibaribe. Acontece que por causa dela a medicina registra uma nova doença, o TRANSTORNO DE JOGOS NA INTERNET (IGD- Internet games desease). Ela incide mais entre jovens de 13 a 18 anos e tem as seguintes características:
1. Jogar por períodos longos
2. Faltar à escola
3. Notas baixas
4. Sonolência
5. Mau humor
6. Preocupações
7. Desistência
8. Intolerância
Enquadra-se na doença quem apresenta cinco desses sintomas.
Preste atenção se seu filho não está viciado. Eu fico horrorizado com a falta de “papo” entre as pessoas hoje, pois adoro conversar e, sobretudo rir. Tenho três papos certos na semana, na quarta feira no Plaza, sexta feira e sábado no Terraço de Cacá. Haja conversa. Tenho um banner na porta do meu consultório em forma de poesia, pedindo para desligarem os celulares na consulta, assim como é desligado no avião. Agora vou me inspirar noutra poesia para proibir jogar enquanto busco um diagnostico e tratamento, mas não são os meninos não, são os pais. Ta ca gota serena!