segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

NATAÇÃO PARA BEBÊS

NATAÇÃO PARA BEBÊS

FERNANDO AZEVEDO

É muito bom comparar épocas. Na minha infância existiam somente duas piscinas em Recife: a do Clube Português e a da Escola de Aprendizes Marinheiros ambas com 25 metros havendo nelas as competições de natação e water-polo. Menino aprendia a nadar no mar e nos rios tendo como “professores” os mais velhos. Não conto os banhos de rio que tomei em Passarinho lá em Beberibe aonde íamos em grupo nas bicicletas logicamente escondido dos pais. Havia também um tanque de cimento no Arsenal da Marinha onde os atletas do Náutico treinavam. Muitos óbitos nessas aventuras. Hoje temos piscinas até nas varandas dos apartamentos, jaccuzis nos banheiros de forma que a possibilidade de acidentes por afogamento se multiplica por milhões. A criança é gerada numa piscina. O líquido amniótico no útero a faz nadar o tempo inteiro e quem já assistiu a um parto em banheira fica boquiaberto com a intimidade com que o bebê nasce naquele ambiente O conselho é o seguinte: a partir dos seis meses de vida matricule o pirralho numa escolinha de natação para que ele ao começar a andar já tenha a possibilidade de sobreviver se cair numa piscina. NUNCA admitir que ele saiba nadar. Vigilância total. Nunca deixar que tome banho sem uma pessoa adulta junto, mas se ele se sentir atraído pela água e pular ou se por acidente ao chegar perto cair, ele tem condições de não submergir de imediato e ser retirado. Procure um local onde ensinem natação para bebês. No nosso clima quente a criança sente necessidade e tem prazer em tomar banhos e é como se diz criança cega a gente.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Artigo publicado no Diário de PE- Será o apelido um bullyng? Sim ou não

Será o apelido um bullyng? Sim ou não

Fernando Azevedo
Recife, terça-feira, 2 de agosto de 2011

Lembro de uma estória contada por meu pai quando trabalhava como estudante na polícia do estado. Um funcionário detestava o apelido de Concriz. Uma vez agrediu violentamente um colega e o caso foi parar na delegacia. O senhor delegado apurou o caso com testemunhas e chamou Concriz. – Tenho provas entre seus colegas que ninguém o chamou por apelido e o senhor feriu seriamente seu companheiro. Responde Concriz: - Ele não me chamou mas assoviou. Caso típico de bullying. Um queridíssimo amigo já morto, de nome respeitável, Jaime de Souza Leão Brito Bastos ligadíssimo ao esporte pernambucano foi presidente da federação de basquete. Viajou ao Rio para encontro com Renato Cunha presidente da CBB. Apresentou-se à secretária com o pomposo nome. Mais de duas horas de espera e ele impaciente falou para a senhorita - Eu já estou cheio com essa espera! Diga a Renato que é Jaime da Galinha que está aqui. Imediatamente surgiu a voz dentro da sala: – Chuta a porta da Galinha.

Caso concreto que apelido não é bullying. No meu caso nunca foi também. Na vida médica sou Fernando, na esportiva Pixoto. Não há um jornal da época que me chame de Fernando e quando gritam meu apelido a infância e juventude me invadem a alma, pois sei que quem está me chamando é um velho e querido companheiro. Expedito Baracho, grande cantor da terra fez uma ultrasonografia e o colega encaminhou-o a um urologista amigo. Baracho ao entrar na sala cumprimentou o médico e disse que tinha sido recomendado por Dr. Silvio – Que Silvio? – Doutor eu só sei que é Dr. Silvio Bombinha, apelido do nosso querido e grande médico Silvio Cavalcanti que sei que adora seu “sobrenome”. E o meu querido Dr. Chicão? O grande economista e boêmio aposentado Dr. Paulo Montezuma, nunca deixou de ser Paulo Oião até hoje. E João Barracão? Muitas vezes o apelido vem de casa.

Tinha um primo, renomado Professor de Química, adorável criatura que sempre foi Fernando Cegueta e seguem-se assim uma infinidade de casos. O apelido jamais será banido. O importante é que o apelidado não leve a sério e não se ofenda. Alguns apelidos são terríveis como é o caso de Flavio Caça Rato grande atacante agora no Santa Cruz. Mudaram para Flavio Recife, mas não pega, é Caça Rato mesmo. Acho até que a imprensa escrita deveria escrevê-lo Kassarato, como quem sabe, um jogador italiano, japonês ou grego. E nosso Zico, Pelé, Laxixa, Caiçara, Ganso, Magrão, Pato? Na música Neguinho da Beija Flor, Cartola, Nelson Cavaquinho, Capiba, Bozó, Jamelão, Sapoti. Spok, Maestro Forró, Caçapa, Zoca, Noite Ilustrada e Xuxa que é homem (nadador) e mulher? È muita besteira pensar que o apelido vai acabar.

Não acabará nunca e não é coisa do Brasil, é do mundo. Viva Nat King Cole, Magic Jonhson e outros monstros sagrados de todas as artes com seus apelidos.

  

Fernando Azevedo
Médico Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TEORIA E PRÁTICA- CONSELHOS PARA O CARNAVAL

TEORIA E PRÁTICA- CONSELHOS PARA O CARNAVAL

FERNANDO AZEVEDO

Esse blog é para os adolescentes e família dos adolescentes. Vamos falar da bebida no carnaval. Quando intitulo o blog de teoria e prática é porque conheço mesmo o assunto e mais na prática ainda. Cuidado com as bebidas misturadas tipo caipiroscas, caipifrutas, vodka com refrigerante, uísque com água de coco porque você não sente o álcool que está entrando e que é absorvido rapidamente. O calor é grande, a alegria geral e com isso a noção da dose certa se perde. A cerveja tem 4% de álcool e as bebidas destiladas 40%. Pelo volume a cerveja hidrata, mas também a quantidade que você toma é maior. As meninas adolescentes que estão enchendo o tanque mesmo, não têm intimidade ainda com a bebida. Essa classe merece orientações maiores. Não é pouco comum vê-las carregadas e se entrar em coma alcoólico às vezes o socorro demorado agrava o quadro. Não resfrie o “bebinho”. Não dê banho frio que ele entra em hipotermia. Aqueça-o, dê um banho bem morno, hidrate, sobretudo se começar a vomitar, faça-o respirar fundo que o álcool vai sendo eliminado pelos pulmões. Há uma queda no nível de açúcar no sangue e essa hipoglicemia causada pela falta de alimentação e desgaste físico também leva a conseqüências graves. Dê coisas açucaradas, coma sempre alguma coisa mais doce enquanto estiver bebendo e não só salgadinhos. Não se esgote no Galo porque ainda tem os outros 4 dias. Dieta branda com frutas, verduras, massas . Deixe a feijoada para um mês depois. Vamos La. Não entre nessa de loló pelo amor de Deus e muito menos em outras terríveis drogas oferecidas, sobretudo a quem não está bem consciente. Ajude seu amigo ou amiga se notar que passou da conta. Carnaval é uma festa que adoro, mas procure a dose certa. Próximo ano tem outro e eu quero vê-lo de novo.

FANTASIAS PARA O CARNAVAL

FANTASIAS PARA O CARNAVAL 

FERNANDO AZEVEDO

Tá chegando a hora. E como eu gosto e vou continuar gostando! Acorda Recife acorda, que já é hora de estar de pé. Quando ouço milhões de pessoas cantando isso juro que arrepia. Direito autoral que é bom é uma mixaria. Mas deixa pra lá. Já escolheu a fantasia do (a) filhote(a)?. Por favor de Batman não. Toda fantasia preta absorve um calor danado e a criança pode até desidratar com o esquente que vai tomar. O Brasil era dos índios. Tai uma boa! Se quiser ficar no intermediário vá escolhendo fantasias de cor clara, evite calor excessivo, água deve ser oferecida com freqüência e alimentação deve ser mais leve e repetida com mais freqüência. Passista, bailarina, palhaço (essa é a minha todo ano, não o mesmo palhaço lógico), colombina e por ai vai enchendo nossas ruas de alegria e preparando os foliões do futuro. Carnaval é uma festa alegre, de confraternização e não ha quem me faça entender a deturpação do espírito carnavalesco. A exploração sexual, distribuição de camisinhas pelo governo, tudo isso acho que não cabe na cabeça dos verdadeiros amantes do carnaval e olhe que conheço um bocado de gente. Tenho certeza que há uma abstinência geral, porque dançando frevo, marchinhas etc. a cabeça está ocupada com outros prazeres. Agora se for bolero, samba canção de roedeira não me responsabilizo. Vamos então para a rua levando alegria começando com o Galo (lógico que tem o pré-carnaval) e senão agüentar o resto cante “ o Galo vai desfilando com beleza e harmonia e o Enéas comandando, e mostrando a alegria de um carnaval, que basta brincar um dia


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A CHUPETA E O DEDO

A CHUPETA E O DEDO

FERNANDO AZEVEDO

Em algumas ultrasonografias vê-se o bebê chupando o dedo e por isso é que sou favorável ao dedo, mas sem implicância com chupeta. O dedo está sempre disponível, a qualquer hora a criança acha. A chupeta quando cai da boca lá vem o berreiro, pois não vai acertar pega-la e colocá-la na boca outra vez. Usar luva no bebê impede que ele tenha essa satisfação de chupar o dedo e no nosso clima tropical permanente a luva não faz parte do vestuário. Desde o útero até os 18 a 24 meses existe a FASE ORAL Freudiana. Tudo a criança coloca na boca e reconhece os objetos assim. É o seu maior prazer e não se deve absolutamente inibir essa fase. Admite-se que muitos fumantes, chicleteiros, roedores de unha , fazem parte dos frustrados da exploração da fase oral. Dizer que dedo é difícil de tirar depois é besteira. Crianças maiores podem até ter esse hábito, sobretudo noturno para acalmarem e dormir. A chupeta também pode ir até anos mais tarde, mas sempre resolve depois. Dar a chupeta para Papai Noel e outras estórias parecidas até que estimulam a criança deixá-la. Tudo que for de sugar deve ser retirado em torno dos dois anos.  Mamadeiras devem ser substituídas por copinhos, comer com colher desde os seis meses as papinhas de frutas e legumes não fazendo essas refeições com alimentos liquidificados. A mastigação ajuda a formação da face desenvolvendo a musculatura e estruturando a arcada dentária. A proibição da chupeta deve ser na fase inicial de amamentação. Primeiro o bebê tem que aprender a mamar. Todos os mamíferos sabem mamar na mãe, mas o bicho homem as vezes não sabe e tem que aprender. Muitas desistências são pela dor provocada pelas fissuras nos mamilos, mastites pelo ingurgitamento do peito, do leite que a criança não consegue sugar por não abocanha-lo bem. Temos hoje excelentes serviços de apoio a amamentação  em clinicas especializadas. Uso de bombas elétricas, ensinamento da técnica de dar de mamar etc. Se nessa fase você der a chupeta ai a confusão é geral.

ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO
Henrique não conseguia dormir, e do quarto reclamava para a mãe:
-Mãe eu não consigo dormir, tem um monstro que não deixa.
-Reze para Papai do Céu e peça para ele ir embora
- Eu já rezei, já pedi, mas ele é muito desobediente

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Matéria publicada no Diário de Pernambuco - A creche e o asilo

A creche e o asilo 
Fernando Azevedo
Recife, quarta-feira, 25 de maio de 2011

Li outro dia, e nem quero tentar rever onde, a seguinte e chocante frase: “Trate bem o seu filho para que ele escolha um bom asilo para você”. Meu Deus! Tive a (in)felicidade de ver meus três velhos morrerem nas suas camas. Em relação à minha tia-mãe, essa decisão não foi minha, pois meu pai era vivo e médico, mas a dos meus pais sim. A companhia de filhos, sobrinhos, parentes, dignificou as suas mortes, fazendo justiça à dignidade de suas vidas. A transferência do idoso para um abrigo é dolorosa. Os bichos, quando desprezados pelas famílias, encontram quem os adote, vejam o fato recente da tragédia de Petrópolis e a fila de adoção na Lagoa Rodrigo de Freitas com mais candidatos que animais a serem doados. O bicho homem ninguém quer. Outro dia meu querido primo/irmão Ricardo Breno, quando conversávamos sobre esse assunto, falou para um filho e um neto: “Se eu ficar belelê me bote na garagem, mas não me tire de casa”. São necessários os asilos? Claro que sim, Mas que não se torne uma rotina se programar a velhice dos familiares em “casas de repouso geriátrico” e outros eufemismos. São necessárias as creches? Lógico que sim, mas também não se programe para uma criança que pode conviver com os pais e avós por uns três ou mais anos, colocá-la em creches e escolinhas tão precocemente. 

Sociabilização é um argumento, aprendizado de habilidades outro, como se uma criança em uma semana não aprendesse tudo que os seus coleguinhas que entraram na creche aprenderam ( e adoeceram) em anos. Não estou falando em deixar os pequenininhos com babás que hoje representam um perigo para maus tratos em uma criança, nem muito menos fiscalizá-las com câmeras como um big-brother neurotizante e permanente. Mas a criança ficar com seus familiares assim como os velhos com filhos e netos quando os têm, representam uma felicidade muito maior e apertam os laços de família que são de grande importância na vida. Ninguém venha me dizer que “conviver com sua geração num abrigo” traz felicidade para um idoso. Ele quer o aconchego familiar, contar histórias da vida, aconselhar os mais novos, ler, discutir assuntos atuais ou mesmo falar dos bons tempos que não voltam mais. A criança quando é levada para a escolinha se agarra com a mãe aos prantos. Esse mesmo sentimento tem o velho, só que não tem mais possibilidade de abraçar alguém pedindo proteção. As visitas vão rareando e cai no esquecimento. 

O estatuto do idoso foi um grande avanço social, pois a falta de respeito crescia velozmente. Sabemos de pais que não merecem esse nome, não merecem nenhuma consideração de filhos, pois nunca deram exemplo para educá-los e amá-los. Alguns merecem a cadeia como pedem os próprios filhos, mas o alerta é para que não se coloque no mesmo saco os bons pais que precisam em respeito ao seu passado receberem as homenagens de filhos noras, genros, netos e bisnetos às vezes. O velho não quer mais bens materiais, não quer nenhum luxo, basta um aconchego, um bom papo e uma ” garagem” para fazê-lo feliz.

Fernando Azevedo
Pediatra
fj-azevedo@uol.com.br