segunda-feira, 24 de setembro de 2012

TOMAR CAFÉ COMO UM REI, ALMOÇAR COMO UM PRÍNCIPE, JANTAR COMO UM MENDIGO.


FERNANDO AZEVEDO

Vocês não imaginam a quantidade de crianças que saem de casa sem tomar o café da manhã. A alegação é que não da tempo, que chegará atrasado ao colégio, que o trânsito é caótico etc. Na verdade não é nada disso, é falta de disciplina, de método de vida. A criança ou adolescente que sai em jejum para o colégio (ou mesmo o adulto para o trabalho) está se prejudicando do ponto de vista nutritivo. A primeira refeição com leite e derivados, soja, cereais, frutas, etc. é extremamente saudável e importante. A substituição lá pelas nove ou dez horas por um lanche no colégio (pizzas, pão de queijo, batata frita, salgadinhos com refrigerantes) termina prejudicando também o almoço. Nessa refeição entram as proteínas das carnes os sais minerais das leguminosas, verduras, as fibras vegetais tão importantes para um bom funcionamento do intestino (também há um grande número de casos de prisão de ventre nessa meninada). Um jantar com a velha sopa tão portuguesa e tão nossa, uma macaxeira, inhame, batata e um sono às 22 horas permite uma digestão fácil e seguramente um apetite matinal seguro. Reveja suas rotinas na casa, acorde pelo menos 15 minutos antes e faça um belo café da manhã. Nos hotéis a gente não aproveita tanto? Está provado em pesquisas que as crianças que jejuam pela manhã têm rendimento escolar bem mais baixo e se associam prisão de ventre o humor desaba. Não é à toa que as anemias por carência de ferro surpreendem quando pedimos esses exames e não é possível acontecer isso em pessoas que tem comida em casa.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O POLÊMICO PARTO DOMICILIAR


FERNANDO AZEVEDO

Vamos retroagir. Foi a nossa geração de pediatras a primeira a entrar na sala de parto graças à luta dos pediatras nossos professores. Foram décadas de debates até arrombar a porta, pois os anestesistas se consideravam preparados para reanimar o recém-nascido e os obstetras assistiam mãe e filho até a queda do cordão umbilical. Ai entrava o pediatra. O pediatra evoluiu para neonatologista e o generalista fica fora da competência para a especialidade. Uma rotina também eram as parteiras, cada maternidade com a sua, senhoras experientes com centenas e milhares de partos feitos e assistidos. A sociedade vai se modificando, o tempo escasso é o argumento para a operação cesariana que era um procedimento de reserva,  e passa a ocupar o evento principal chegando ao absurdo número de mais de 90% dos partos hospitalares na rede privada. Muitos obstetras na primeira consulta dizem logo à cliente que não fazem parto normal. Como o mundo é redondo e da muitas voltas a sociedade se organiza e defende seus direitos sobre o corpo.  A mulher quer parir em parto vaginal EM CASA.  Surgem as enfermeiras especializadas e as doulas, acompanhantes e confortadoras das parturientes. Tenho acompanhado com muito interesse essa discussão, pois tive três filhos em partos normais e continuo ferrenho defensor dele e da amamentação exclusiva. Assisti não uma vez, mas inúmeras, complicações de um parto ao colocar a mulher deitada e sobre anestesia peridural ou raquidiana. Para tudo. Vem as manobras agressivas com o anestesista montado sobre o ventre a aperta-lo e espremê-lo não sabendo que lá dentro há um bebê. A festa lá fora muitas vezes foi interrompida com a notícia do péssimo estado ou morte do neonato. A mulher que faz parte do grupo do parto domiciliar se prepara, conversa, convence-se e colabora. A família tem uma participação especial no conforto à parturiente. Tenho conversado com essas mães e visto filmes que são feitos pelo grupo e realmente emociona. Nascimentos lindos. Risco? Sim como em qualquer evento. A diferença é que as cartas são postas na mesa e a parturiente participa da decisão. O que não entendo é a classe médica estar reagindo ao ponto de considerar infração ética (no Rio de Janeiro) a ajuda pelo médico nas situações de emergência. Proibi-los de participar, proibir hospitais de receber parturientes em dificuldade. No Barão de Lucena vi vários partos no taxi. Chegavam já com a criança nascida. Essa é a via natural. Esperar o trabalho de parto, esperar o rompimento da bolsa e não marcar data para esse acontecimento.  As gestações de alto risco são outro assunto. Essas têm que ser acompanhadas com muitos exames e observação rigorosa e muitas vezes o parto cirúrgico se impõe. Só para complementar os partos nos EEUU, Europa, Canadá são vaginais e sem anestesia. E não é lá o PRIMEIRO MUNDO?

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

LIVROS INFANTO JUVENIS


FERNANDO AZEVEDO

No sábado 25.8.12 fui ao museu do estado para assistir o lançamento pela Cepe de premiados livros infanto juvenis. Ganhei meu dia. Apesar da chuva intensa uma multidão compareceu e era uma alegria para as crianças assistirem uma “contadora de estórias” interagindo com elas, participando com a família daquele evento que só o bom e o bem pode produzir nas suas cabecinhas. É fundamental desenvolver na criança o interesse pela leitura. Veja bem, estudar não é ler, mas ler é estudar. O estudo pela obrigatoriedade de conhecimentos muitas vezes que não perduram, é diferente da leitura que por ser voluntária e prazerosa torna-se ao final um estudo. Li o livro premiado de Maria Amélia Almeida, A CASA MÁGICA, onde se percebe a importância do afeto na vida familiar, na disciplina de vida que é um investimento no prazer eterno de existir. Maria Amélia impregnou-se de coisas boas e inesquecíveis de sua infância, e transporta para o livro todo o lirismo dos cheiros de bolos que se sente ao folhear as páginas, da educação primorosa que recebeu e que se transformou em bônus, em poupança para a garantia de um futuro solidário que repassa como Professora para essas gerações que acompanhou e que ainda cuida. O amor por uma boneca que é um ser vivo, permanece por uma existência. Não se compara ao amor por um personagem temporário de TV. Seu relato talvez represente uma advertência à quase inexistência hoje dos laços familiares entre pais, filhos, avós e netos que são o alicerce sólido para uma construção de valores sociais da educação, respeito, solidariedade, valores importantes para a vida digna e desprendida de desejos materiais exagerados. Na vida basta uma boneca amada, ela não nos abandonará.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CIRURGIA: AMIGDALAS E ADENOIDES-TUBOS DE VENTILAÇÃO


Algum avô ou avó da faixa dos 70 anos ou mais tem amígdalas? Duvido. As infecções da garganta, todas rotuladas como amigdalite, são as mais frequentes nas crianças. No nosso tempo, tempo do início da aplicação da penicilina era difícil tratar infecções em termos gerais. Como as amigdalites  eram as mais repetitivas operavan-se para evitar infecções futuras. Era a verdade da época, totalmente posta abaixo hoje. Acontece que as amígdalas palatinas, linguais, adenoides fazem parte de um sistema linfoide que reage a infecções virais e bacterianas (maioria virais) e não seria a cirurgia capaz de evitar as repetições. Todo esse sistema nos é muito útil, é como um filtro no inicio das nossas vias respiratórias e que nos presta grande serviço. Retira-lo é pecado. Qual a verdade de hoje? Ainda pode haver casos cirúrgicos, mas são bem raros. Em primeiro lugar temos uma antibioticoterapia bem mais eficaz, bem tolerada em uma ou duas doses por dia e tratamentos de no máximo 10 dias. Em segundo lugar o entendimento que é raro nas crianças a necessidade de usá-los, pois a maioria é de origem viral e usar antibiótico é prejudicial. A amigdalite purulenta atinge as crianças geralmente acima dos três anos e esses casos apresentam sintomas mais tóxicos com queda do estado geral, dor, vômitos etc. Como a criança têm infecções repetidas as amígdalas e adenoides crescem e prejudicam a respiração nasal. A criança baba dormindo, tem o sono intranquilo, acorda pela manhã ressacada, prejuízo escolar e pode se notar também déficit de atenção, o falar mais alto, ouvir  televisão com som mais alto que o normal, responde com “o que?” quando lhe fazem perguntas. Esses casos em que o volume do tecido é exagerado, muitas vezes requer cirurgia, só de adenoides ou também deamígdalas e muitas vezes colocam-se os tubinhos nos ouvidos para arejá-los. A melhora é surpreendente. Fica, no entanto essa possibilidade como último recurso, pois ultimamente tratamentos com sprays nasais de corticoide, sobretudo nas crianças que tem rinite alérgica, associada a hipertrofia de adenoides, resolve bem o caso.