segunda-feira, 25 de junho de 2012

AS DORES DE CRESCIMENTO


FERNANDO AZEVEDO

Um fato muito comum é a chamada “dor de crescimento”. Ela tem uma característica importante: acontece de noite, atingem as coxas e batata das pernas, a intensidade é variável podendo a criança chorar de dor mesmo. Massagens, analgésicos, aliviam, a criança dorme e no outro dia está ótima pronta para qualquer parada.
Não confunda com dor nas pernas diurnas, associado a cansaço, às vezes febre baixa, desânimo, e que vai doer no outro dia também. Essas crianças devem ser examinadas e são necessários exames porque muitas vezes com esses sintomas leves pode estar atrás uma doença grave como uma leucemia.
São comuns também dores em calcanhar, joelhos e nas crianças que praticam esportes com mais intensidade podem até prejudicar a participação. Essas também devem ser analisadas por pediatras, ortopedistas, fisioterapeutas no intento de corrigir alguma coisa e melhorar o quadro.
A coluna vertebral também pode apresentar problemas, sobretudo na adolescência e mais naqueles que praticam esportes de impacto. Os exames de imagem hoje em dia são excelentes para um diagnostico correto.
Valorize esses sintomas e não chame de “dor de crescimento” qualquer dor que a criança tenha nos membros inferiores.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CRIANÇA, PROFISSÃO: BRINCAR.

FERNANDO AZEVEDO
Li um maravilhoso artigo na Folha de São Paulo, NA PRESSA E NA PRESSÃO, escrito por Rosely Sayão (psicóloga) que afirma tudo que escrevo e que falo sobre essa neurotização familiar e escolar de adultizar uma criança. Querer que aprenda a ler e escrever precocemente, que tenha atividades educacionais permanentes para “prepará-la para a vida” como já chegou a dizer uma mãe ao tentar matrícula em uma escola. Criança não tem nada a fazer a não ser brincar o dia inteiro. Lógico que os pais devem ler para elas, contar histórias, cantar, colocar músicas boas para que não eduque seus ouvidos com música de baixa qualidade, conviver, passear, esquecer esse massacre cultural, para orgulhosamente comparar o filho de 4 anos que já sabe escrever alguma besteira com outro analfabeto. A criança que é pressionada muitas vezes detesta no futuro, ler, estudar e cumprir obrigações. Torna-se triste ou já nasce triste. Não gosto de me posicionar como exemplo de nada, mas represento uma geração digamos que teve sucesso na vida. Convivo com gente alegre e risonha. Fomos para a escola com seis anos. Aprendemos rapidamente a ler e escrever, pois a “maturidade da idade” facilita. Nada nos preocupava. Quando se ia apara a escola estávamos ávidos para conhecê-la e não se via menino chorando agarrado com a mãe não querendo entrar. Já estávamos maduros. Depois da escola primária, vinha o ginasial, outra época deliciosa na pré-adolescência e adolescência, também sem pressa e sem pressão. Começávamos a conviver com as organizações sociais da gazeta escolar, com seus chefes e subchefes que ditavam o destino. Jogar futebol em Boa Viagem era ótimo, melhor que saber quantos metros tinha o Everest e resolver o teorema de Pitágoras.  Em frente da igreja de Boa Viagem na pracinha, alugava-se calção de banho e lá deixávamos nossas roupas e livros. Lá pra 10h30min já tínhamos feito tudo, pegávamos o bonde ou ônibus e voltávamos tranquilamente para casa.A mãe de um dos nossos, desconfiou da vermelhidão dele e lambeu a orelha. Era sal puro. Haja porrada e muitas risadas dos não lambidos. Outra gazeta boa era Dois Irmãos. Apreciávamos a natureza, aprendíamos a remar nos barcos no lindo lago que havia, não o de hoje lamentavelmente quase seco. Olhávamos os bichos, apreciávamos nossa fauna e se encontrássemos gazeteiras (também havia gazeta feminina) preferíamos explorar a flora, caminhando pela mata e observando as folhas secas do chão. Muito melhor que saber por que Napoleão perdeu a guerra. Se o colégio não oferecia esses prazeres e vivências nós fazíamos a nossa produção independente.  Depois vinha o científico ou o clássico e as tendências se estabelecendo “sem pressa e sem pressão” e sem perceber já estávamos na universidade. Quando a “inexorável” me levar, vou pensar que ainda sou tão criança nos meus 72 anos. Que pena!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O QUE FAZ UMA CRIANÇA FELIZ?


FERNANDO AZEVEDO

A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Instituto Datafolha fizeram uma pesquisa envolvendo 1.525 crianças de 4 a 10 anos. O objetivo foi CONHECER MAIS PROFUNDAMENTE OS DESESJOS E NECESSIDADES DO PACIENTE PEDIÁTRICO.
A frase O QUE GOSTA MAIS DE FAZER QUANDO NÃO ESTÁ NA ESCOLA? Cartão com carinhas de tristeza, alegria e muita alegria foram distribuídos e as crianças respondiam na frente do pesquisador.
MUITO ALEGRE E ALEGRE – Dia do aniversário (96%) praticar esportes (94%), brincar com amigos (92%), férias escolares (91%), assistir TV 90%
MUITO TRISTE E TRISTE – Ficar longe da família (71%)
 O que faz a criança feliz não é o brinquedo, é brincar e conviver com a família e amigos. Ela não é consumista
Preferem a TV quando estão sozinhas. Entre as brincadeiras estão em percentuais decrescentes brincadeiras  de rua, bicicleta, casinha, boneca, esconde esconde. Estudar 4%.
Prestem atenção a essa pesquisa e apliquem. As crianças precisam brincar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A HUMANIZAÇÃO DA CRIANÇA


FERNANDO AZEVEDO

Fiz um curso primário pra lá de excelente. A educadora Eulália Fonseca (Lalu) com o seu avançado Instituto Recife na Rua 48- Espinheiro- estava décadas na frente de outros estabelecimentos. Além dos aprendizados obrigatórios tínhamos aulas de música, eu cantava no orfeon, sabíamos todos os hinos e cantávamos nas solenidades, aprendíamos artes plásticas e trabalhos manuais para apresentação num evento anual, tínhamos um grêmio com presidente secretário etc., aprendíamos a redigir uma ata, passar telegrama, escrever carta, requerimentos, descrever paisagens em quadros para testar a sensibilidade de cada um, plantávamos feijão em algodões molhados para vê-lo brotar, inesquecíveis visitas a indústrias como a Fratelli Vita e a fábrica Pilar e uma série de outras coisas que nos fazia participar da sociedade. Não esqueço minha vida de colégio primário. Depois um desastre que continuo a ver até hoje através de filhos e netos onde a competição e a decoreba estão acima de tudo para a preparação para o vestibular. Mas existem ainda trabalhos excelentes que vocês pais devem saber, apoiá-los e entenderem que isso faz um bem enorme na formação de uma criança. A arte seja ela qual for deve ser mostrada continuamente e cada um escolhe a que mais se identificar. Conheçam EUNICE VAZ CURADO e a sua OFICINA DE JARDINAGEM e vejam que belo depoimento.

“Minha profissão: minha arte, meu dom.

Todas as decisões que tomamos têm implicações na vida, envolvendo algum tipo de risco. Na vida profissional ou social, as decisões que tomamos é que determinam o sucesso ou fracasso, ganho ou pela, vitória ou derrota. Fui professora de educação infantil e sabia que essa era a minha vocação ou melhor, é. Na época que decidi deixar as salas de aulas por vários momentos passou pela minha cabeça que estava tomando uma decisão precipitada, mas resolvi arriscar. Comecei a afazer o curso de paisagismo no centro de estudos paisagísticos do Recife , CEPA. Naquelas aulas aprendi sobre projetos e a arte da jardinagem. No começo não foi fácil, agora é que estou começando a colher os frutos da minha plantação. Certo dia resolvi levar uma filha de minha amiga a uma oficina de arte e aquele local me agradou muito. Voltei para casa e fiquei pensando o que poderia construir naquele ambiente, pois a criatividade é algo que não pode faltar, estou sempre criando, e o que fazia falta naquele momento era trabalhar com o público infantil. E por que não trabalhar? Reservar algumas horas e um dia da semana das crianças eu sabia que estava faltando a motivação que encontrei naquele espaço verde e o meu jardim seria das crianças. Resolvi dar uma vez na semana, oficina de jardinagem para crianças, conscientizando desde cedo sobre a importância da preservação do meio ambiente. Ter a criança como um agente multiplicador dos conceitos de responsabilidade social e ambiental através das oficinas. A primeira oficina trouxe um retorno imediato, não esperava uma resposta tão rápida. Hoje sou solicitada para dar aulas em vários locais e tento conciliar sempre que posso, pois me sinto realizada e tenho muitos outros projetos em mente. A minha motivação vem de uma frase da música de Gonzaguinha: “Eu fico com a pureza das respostas das crianças. É a vida” Minha motivação para continuar fazendo esse trabalho que só tem dado alegria e satisfação”