FERNANDO AZEVEDO
SAFADÕES E SAFADEZAS
Tenho duas carteiras profissionais, a de Médico e a de Músico. Não sei de qual das duas me
orgulho mais. Da empate. Na minha atividade de Médico sou remunerado pelos que podem e
atendo gratuitamente uma porção dos que não podem. Acho o Franciscanismo uma obrigação,
mas tenho contas a pagar a não franciscanos como os supermercados, bancos, postos de
gasolina, seguro saúde etc. Como Músico também sou profissional e franciscano. Franciscano
para entidades beneficentes como o NAAC para quem produzi cinco shows no duro início
dessa entidade, contando com a colaboração de muitos colegas da música que vestiram a
camisa da beneficência.Colaborei também com o IMIP, Hospital Oswaldo Cruz, Festa da
Vitória Régia e outros. Para cantar no Festival Nacional da Seresta quero no entanto o meu
cachê já no camarim e o produtor Roberval que é o mesmo artista cantor Daniel Bueno está lá
com o cheque. Isso se chama responsabilidade e correção. Estou sabendo que o Carnaval da
Prefeitura ainda não foi pago. Estou sabendo que a Paixão de Cristo de José Pimentel ainda
não foi paga. O que é isso minha gente? Os artistas trabalharam e muito! Quando eles estão
no palco eles ensaiaram muitas vezes, desgastam-se- , corrigiram todos os erros para oferecer
ao público o melhor deles, sua arte. Uma vez me chamaram para iniciar um programa de
Serenatas em Olinda junto a Claudio Almeida. Aceitei o convite na hora e treinamos bastante
para fazer uma boa apresentação e foi muito bonita mesmo. Ao fim perguntei sobre o
pagamento. A responsável me informou que seria no dia x na secretaria y. Lá estava eu no dia
e hora marcado. Apresentei -me e pouco depois veio uma funcionária e disse-me: O senhor
volte outro dia, pois não será possível hoje. Na bucha lhe respondi. -Desse sofá eu não saio até
que me tragam o cheque, e não tenho pressa. Em poucos minutos embolsei o meu justo cachê
para dividir com Claudio. Vejo hoje no jornal mais de 100 artistas citados para fazerem shows
em diversos palcos da Prefeitura do Recife e várias do interior. PAGUEM. Os artistas
contrataram condução, pagaram refeições, estúdios para ensaio e merecem respeito.
Concordo com os cachês diferenciados. Não se pode comparar a apresentação de um
principiante com a de um artista já consagrado e conhecido nacional e internacionalmente que
afinal traz luz maior ao evento. Mas deixem de safadezas, pois eles não são safadões. O
cheque tem que estar pronto no final da apresentação. Meus caros colegas artistas, tomem
também posição, reajam e denunciem os contratantes sem medo de perder o palco do ano
seguinte. Só assim a coisa mudará.
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