FERNANDO AZEVEDO
Finalmente apareceu quem eu queria conhecer, o
autor do Bode Gaiato. Recifense, morando em Caruaru e estudando em Campina
Grande. Ele me diverte, mas o importante é que ele está resgatando um linguajar
autêntico do povo nordestino, assim como seus hábitos sociais e de educação. A
pasteurização global do Brasil está extinguindo essa gostosa diferença que
existe entre nós. Já me disseram que a Globo tem fonoaudiólogos para corrigir o
sotaque de quem é mais “carregado”. Acho uma delícia identificar o alagoano.
Basta pedir para contar que quando chega ao oito ele diz otcho. O gaucho com seu
tchê e ba, o baiano porreta, retado e meu rei, o indisfarçável carioca, o
paulista com sua porrrrrrta, o minerim com seu trem e por ai vai. Pernambuco
com seu armaria, vige e ino em vez de indo. Quando assistimos um telejornal e
saem chamando os repórteres de todo o Brasil a fonoaudióloga corrigiu tudo.
Também me disseram que tem cabeleireiros credenciados para que os cortes sejam
iguais. Aí eu vibro com o bode, que mantém os nosso linguajar como ele é, pois
não se pode apagar essa memória num pais continental. Isso é arte falada assim
como J. Borges é arte desenhada e Vitalino arte moldada no barro. Ele é o
Sábado em 30 de Luiz Marinho no teatro. Na reportagem observa-se que pelo facebook milhares de brasileiros estão curtindo e
compartilhando e com essa participação podem estar contribuindo para diminuir o bullying
pois o bode é um sucesso, inimaginável pelo seu autor. Pode colaborar para que
o respeito às diferenças seja mais aceito. O Junin pode ser tese sociológica. Tô INO embora, parando essa escrivinhação,
orgulhoso de ser nordestino e lamentando não ter muito sotaque.
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