FERNANDO AZEVEDO
“Medicina, ciência das verdades
transitórias”. Essa definição é muito feliz, pois o que se aprende mos livros
vai se modificando de uma forma tão vertiginosa que a expressão “o doutor
fulano é atualizado” cai por terra pelo volume mundial de novas teorias e
conclusões. O que o médico não pode e fechar o livro por um dia. Em referência
à Doença Celíaca, aprendi no curso e vi pacientes com o quadro clássico de
diarreia, e pela má absorção de alimentos, consequente desnutrição. Em defesa
da manutenção da vida o organismo ia consumindo o tecido gorduroso e finalmente
a musculatura e havia o sinal clássico da criança com o abdome distendido e
“sem bunda” tal o esgotamento da gordura e musculatura. Com isso déficit de
crescimento e morte pramatura. Com o decorrer dos anos e arredondando para 20
anos, começam com os avanços laboratoriais a descobrirem-se formas atípicas de
Doença Celíaca e que hoje superam em muito as formas típicas. Vejam a
quantidade de alterações atribuídas à intolerância ao glúten, proteína presente
no trigo, centeio e cevada e dúvidas se na aveia. (Alterações
neuropsiquiátricas (esquizofrenia, autismo, depressões graves levando até ao
suicídio, epilepsia, demência) Anemia por deficiência de ferro não corrigível
com reposição) Dermatites herpertiformes, aftas de repetição, infertilidade e
abortos espontâneos, doenças reumatológicas, cardiológicas e renais, Síndrome
de Down (alteração cromossômica), Diabete, baixa estatura e surgirão outras. O
rastreamento se faz com dosagens sanguíneas de anticorpos classe IgA da
antitransglutaminase e endomísio e diagnóstico definitivo por biópsia
intestinal nem sempre accessível. Feito o
diagnóstico o paciente não pode ingerir nada que contenha glúten, mas o diabo é
que pode haver contaminação desde o campo, na moagem, no armazenamento e
empacotamento. Desde 2003 todas as embalagens de alimentos e medicamentos tem
que colocar no rótulo CONTEM GLUTEN ou NÃO CONTEM GLUTEN. Diferente da LACTOSE
onde pode haver uma intolerância temporária a intolerância ao glúten é
definitiva.
Precisamos obrigar a propaganda
de cervejas a maior patrocinadora de quase tudo no Brasil a trocar o BEBA COM
MODERAÇÃO (no meu tempo de copo nunca conheci quem conseguisse) pelo CONTÉM
GLUTEN E MUITO.
Nunca pensei que a doença celíaca pudesse ter consequências tão graves e perigosas. Obrigada pelo alerta!
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