segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CRÔNICAS SOBRE VIAGENS - PORTUGAL  DE SUL A NORTE  

FERNANDO AZEVEDO
Gosto de escrever sobre o que vejo nessas viagens que faço. Gosto de apreciar costumes e comportamentos e por isso não me atrai os programas em resorts onde estão todos numa rede ou cadeira de piscina comendo e bebendo, se deliciando com o all inclusive. Não, não consigo. Quero um hotel duas a três estrelas e rapidamente ir para a rua ver gente e lugares que me despertem atenção. Sou urbano, gregário. Gosto da padaria na esquina e andar a pé. Não tomem essas anotações como a de uma pessoa pretensiosa no assunto turismo, mas de um cronista pequeno


Há cinco anos comecei a viajar por imposição de mulher e do Dr. Carlos Alberto e Fátima. Dizem para onde devo ir, programam tudo e passivamente aceito. Como Portugal é minha pátria familiar aqui venho com muito prazer. Nessas cinco oportunidades sempre descíamos em Lisboa onde fazíamos sede e diariamente saíamos para cidades próximas (Sintra, Óbidos, Fátima( obrigatoriamente todas às vezes)  e em seguida Vila Nova de Gaia do outro lado da cidade do Porto que fica mais confortável para quem está de automóvel. Vamos à Porto de taxi que é barato e não precisa disputar estacionamento. De Gaia partíamos também para cidades próximas como Coimbra, Aveiro, Braga, Viana do Castelo e outras. Dessa vez o roteiro foi diferente. Em Lisboa não ficamos e direto do aeroporto descemos para o Algarve, Faro. Nessa região passamos dois dias inteiros e fomos a Sagres o ponto mais oeste de Portugal, junto ao Oceano Atlântico e visitamos a escola de Sagres, fábrica de navegadores e descobridores. A estrada nessa região é ótima e praticamente vazia. É a zona praieira de portugueses e da  Europa por ter um clima mais quente, com praias sem maior beleza digamos, mas com hotelaria forte, sobretudo em Portimão onde almoçamos e passamos quase o dia inteiro voltando a Faro onde estávamos hospedados. A paisagem lembra nosso agreste, Fazenda Nova, etc. Poucas cidades próximas ou atraentes nesse percurso que diria não ser a primeira opção para quem vem para cá, mas valeu muito conhecê-la para não ficar uma viagem repetitiva. De Faro partimos ontem rodando mais de 500 km até chegar ao Porto. Fazíamos paradas a cada duas horas e pequenos lanches, e inteiros estávamos ao chegar ao fim de tarde.  Sente-se uma brutal diferença entre o norte e o sul de Portugal, sendo o norte bem mais rico e bonito. Há muito verde, as estradas são excelentes também. Da região do Porto saíram os meus ascendentes, o Borges Rodrigues  materno e o Soares de Azevedo paterno. Uma das coisas que mais gosto aqui é ver a minha infância nas casas e lojas comerciais, pois lá estão as cômodas, os guarda roupas, os espelhos, o quadro da ceia de Jesus e as pratarias. Hoje qualquer casa é igual com os terríveis sofás cama, a tv de plasma na parede e as cozinhas iguais às outras das casas de decoração. Aqui não. Vejo a secretária com cortina de madeira e suas gavetinhas, as cadeiras de palha, os lustres (não luminárias sem graça) e a mesa farta que é muito real na canção CASA PORTUGUESA; “Numa casa portuguesa fica bem/Pão e vinho sobre a mesa/quando à porta humildemente bate alguém/senta-se à mesa com a gente... Quatro paredes caiadas/um cheirinho de alecrim... Um São José de Azulejo/duas rosas no jardim. É uma casa portuguesa com certeza, é com certeza uma casa portuguesa, e para essa casa quero voltar sempre até que o bacalhau nos separe.



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