FERNANDO AZEVEDO
Comecei minha vida de médico como Professor da Faculdade de
Ciências Médicas e no Hospital Oswaldo Cruz construí e chefiei o Isolamento
infantil por 10 anos. Assisti coisas dantescas. Epidemia de meningite
meningocócica com muitas mortes e sequelas graves, poliomielite, tétano,
difteria, coqueluche, sarampo, tétano em recém-nascidos. Não eram casos
isolados não, eram enfermarias com essas doenças. Raro o dia em que não fazia
uma traqueotomia para salvar uma criança nas insuficiências respiratórias.
Raiva humana: mais de 20 casos por ano, mais de um por mês. Isso marcou muito
minha vida, sobretudo porque a equipe era pequena e todos eram obrigados a
saber fazer uma dissecção de veia ou uma traqueotomia. Veio a vacina Sabin oral
com vírus vivos atenuados (antes a vacina Salk injetável com vírus mortos) e
pela facilidade de aplicação praticamente extinguiu a poliomielite no mundo
restando focos na África e Índia. A expansão das vacinas contra as doenças
através de calendário regular e campanhas sistemáticas de vacinação trouxe
resultados fantásticos e nenhum médico jovem vê um caso dessas doenças
terríveis nos dias de hoje. Agora surgem grupos de verdadeiros idiotas e assassinos
que não permitem vacinas em seus filhos, um crime previsto em lei. O caso deve
ser denunciado aqui ao Conselho Tutelar. Fanáticos religiosos, sobretudo
americanos estão agora com a facilidade da internet divulgando acidentes que
acontecem com algumas vacinas. Realmente eles podem acontecer de uma forma
milionesimal, sem importância estatística. Já houve casos com a vacina oral
para tuberculose (BCG oral) e continuam a acontecer, sobretudo com as vacinas
de vírus vivos atenuados. Crianças imuno suprimidas podem adoecer da doença
para a qual estavam tentando imunidade. É doloroso acontecer, mas o benefício
para o mundo é incontestável. Há um calendário internacional de vacinações, mas
existem algumas doenças como tuberculose. Hepatite A que não são feitas. Febre
amarela só em situações especiais. A nova vacina contra HPV pode ser
desnecessária em grupos com boa educação ou abstinentes sexuais Outras estão
sendo negligenciadas e com isso estão de volta ao cenário como o Sarampo e a
Coqueluche com recente surto no Recife e Fortaleza. Não se pensa em vacinas
para doenças banais. Pesquisam-se imunizações contra a Dengue, AIDS, Malária,
pois o combate a essas doenças é difícil. Fiquem atentos e não se deixem levar
por essas insanidades. A vacina é obrigatória para as indefesas crianças. Ela
não lhe perdoará se contrair uma dessas doenças.
Você inclui também nesse contexto a vacina contra gripe?
ResponderExcluirTaís (taissiat@hotmail.com)