segunda-feira, 17 de março de 2014

NÃO VACINAR CRIANÇAS: CRIME

FERNANDO AZEVEDO


Comecei minha vida de médico como Professor da Faculdade de Ciências Médicas e no Hospital Oswaldo Cruz construí e chefiei o Isolamento infantil por 10 anos. Assisti coisas dantescas. Epidemia de meningite meningocócica com muitas mortes e sequelas graves, poliomielite, tétano, difteria, coqueluche, sarampo, tétano em recém-nascidos. Não eram casos isolados não, eram enfermarias com essas doenças. Raro o dia em que não fazia uma traqueotomia para salvar uma criança nas insuficiências respiratórias. Raiva humana: mais de 20 casos por ano, mais de um por mês. Isso marcou muito minha vida, sobretudo porque a equipe era pequena e todos eram obrigados a saber fazer uma dissecção de veia ou uma traqueotomia. Veio a vacina Sabin oral com vírus vivos atenuados (antes a vacina Salk injetável com vírus mortos) e pela facilidade de aplicação praticamente extinguiu a poliomielite no mundo restando focos na África e Índia. A expansão das vacinas contra as doenças através de calendário regular e campanhas sistemáticas de vacinação trouxe resultados fantásticos e nenhum médico jovem vê um caso dessas doenças terríveis nos dias de hoje. Agora surgem grupos de verdadeiros idiotas e assassinos que não permitem vacinas em seus filhos, um crime previsto em lei. O caso deve ser denunciado aqui ao Conselho Tutelar. Fanáticos religiosos, sobretudo americanos estão agora com a facilidade da internet divulgando acidentes que acontecem com algumas vacinas. Realmente eles podem acontecer de uma forma milionesimal, sem importância estatística. Já houve casos com a vacina oral para tuberculose (BCG oral) e continuam a acontecer, sobretudo com as vacinas de vírus vivos atenuados. Crianças imuno suprimidas podem adoecer da doença para a qual estavam tentando imunidade. É doloroso acontecer, mas o benefício para o mundo é incontestável. Há um calendário internacional de vacinações, mas existem algumas doenças como tuberculose. Hepatite A que não são feitas. Febre amarela só em situações especiais. A nova vacina contra HPV pode ser desnecessária em grupos com boa educação ou abstinentes sexuais Outras estão sendo negligenciadas e com isso estão de volta ao cenário como o Sarampo e a Coqueluche com recente surto no Recife e Fortaleza. Não se pensa em vacinas para doenças banais. Pesquisam-se imunizações contra a Dengue, AIDS, Malária, pois o combate a essas doenças é difícil. Fiquem atentos e não se deixem levar por essas insanidades. A vacina é obrigatória para as indefesas crianças. Ela não lhe perdoará se contrair uma dessas doenças.

Um comentário:

  1. Você inclui também nesse contexto a vacina contra gripe?

    Taís (taissiat@hotmail.com)

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