segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O REI MOMO E O FEBEAPA

O REI MOMO E O FEBEAPA

FERNANDO AZEVEDO

Ai que saudade de Sergio Porto o Stanislaw Ponte Preta genial cronista carioca. Teria material farto para ilustrar o seu FEBEAPA. Para os mais novos que não o conheceram, a sigla queria dizer Festival de Besteiras que Assola o País.  A decisão de acabar com Rei Momo gordo para não incentivar a obesidade é de lascar! Como se um pai ou mãe planejasse engordar um filho para que no futuro ele se candidatasse a Rei Momo. Trocar o nosso personagem secular do carnaval por um garoto “sarado” com barriga de tanquinho é uma decisão que tem que ser levada a Stanislaw onde quer que ele esteja. Lógico que a obesidade deve ser combatida logo no período de recém nascido e por isso lutamos tanto pela amamentação até os dois anos de vida e combatemos permanentemente os famosos salgadinhos e biscoitos recheados grandes vilões da obesidade infantil. Mas daí para imaginar um mundo sem gordos é uma utopia sem limites e querer tirar do gordo a alegria de ser o Rei Momo uma injustiça. Uma das maiores inteligências de Pernambuco foi o nosso querido Enéas Alvarez e aceitou ser o Rei, e o maior que nós tivemos. Nenhum carnavalesco o esquecerá. Em toda sociedade existem os pequenos (jóqueis, ginastas olímpicos) os grandes (jogadores de vôlei e basquete, nadadores,tenistas) os magros (corredores de maratonas)  os obesos (lutadores de sumô) os feios (maioria absoluta) e os bonitos que de tão raros são caçados por agências de modelos etc. A  figura de Rei Momo tem que ser exercida obrigatoriamente por um gordo e não por um boyzinho desnudo e musculoso. A coroa não lhe pertence. Estamos com isso descaracterizando o nosso folclore, os nossos folguedos, a nossa história. O carnaval de Pernambuco passou por uma fase de enorme decadência. O triste mela-mela afastou muita gente das ruas, os clubes deixaram de fazer seus famosos bailes com orquestras locais e do sul. O Galo da Madrugada com o intransigente Enéas Freire retomou a nossa festa autêntica. Voltaram as fantasias, crianças e velhos nos blocos, o Recife antigo em festa, turistas de todas as partes do Brasil e do mundo nos visitando e deixando nossa economia aquecida. Alguns não carnavalescos quiseram deturpar Olinda com os Ensaboados e Mangados, logo reprimidos e extintos. Caixas de som recolhidas pela polícia para que os blocos pudessem manter o que Pitombeiras e Elefante e Ceroulas criaram. O carnaval multicultural não me soa bem. Maracatu, Blocos, caboclinhos, Boi,clubes de frevo isso sim. Mas já estão entrando outras coisas como o forró (todo nosso e gostoso) o terrível brega e o rock que tem o ano todo para eles. A idéia de pólos em todos os bairros é ótima, mas abrir carnaval com shows de artistas do sul cheira mal. O Marco Zero é palco pernambucano.  Que venha todo o Brasil nos ver e reverenciar os nossos valores beijando a mão do Rei Momo Gordo, o autêntico Rei do Carnaval.

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