FERNANDO AZEVEDO
Lamentei muito a morte de um
querido primo semana passada e a causa mortis não foi doença. Estava ótimo. Se
tivesse de assinar o atestado colocaria: modernidade. Quando eu tinha meus trinta
para quarenta anos fui aos Estados Unidos e lá aluguei um carro. Pela primeira
vez dirigia eu um carro de transmissão automática e achei uma maravilha. No meu
pensamento a partir daquele momento não queria mais saber do terceiro pedal e
de passar marchas. Tinha quem fizesse por mim. Ao voltar comprei um Dodge
Charger automático e sai por ai até que com a dificuldade de peças e manutenção
na época, comprei um Maverick com quem fui casado por 12 anos e voltei a passar
marchas daí em diante. Minha frota hoje é composta de um Renault Scenic 2005
(já extinto da linha) e um Renault Clio 2007 seu irmãozinho também já não
fabricado. Ainda existem nos dois, botões que não sei para que servem. A
quantidade de carros de transmissão automática avança e praticamente as
embreagens vão desaparecendo. O painel tem telas, botões, a direção é cheia de
dispositivos para “facilitar” e dar segurança ao motorista. Acredito que todas
essas invenções são excelentes para os jovens e não para os idosos como eu.
Aprender como manusear tanta coisa termina causando problemas. Foi o que aconteceu
com meu primo que morreu devido a um auto- atropelamento por um auto automático.
Ao chegar em casa a esposa ao descer caiu e ao sair do carro para socorrê-la o
carro em marcha para frente o atropelou
causando grave lesão de partes moles e ossos da perna e pé que obrigou-o a
cirurgias e hospitalização de três meses morrendo de complicações infecciosas..
Recentemente uma senhora ao sair do estacionamento do hospital na Rua Joaquim
Nabuco perdeu o controle, batendo em carros e ônibus. Em outro hospital um
colega também coroa destruiu um taxi e mais dois carros. Em Olinda uma amiga
passou marcha ré sem perceber e na abertura do sinal ela andou para trás
subindo no capô do carro que a antecedia. Todos esses acidentes e outros que
não sei (esses são pessoas conhecidas e todos idosos) mostram que estatística é alta no meu entender e às vezes
fatal, portanto pense bem antes de comprar um carro novo cheio de invenções.
Pra mim basta a direção, três pedais e saber onde acende a luz. Os projetistas
me desculpem, mas meus carros também idosos, me acompanharão até que me cassem
a carteira de motorista. Também não precisam passar de oitenta quilômetros nas mais belas estradas e trinta a quarenta
na cidade. Sei que irrito meus caronas mas o carrinho é meu e nele eu mando.
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