FERNANDO AZEVEDO
Temos uma reunião semanal aos sábados
no chamado Terraço Cultural, casa do meu primo Ricardo Breno. Como o apelido
dele (ou nome) é Cacá, o outro primo Reinaldo Oliveira batizou-o de Acacademia.
Lá discutimos os assuntos mais variados e saímos sempre aprendendo alguma coisa
sem nenhuma pretensão do eruditismo. Há três semanas fui eu o conferencista e
abordei o tema A CRIANÇA ANTES E DEPOIS DE CRISTO. Expus os séculos de
sofrimento infantil em todas as civilizações, o infanticídio praticado por quase
todos os povos, a altíssima mortalidade infantil, o desconhecimento total da
medicina pediátrica que só em 1892 foi iniciada na Alemanha como cadeira
curricular, o primeiro hospital pediátrico do mundo na França e a partir de
1898 Arthur Moncorvo de Figueiredo que foi para a Europa aprender essa
especialidade, a introduziu no Brasil e graças a ele sou hoje Pediatra. Ele é o
pai de todos os Pediatras do Brasil. Em todas as civilizações o homem era o
provedor, o guerreiro e a mulher a responsável pela infância. No Brasil
descoberto por Portugal isso também foi notado e escrito em cartas por Pero Vaz
de Caminha. Chego então ao início da minha vida que começa em 1940. Nas
memórias da infância TODAS as mulheres da família eram mães e depois avós.
Nenhuma mãe de amigos meus trabalhava e nem pensar em dirigir um automóvel
coisa também rara na época. Calça comprida? Nem pensar! Muito comum a poligamia
só descoberta com a entrada de outras famílias no velório do homem íntegro e
respeitável. Colégios masculinos e femininos. Raros mistos. Entro na Faculdade
e numa turma de 42 alunos só cinco mulheres.
Dou então às mulheres de hoje os
maiores parabéns às suas vitórias na vida social e acadêmica. sendo motivo de
real orgulho embora haja muito a fazer ainda, sobretudo os salários desiguais.
Mulheres militares, quem pensaria?
Vem agora o outro lado da moeda.
O pai que jamais preparava uma comida para o filho ou lhe dava um banho mudou
muito. Hoje participa de tudo, e muitos são os DONOS DE CASA e a mulher a que
traz o dinheiro para o sustento.
Uma coisa, no entanto a infância
está levando desvantagem. Com a mulher na luta diária muitas crianças perderam
a mãe e também a avó e isso faz uma falta danada, pois são seres insubstituíveis
na constelação familiar. Antes havia babás super cuidadosas e que acompanhavam
uma família por décadas. Hoje são de ruins a péssimas. Raríssimas exceções.
Surge a creche e a escolinha
precoce e só tende a crescer, mas faz muita falta no alicerce de uma criança a
“bela (todas são) recatada (não tão necessário) e do lar”.
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