segunda-feira, 13 de março de 2017

MUDANÇA DE VENTOS SOCIAIS



FERNANDO AZEVEDO 

Temos uma reunião semanal aos sábados no chamado Terraço Cultural, casa do meu primo Ricardo Breno. Como o apelido dele (ou nome) é Cacá, o outro primo Reinaldo Oliveira batizou-o de Acacademia. Lá discutimos os assuntos mais variados e saímos sempre aprendendo alguma coisa sem nenhuma pretensão do eruditismo. Há três semanas fui eu o conferencista e abordei o tema A CRIANÇA ANTES E DEPOIS DE CRISTO. Expus os séculos de sofrimento infantil em todas as civilizações, o infanticídio praticado por quase todos os povos, a altíssima mortalidade infantil, o desconhecimento total da medicina pediátrica que só em 1892 foi iniciada na Alemanha como cadeira curricular, o primeiro hospital pediátrico do mundo na França e a partir de 1898 Arthur Moncorvo de Figueiredo que foi para a Europa aprender essa especialidade, a introduziu no Brasil e graças a ele sou hoje Pediatra. Ele é o pai de todos os Pediatras do Brasil. Em todas as civilizações o homem era o provedor, o guerreiro e a mulher a responsável pela infância. No Brasil descoberto por Portugal isso também foi notado e escrito em cartas por Pero Vaz de Caminha. Chego então ao início da minha vida que começa em 1940. Nas memórias da infância TODAS as mulheres da família eram mães e depois avós. Nenhuma mãe de amigos meus trabalhava e nem pensar em dirigir um automóvel coisa também rara na época. Calça comprida? Nem pensar! Muito comum a poligamia só descoberta com a entrada de outras famílias no velório do homem íntegro e respeitável. Colégios masculinos e femininos. Raros mistos. Entro na Faculdade e numa turma de 42 alunos só cinco mulheres.
Dou então às mulheres de hoje os maiores parabéns às suas vitórias na vida social e acadêmica. sendo motivo de real orgulho embora haja muito a fazer ainda, sobretudo os salários desiguais. Mulheres militares, quem pensaria?
Vem agora o outro lado da moeda. O pai que jamais preparava uma comida para o filho ou lhe dava um banho mudou muito. Hoje participa de tudo, e muitos são os DONOS DE CASA e a mulher a que traz o dinheiro para o sustento.
Uma coisa, no entanto a infância está levando desvantagem. Com a mulher na luta diária muitas crianças perderam a mãe e também a avó e isso faz uma falta danada, pois são seres insubstituíveis na constelação familiar. Antes havia babás super cuidadosas e que acompanhavam uma família por décadas. Hoje são de ruins a péssimas. Raríssimas exceções.
Surge a creche e a escolinha precoce e só tende a crescer, mas faz muita falta no alicerce de uma criança a “bela (todas são) recatada (não tão necessário) e do lar”.

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