terça-feira, 29 de novembro de 2016

O DECLÍNIO DA AMAMENTAÇÃO



FERNANDO AZEVEDO 

A luta pela alimentação da criança com leite materno é antiga. Posso afirmar que nos anos 70 pela luta de nossos Professores e campanhas intensivas de comunicação, criação de grupos de incentivo, campanhas com artistas de televisão e uma verdadeira doutrinação dos médicos jovens, alcançamos no Brasil um índice muito bom. As pessoas mais pobres entenderam muito bem que seus filhos eram muito mais saudáveis e a economia sorria no bolso de cada um no fim de cada mês. Além do mais, remédios também não eram comprados porque a criança não adoecia. Outro marco da nossa geração de Pediatras é a entrada na sala de parto, antes propriedade do obstetra e do anestesista, ambos sem nenhum conhecimento do que hoje se chama neonatologia. Havia a famosa imagem do bebê seguro pelos pés e de cabeça para baixo, levando tapa nos pés para chorar. Hoje a Neonatologia salva muitas vidas.
O que chateia é ver nas altas dos recém-nascidos a prescrição frequente de um leite alternativo se houver dificuldade com a amamentação.  Lógico que existem algumas dificuldades.  A “subida do leite” acontece após 72 horas geralmente, são frequentes por má pega pequenas fissuras dolorosas nos mamilos e nem sempre a boca da criança fica na posição adequada. Se a prescrição fosse: “Se houver alguma dificuldade procures clínicas que ensinem técnicas de amamentação” tudo bem, mas a prescrição da lata do leite é terrível.
Outra coisa estressante para a mãe é a dieta imposta durante a gestação, modificando completamente os hábitos alimentares introduzindo a famosa “dieta saudável”. Dieta saudável é aquela que exclui o álcool e o terrível cigarro. O resto é conversa sem provas nem documentos.
No pós-parto lá vem também a proibição de uma série de alimentos que podem dar cólicas no bebê e retiramdo feijão, o leite, os produtos com lactose e glúten tudo isso obedecendo a falsas verdades que esses alimentos podem trazer alergias às crianças.  Com isso a mãe tensa e nervosa por não poder comer, começa a produzir menos leite para o delírio dos fabricantes de fórmulas cada vez mais caras e que não cabem no orçamento familiar gerando com isso as ações judiciais para que o Estado pague esses leites.
Finkelstein, um Pediatra alemão dizia: “Criança que mama no peito não adoece e se adoecer não morre” Verdade eterna.
É fundamental a conscientização da importância da amamentação e que voltem as campanhas os exemplos e o preparo nas Faculdades de médicos que segurem essa bandeira que está sendo abandonada

Nenhum comentário:

Postar um comentário