FERNANDO AZEVEDO
VAQUEJADAS, RODEIOS, E OUTRAS COISAS MAIS.
Tenho uma cena inesquecível na minha cabeça, gravada na
infância. O corte do rabo de um cachorro na casa de meu padrinho Henrique.
Assisti porque foi um espetáculo público e todo menino é curioso. Chegou o
executor, amarrou fortemente com um barbante o rabo do cãozinho que as gritos
de dor reclamava e logo após, bem contido, colocou o facão sobre o rabo abaixo
do barbante e meteu o martelo. Em seguida colocou cinza do fogão sobre a ferida
e tarefa cumprida. Todos os adultos em seu estado normal e eu extremamente
triste. Ato brutal. No cinema comecei a assistir as touradas um dos atos mais
covardes onde o homem com sua prepotência e demonstrando sua habilidade para o
mal, sangra um animal inofensivo até o golpe final. A plateia delira. Agustín Lara compõe GRANADA (tierra ensanguentada
de sangue de toros). Lá vem os circos da minha infância com leões. elefantes,
cachorros, enjaulados e a viajarem pelo mundo sob o domínio do homem para
mostrar que é um ser superior. Depois os jardins (?) zoológicos com animais de
todos os portes fora do seu habitat natural, longe dos seus pares, para serem
apreciados pelo homem. No Espinheiro bairro de minha infância e juventude no
Recife as brigas de canário e galos em rinhas onde o homem ganhava e perdia
dinheiro. Galos com esporões recobertos com aço pontiagudo. Sabe-se até da
anedota de um sulista que chegou cheio de dinheiro numa rinha de galo e
perguntou a um velhinho frequentador que ao forasteiro foi indicado como grande
conhecedor dos galos.
-Meu amigo vou apostar nessa briga e qual é o galo BOM?
- Aquele, aponta o velho. O apostador joga todas as suas
fichas no galo indicado que com dois minutos de luta já estava morto.
- Perdi muito dinheiro, o senhor não disse que o que morreu
era o bom?
- Disse mesmo. Aquele era o galo BOM o outro é que era o
MALVADO.
Jânio Quadros proibiu briga de galo, de canário e biquíni
nas praias com sua doidice. O Supremo Tribunal Federal decide acabar com as
vaquejadas numa canetada semelhante à de Dutra com os cassinos em 1946. Não
acaba com os rodeios cujo maltrato aos animais é estúpido, pois o touro pula
daquele jeito por espremerem os seus testículos com uma cinta.
Sou contra ideologicamente a qualquer ofensa a animais.
Sempre tive revoada de passarinhos sendo meu último reduto o consultório, já
que o engaiolado agora sou eu. Acho somente que o ato deveria dar um prazo para
a proibição das vaquejadas que representam um sustento para uma população pobre
que precisa aprender outros ofícios. Por outro lado estranho a manutenção dos
rodeios, onde o mau gosto impera e assistimos o aperto dos testículos dos
animais e dos nossos com os cantores e a música que domina atualmente o Brasil.
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