segunda-feira, 3 de outubro de 2016

CARMEN MIRANDA

PEDIATRIA E ARTE

FERNANDO AZEVEDO

Tinha 15 anos quando Carmen Miranda morreu em 1955 e seu corpo transladado para o Rio de Janeiro para aqui no Brasil ser enterrado. Cumpriram seu desejo. Suas imagens em revistas e jornais ficaram na minha memória. Depois, ha muitos anos atrás, fui visitar o Museu Carmen Miranda onde lá estão expostos seus pertences, sobretudo o vestuário: turbantes, sapatos, baianas, colares etc. Suas músicas conheço de cor quase todas e sempre nutri uma enorme admiração por ela. Uma grande mentira foi disseminada dizendo que os americanos a prestigiaram e a endeusaram porque queriam que o Brasil ficasse favorável aos eles e não aos alemães na Segunda Grande Guerra Mundial.  Não havia nem guerra quando Carmen foi levada para os Estados Unidos pelo empresário Schubert, dono de mais de 100 teatros nos Estados Unidos depois de vê-la num show no Cassino da Urca. Ruy Castro escreveu (como sempre o faz) um livro maravilhoso, CARMEN, onde detalha com riqueza e profundidade o que foi a vida dessa extraordinária artista que jamais será superada pelos séculos que virão pela frente. Carmen conquistou com sua arte o Brasil, Argentina, os Estados Unidos, Cuba, e Europa.
Ontem à tarde no Terraço Cultural, um espaço de convivência raro ou raríssimo na casa do primo-irmão Ricardo Breno, junto a outras pessoas que comparecem para dissertarem sobre os mais diversos assuntos sem nenhuma pretensão de erudição, falei sobre ela. A cada sábado voltamos mais informados sobre as coisas belas da vida.
Carmen foi vítima do seu talento. O disco, o show em teatros, o cinema, as entrevistas e propagandas faziam com que ela dormisse duas horas por dia, devido à ganância dos empresários e não dela que nunca deu a menor importância a dinheiro. Começou a tomar drogas permitidas na época – anfetaminas - para mantê-la acordada e barbitúricos para dormir. Posteriormente o álcool e o cigarro foram os adjuvantes de sua morte aos 46 anos de idade.
O problema continua e os artistas vivem sendo explorados por empresários inescrupulosos que o programam para uma vida estafante e perigosa, com morte nas estradas e em aviões (lembrem o Mamonas Assassinas) que partem em condições metereológicas adversas só pelo compromisso no palco seguinte.
Carmen Miranda deveria ser assunto de livros de História do Brasil. No mundo artístico ninguém a superará.


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