FERNANDO AZEVEDO
Gostava mais do nome Paraolímpicos,
mas assisto entusiasmado essas competições. Pelos jogos em si e pela profunda
transformação social, pois no meu tempo de criança, todo esse pessoal com
alguma deficiência física recebia adjetivações chocantes, como aleijado,
paralítico, cego. surdo ou mouco, débil mental, mongol e vai por aí.
Completamente dissociados da sociedade. Famílias escondiam os portadores de
deficiência e também não havia especializações para a integração dessas
crianças, futuros adultos dependentes e excluídos. Conheci uma família rica que
tinha um filho com franco retardo mental e a mãe tentava convencer às pessoas
que ele falava inglês fluentemente, inglês aprendido no cinema, tal o grau de
inteligência dele. Felizmente tudo mudou. Nos concursos há vagas obrigatórias
para os portadores de deficiência, os portadores de Síndrome de Down estão
chegando às universidades e aos meios artísticos, os surdos com implantes
cocleares, os com deficiência visual com cães guia, sinais sonoros de
advertência, sensores, literatura accessível. Próteses robóticas cada vez mais
precisam e a incrível vida atlética impensável antigamente é uma realidade que
orgulha o cidadão com esses jogos onde se vê até maior sentido esportivo e de
confraternização do que entre os “normais”. Não haverá nadador americano
mentindo e nem distribuição de camisinhas diárias (pelo menos não ouvi nem li
nenhuma descrição desse ritual). Tenho certeza que as comemorações serão muito
mais puras e a formação da consciência social, mais duradoura. Todo apoio aos Paralímpicos
e que pena a Rússia oficializar o doping pelo governo, retirando das
competições Oliípicas e Paralímpicas a oportunidade de revelar ao mundo seus
talentos. Coisa de governos totalitários, lamentável.
Mais uma vez o Brasil e o Rio de
Janeiros dão um show. Não acontecerá no mundo nenhum evento que se compare ao
que foi e está sendo feito na Cidade Maravilhosa. Isso nos orgulha e muito
diferente da Copa do Mundo o “legado” ficou. O zoológico do Rio de Janeiro não
terá elefantes brancos.
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