terça-feira, 13 de setembro de 2016

OS JOGOS PARALÍMPICOS



FERNANDO AZEVEDO

Gostava mais do nome Paraolímpicos, mas assisto entusiasmado essas competições. Pelos jogos em si e pela profunda transformação social, pois no meu tempo de criança, todo esse pessoal com alguma deficiência física recebia adjetivações chocantes, como aleijado, paralítico, cego. surdo ou mouco, débil mental, mongol e vai por aí. Completamente dissociados da sociedade. Famílias escondiam os portadores de deficiência e também não havia especializações para a integração dessas crianças, futuros adultos dependentes e excluídos. Conheci uma família rica que tinha um filho com franco retardo mental e a mãe tentava convencer às pessoas que ele falava inglês fluentemente, inglês aprendido no cinema, tal o grau de inteligência dele. Felizmente tudo mudou. Nos concursos há vagas obrigatórias para os portadores de deficiência, os portadores de Síndrome de Down estão chegando às universidades e aos meios artísticos, os surdos com implantes cocleares, os com deficiência visual com cães guia, sinais sonoros de advertência, sensores, literatura accessível. Próteses robóticas cada vez mais precisam e a incrível vida atlética impensável antigamente é uma realidade que orgulha o cidadão com esses jogos onde se vê até maior sentido esportivo e de confraternização do que entre os “normais”. Não haverá nadador americano mentindo e nem distribuição de camisinhas diárias (pelo menos não ouvi nem li nenhuma descrição desse ritual). Tenho certeza que as comemorações serão muito mais puras e a formação da consciência social, mais duradoura. Todo apoio aos Paralímpicos e que pena a Rússia oficializar o doping pelo governo, retirando das competições Oliípicas e Paralímpicas a oportunidade de revelar ao mundo seus talentos. Coisa de governos totalitários, lamentável.
Mais uma vez o Brasil e o Rio de Janeiros dão um show. Não acontecerá no mundo nenhum evento que se compare ao que foi e está sendo feito na Cidade Maravilhosa. Isso nos orgulha e muito diferente da Copa do Mundo o “legado” ficou. O zoológico do Rio de Janeiro não terá elefantes brancos.

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