FERNANDO AZEVEDO
O título pode dar a entender que estou ficando meio maluco,
mas na descrição do pensamento vão concluir que ainda sou o mesmo. Já conversei
aqui sobre umas reuniões que fazemos nos sábados à tarde na casa de um primo
Ricardo Breno (Cacá) no seu terraço conhecido como Terraço Cultural e já também
apelidado por Reinaldo de Oliveira de Acacádemia. Sem nenhuma pretensão de
erudição discutimos os mais diversos assuntos e assim aprendemos uns com os
outros. Ontem mesmo André Carneiro Leão fez uma palestra memorável sobre
Francisco Brennand. Vida e obra. Inesquecível e enriquecedora. Np sábado
anterior convidei uma querida cliente e amiga Maria Cláudia, mineira de Três
Corações e Procuradora do Estado de Pernambuco. Sua paixão: viagens, esportes e
TÊNIS, sobretudo. Ela foi VOLUNTÁRIA nos Jogos Olímpicos, Dois anos antes se
abrem inscrições em todo o mundo para a participação dos voluntários e sem eles
simplesmente não se pode fazer os Jogos. O candidato passa todas as suas
informações em reação a dados pessoais como profissão, idade, habilidades,
línguas que domina etc. Durante esses dois anos são feitas provas e cursos
on-line até a escolha final que para ela caiu justamente como um presente no
dia do seu aniversário em Junho. Ficaria
designada para a área de tênis, sua paixão, mas como BOLEIRA. Saio um pouco do assunto Jogos Olímpicos e
entro no trabalho infantil. Quando eu era criança ganhava uma semanada que dava
para ir ao cinema Espinheirense, comprar bombom
da Renda Priori, guaraná Fratelli Vita, mas me virava com uns extras,
ciscando quintal, encerando a sala e quartos da casa com cera Parquetina e
enceradeira Electrolux de três escovas trocadas a cada fase do enceramento. Trabalho infantil não escravo. colaborador e
educador. Volto ao tênis. Em todos os campeonatos mundiais de tênis você vai
ver como boleiros, crianças e pré-adolescentes ajudando os campeões
passando-lhes as bolas com precisão e entregando toalhas para enxugarem mãos e
rosto. Na Copa do Mundo faz parte da solenidade a entrada em campo de cada
jogador acompanhado de uma criança. A finalidade, além de proporcionar a
felicidade e o sonho de uma criança de participar do ato é também o da
responsabilidade lúdica, digamos. Momento inesquecível para elas. Minha querida Maria Claudia, voluntária que
pagou todas as suas despesas como passagem, alimentação, moradia temporária
(ela no caso ficou em casa de um casal amigo), quarenta anos e um quebradinho
como se diz, mãe de dois filhos, portadora de hérnia de disco lombar com dores
incômodas diárias ficou curada com a profissão de boleira de tênis, mas se não
tem direito de entrar no Estatuto do Idoso para evitar exercer esse trabalho
exaustivo de horas incalculáveis de uma partida de tênis, poderia ter sido
beneficiada se a LEI DO TRABALHO ESCRAVO INFANTIL no Brasil fosse FATIADA e
permitissem que crianças sorrissem trabalhando e não sofressem. Ser voluntário
de Jogos Olímpicos é um sonho. Sem os voluntários simplesmente eles não
existiriam e tenho certeza que Claudia já está pensando no Japão. Lá as
crianças japonesas que limpam suas escolas, preparam as refeições dos colegas,
apanham o lixo deixado nas tarefas exercidas estão acostumadas a essa dureza do
trabalho infantil. Aqui com a proibição o governo prefere que eles cheirem
cola. Vamos FATIAR? Será que precisa ir ao STF?
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