segunda-feira, 4 de março de 2013

STRESS E DEPRESSÃO INFANTIL


FERNANDO AZEVEDO

Insisto no tema porque as doenças somáticas claro que me metem medo, mas cada dia têm mais recursos para tratá-las ou evitá-las através de vacinas etc. Com 50 anos de Medicina vi acabar a Poliomielite que tratei  com enfermaria de crianças doentes. Fazia às vezes mais de uma traqueotomia por dia para salvar diftéricos.  Sarampo, terrível Sarampo. Raiva humana mais de um caso por mês. Tétano de recém-nascido era tantos que às vezes colocávamos o bebê em caixas de papelão como se fosse uma incubadora. Em crianças maiores nem se fala. Acontece que curados estavam curados, Claro que fica uma lembrança desse trauma. A doença psíquica é que me assombra mais e ela cada dia é mais presente e os fatores determinantes continuados e muitas vezes sem possibilidade de mudanças. São famílias desfeitas com educação e valores divididos entre o período que a criança fica com o pai ou com a mãe, brigas, cansaço dos pais, falta de lazer em fins de semana e uma série de outros itens. A entrada precoce na escola por falta de quem cuide tira o prazer da criança estar em casa com seus brinquedos e com seu mundo. A vida escolar hoje dependendo da idade da criança quase que obriga do ponto de vista social, que tenha outras atividades: inglês, esportes, tudo isso depois de uma manhã de atividades somadas ao terrível trânsito para chegar a casa almoçar e enfrentá-lo novamente nessas atividades extracurriculares que muitas vezes a criança não quer fazer. Se praticam esportes que justamente serve para o “mens sano in corpore sano” não o fazem por diversão e sim competindo desde a mais tenra idade com pais muitas vezes projetando-se nas crianças exigindo gols, ipons e nocautes. Não pode dar certo. Com isso, no mundo todo aumenta a depressão na infância e esse stress não tem cura, pois é a fôrma do futuro adulto. O diagnostico do stress e depressão infantil não é difícil. Regressão, crianças que voltam a não controlar esfíncteres, dormem mal, são mal humoradas e irritadiças ou ao contrário tristes e caladas. Roem unhas, voltam a chupar o dedo, etapa já vencida na vida deles. Queda do rendimento escolar. Enviar para o Psicólogo. Muito bem. Acontece que a doença é ambiental. Tem que mudar TUDO. Resultados pífios. O ano começa depois do carnaval. As crianças saíram de umas férias talvez maravilhosas pela vadiação. Veja a dose que estão dando e isso falo para todas as idades. Conversem, perguntem se estão felizes com as atividades, invistam nisso. Guardem  os fins de semana para eles e para vocês também com tudo que puderem aproveitar. Gréia geral. Garanto que recomeçarão “o trabalho”com muito mais prazer.

2 comentários:

  1. Feliz em saber que o pediatra da minha filha é tão competente e responsável!
    Nossas crianças estão tendo mais obrigações do que diversão!
    Um dia desses perguntei a um colega sobre seus filhos, e ele me respondeu que a filha de oito anos deveria estar em alguma atividade, perguntei se brincando, e ele disse "que nada"! Disse que poderia, naquele exato momento, estar no Kumon, tênis, ballet, inglês ou outras atividades que eu nem lembro. Disse ainda que ela está reclamando da vida "puxada", mas que tinha que preparar para a vida...
    Sabe o que eu acho, preparar para a vida é mostrar a felicidade, o amor, tenho tido sucesso na educação de Laurinha.
    Grande beijo, Dr.!

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  2. Faço minhas as suas palavras!! criança precisa de tempo para brincar. o cansaço da brincadeira reenergiza para as atividades "obrigatórias" , o excesso de atividades extracurriculares tira a energia da criança para aprender!!!

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