FERNANDO AZEVEDO
Mais um mês e pouco e mais um carnaval. Beleza,
mas o que vamos cantar de novo? Rigorosamente nada. Não há mais nenhum estímulo
ao ingresso de novos compositores e cantores no cenário carnavalesco. Há muitos
anos a Rede Globo acabou o FREVANÇA festival de frevo e maracatu que revelou
muitos talentos e com certeza Antonio Carlos Nóbrega como o principal. A Rede
Globo faz o que quer com sua grade de programas e não temos nada com isso, mas
a Prefeitura do Recife não pode fazer porque há uma lei que determina a
organização anual de um festival de frevos caboclinhos e maracatus para
preparação de um novo repertório carnavalesco. Não pensem os leitores que É A
CRISE. Não. Há alguns anos que o prefeito não cumpre a lei, assim como não abre
o Teatro do Parque e não preza por uma coisa importantíssima que é a cultura
rica de uma cidade. Não aparece com frequência um ENÉAS FREIRE que cria o Galo
da Madrugada e com ordens severas como era do seu temperamento, obrigava as
orquestras a só tocar nosso frevo nas suas diversas formas. Enéas incrementou o
turismo no Recife de forma extraordinária. Não sou absolutamente contrário a
que se cantem os grandes sucessos de Nelson Ferreira, Capiba, Edgar e Raul
Moraes, Luiz Bandeira, Antonio Maria, pois são nossos ícones a quem devemos
muito e não podemos pagar. Mais existem muitos outros escondidos por ai e sem
chances de mostrar o seu trabalho. A Lei Rouanet foi criada com essa intenção,
de projetar artistas em várias áreas intelectuais e foi desvirtuada para
financiar projetos de nomes consagrados que não querem arriscar o seu dinheirão
num investimento cultural. A música brega da pior qualidade entre nesse vácuo e
é cantada nos dias de Momo, época em que deveria ser cuspida. Acho que está na
hora dos blocos se reunirem e criarem um festival independente para oferecerem
novas músicas, numa reunião amiga, sem competição patológica e sem
favorecimentos. A música que pegar pegou e muitas vezes não é a vencedora de um
concurso a que fica, acontece isso. O Galo da Madrugada com o Bloco das Ilusões
anunciam seus ensaios. É um grande foco de resistência e que não pode trair
seus princípios. Vem também o Siri, o Baile dos Artistas, Municipal, Bal Masqué
e o carnaval de Olinda, diferente do nosso e muito autêntico que também tem que
receber cuidados e exigências para que não perca seu charme como já aconteceu
com colocação de caixas de som nas janelas das casas tocando lixo musical
apreendido e jogado fora por uma severa fiscalização da Prefeitura que impôs
silencio nas ruas para que os maracatus e blocos fossem ouvidos. Bom Carnaval!
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