segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

ALÔ ALÔ CARNAVAL



FERNANDO AZEVEDO
 
Mais um mês e pouco e mais um carnaval. Beleza, mas o que vamos cantar de novo? Rigorosamente nada. Não há mais nenhum estímulo ao ingresso de novos compositores e cantores no cenário carnavalesco. Há muitos anos a Rede Globo acabou o FREVANÇA festival de frevo e maracatu que revelou muitos talentos e com certeza Antonio Carlos Nóbrega como o principal. A Rede Globo faz o que quer com sua grade de programas e não temos nada com isso, mas a Prefeitura do Recife não pode fazer porque há uma lei que determina a organização anual de um festival de frevos caboclinhos e maracatus para preparação de um novo repertório carnavalesco. Não pensem os leitores que É A CRISE. Não. Há alguns anos que o prefeito não cumpre a lei, assim como não abre o Teatro do Parque e não preza por uma coisa importantíssima que é a cultura rica de uma cidade. Não aparece com frequência um ENÉAS FREIRE que cria o Galo da Madrugada e com ordens severas como era do seu temperamento, obrigava as orquestras a só tocar nosso frevo nas suas diversas formas. Enéas incrementou o turismo no Recife de forma extraordinária. Não sou absolutamente contrário a que se cantem os grandes sucessos de Nelson Ferreira, Capiba, Edgar e Raul Moraes, Luiz Bandeira, Antonio Maria, pois são nossos ícones a quem devemos muito e não podemos pagar. Mais existem muitos outros escondidos por ai e sem chances de mostrar o seu trabalho. A Lei Rouanet foi criada com essa intenção, de projetar artistas em várias áreas intelectuais e foi desvirtuada para financiar projetos de nomes consagrados que não querem arriscar o seu dinheirão num investimento cultural. A música brega da pior qualidade entre nesse vácuo e é cantada nos dias de Momo, época em que deveria ser cuspida. Acho que está na hora dos blocos se reunirem e criarem um festival independente para oferecerem novas músicas, numa reunião amiga, sem competição patológica e sem favorecimentos. A música que pegar pegou e muitas vezes não é a vencedora de um concurso a que fica, acontece isso. O Galo da Madrugada com o Bloco das Ilusões anunciam seus ensaios. É um grande foco de resistência e que não pode trair seus princípios. Vem também o Siri, o Baile dos Artistas, Municipal, Bal Masqué e o carnaval de Olinda, diferente do nosso e muito autêntico que também tem que receber cuidados e exigências para que não perca seu charme como já aconteceu com colocação de caixas de som nas janelas das casas tocando lixo musical apreendido e jogado fora por uma severa fiscalização da Prefeitura que impôs silencio nas ruas para que os maracatus e blocos fossem ouvidos. Bom Carnaval!

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