FERNANDO AZEVEDO
A luta pela alimentação da criança com leite materno é
antiga. Posso afirmar que nos anos 70 pela luta de nossos Professores e
campanhas intensivas de comunicação, criação de grupos de incentivo, campanhas
com artistas de televisão e uma verdadeira doutrinação dos médicos jovens,
alcançamos no Brasil um índice muito bom. As pessoas mais pobres entenderam
muito bem que seus filhos eram muito mais saudáveis e a economia sorria no
bolso de cada um no fim de cada mês. Além do mais, remédios também não eram
comprados porque a criança não adoecia. Outro marco da nossa geração de
Pediatras é a entrada na sala de parto, antes propriedade do obstetra e do
anestesista, ambos sem nenhum conhecimento do que hoje se chama neonatologia.
Havia a famosa imagem do bebê seguro pelos pés e de cabeça para baixo, levando
tapa nos pés para chorar. Hoje a Neonatologia salva muitas vidas.
O que chateia é ver nas altas dos recém-nascidos a
prescrição frequente de um leite alternativo se houver dificuldade com a
amamentação. Lógico que existem algumas
dificuldades. A “subida do leite”
acontece após 72 horas geralmente, são frequentes por má pega pequenas fissuras
dolorosas nos mamilos e nem sempre a boca da criança fica na posição adequada.
Se a prescrição fosse: “Se houver alguma dificuldade procures clínicas que
ensinem técnicas de amamentação” tudo bem, mas a prescrição da lata do leite é
terrível.
Outra coisa estressante para a mãe é a dieta imposta durante
a gestação, modificando completamente os hábitos alimentares introduzindo a
famosa “dieta saudável”. Dieta saudável é aquela que exclui o álcool e o
terrível cigarro. O resto é conversa sem provas nem documentos.
No pós-parto lá vem também a proibição de uma série de
alimentos que podem dar cólicas no bebê e retiramdo feijão, o leite, os
produtos com lactose e glúten tudo isso obedecendo a falsas verdades que esses
alimentos podem trazer alergias às crianças.
Com isso a mãe tensa e nervosa por não poder comer, começa a produzir
menos leite para o delírio dos fabricantes de fórmulas cada vez mais caras e
que não cabem no orçamento familiar gerando com isso as ações judiciais para
que o Estado pague esses leites.
Finkelstein, um Pediatra alemão dizia: “Criança que mama no
peito não adoece e se adoecer não morre” Verdade eterna.
É fundamental a conscientização da importância
da amamentação e que voltem as campanhas os exemplos e o preparo nas Faculdades
de médicos que segurem essa bandeira que está sendo abandonada