FIM DE FÉRIAS
FERNANDO AZEVEDO
É engraçado como o mês de Julho esvazia o Recife. É a melhor época para eu tirar minhas
merecidas férias de 15 dias, tempo em que faço a conservação e pintura do consultório para
deixa-lo sempre “nos trinques”. E o cheiro de tinta não faz bem a certas pessoas alérgicas. Vou
obrigatoriamente para São Paulo, mas faço minhas rezas para que não esteja muito frio e ele
tem me atendido. Quando vou embora o danado vem pra valer. Nunca fui muito amigo dele.
Sou aparentado com índio só pode ser, pois uma bermuda sem camisa e descalço é o meu
traje formal. Engraçado como as pessoas daqui curtem frio, mas frio intenso. Frio de Bariloche,
Chile, pois o do Brasil ainda é pouco. E haja touca e meias de lã, agasalhos os mais potentes e
os fondues, vinhos e fotos inesquecíveis. Ta certo. Em julho minha vida é a mais doméstica
possível e em locais abrigados. Dessa vez fui a Campos do Jordão e os oito graus da manhã e
da noite não tinham nada a ver comigo e o gerente do hotel disse que estava com muita sorte,
pois na semana anterior a geada foi terrível. As férias de Dezembro são diferentes. O recifense
não viaja ou viaja para as praias, Gravatá também é um destino, mas o comum é receber os
parentes que estão fora da cidade como é meu caso. Trabalho muito em Janeiro atendendo
gente de todo o Brasil. Essa experiência de viver o clima que não se tem é interessante.
Sulistas querendo águas mornas das praias e nordestinos desfilar seus casacos e guarda-roupa
de inverno. O clima do Brasil é abençoado. Uma vez perguntei a um francês, por que o Brasil se
ele tinha a França. De pronto me disse:- Pelo sol Fernando, você não tem ideia do que é o sol!
Em Paris, me dirigi a um português que estava fazendo serviço de eletricidade no hall de
entrada do hotel. e falei: - É sorte morar numa cidade linda como Paris não? A resposta dele
foi: É? Vem praqui no inverno e me diz se tenho sorte.
O bonito da vida são esses contrastes. Tá certo!
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