FERNANDO AZEVEDO
Foi-se o tempo em que a cada ano se esperava um sucesso musical carnavalesco. A “briga” era
mais acirrada entre Nelson Ferreira e Capiba, mas muitos outros compunham e emplacavam
suas composições. Luiz Bandeira foi um marco . José Menezes inspiradíssimo. A orquestra de
Zacarias trazia para o Internacional as marchinhas cariocas que se aprendia rapidamente e na
terça feira todo mundo cantava. Havia os concursos, sobretudo na Radio Jornal do Commercio,
Depois o Frevança da Globo revelou novos compositores e ai eu apareço com o Frevo do Galo
em dupla com Fernanda Aguiar que ainda me emociona e muito quando vejo a multidão
cantando. A Câmara de Vereadores se não me engano por proposta de Manoel Gilberto
também médico e compositor aprovou lei tornando obrigatória a realização do Concurso de
Músicas Carnavalescas com a seguinte confecção do CD com as músicas finalistas. Esse ano o
prefeito não realizou o Concurso, desrespeitando a lei. Sempre as artes ficam para trás quando
se fala em economizar. As mordomias são irrestritas, ninguém perde um cafezinho. Fica-se
então cantando as mesmas músicas todo ano e com isso vem o desestímulo de enriquecer o
repertório da mossa festa maior. Que adianta o frevo ser Patrimônio Imaterial da Humanidade
se no seu berço não o divulgam. O Galo da Madrugada realizou também concursos temáticos,
mas não se consegue divulgação. A Fundição Progresso vem realizando anualmente no Rio de
Janeiro um concurso para revitalizar as deliciosas marchinhas cujo tema é sempre social ou
político, mas também não pega. Os próprios blocos e clubes não se identificam mais com as
suas músicas próprias sendo o Paraquedista Real talvez o único que a cada ano lança novas
composições. O Bloco das Ilusões também tem seu repertório, mas são exceções. É uma pena
porque isso desestimula os velhos e não aparecem os novos. Sugiro que no próximo ano cada
bloco lírico faça um novo frevo e um festival final onde todas as músicas vencedoras sejam
ouvidas no dia do Frevo de Bloco no Pátio de São Pedro. Não da mais para contar com os
órgãos públicos cada dia mais vazio de ideias e de cofres.
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