segunda-feira, 9 de março de 2015

PADRE FLORIANO

FERNANDO AZEVEDO

Fiz uma pesquisa através do Google para saber quem foi esse personagem que deu nome a rua do bairro de São José. Na página 9 encontro o Padre Floriano Stepniak vítima da perseguição à igreja na Polônia nos anos 1939/1945 por parte dos nazistas. Seu processo de beatificação junto com mais 108 religiosos foi pedido em 1992. Não sei se é ele. Pode ter sido homenagem a um padre do bairro como existe a Rua Padre Silvino no Espinheiro que conheci ao vivo e que morreu segundo as beatas porque fez a barba depois do almoço. Isso foi um trauma para mim até ficar adulto, pois minha mãe só permitia qualquer atividade após fazer a digestão, tempo calculado por ela em duas horas. Mas voltemos ao Padre Floriano e o meu interesse. Um querido amigo me informou no sábado de carnaval que tinham mudado o nome da rua e no domingo deserto do Recife pela manhã fui lá conferir. Não, não mudaram seu nome, mas lá ela está abandonada suja e sem uma placa indicativa. Ai vocês perguntam, por que esse interesse e eu respondo porque foi lá que nasceu em 1978 o Galo da Madrugada. Também nessa rua moravam duas irmãs de Enéas Freire e um irmão, alem de outros moradores. Hoje da pena. As casas com as janelas arrancadas e preenchidas por tijolos com um precário reboco. Um estacionamento é a principal atividade comercial da pequena viela. É dolorido para mim que frequentei tanto aquele bairro na minha época de estudante de medicina não somente por ter colegas que lá moravam como também pelas noitadas, sobretudo na boate Mauá completada com uma papa ao amanhecer no Mercado de São José. Também os trens de várias viagens para Garanhuns, Maceió e Natal compõem essa s lembranças. Outro bairro lindo era o da Boa Vista, o bairro dos judeus, do pátio da Santa Cruz e do Santa Cruz, pois foi lá que ele começou. O Galo da Madrugada tem um pai que foi Enéas Freire a quem o Recife deve e não tem como pagar, e uma mãe que é uma rua. O Padre Floriano, masculino, perde para o feminino Rua. A Rua. Essa mãe, abandonada, desdentada e suja não pode ser desprezada porque ela é impregnada de história. Entrando nela você sente a pulsação do frevo que ainda ecoa entre suas paredes estreitas, você vê os estandartes dos clubes de carnaval enfileirados para a partida matinal do Galo, clube de máscaras que da identidade ao Recife e movimenta dinheiro para o seu comercio e incentiva o turismo. Uma mãe chamada história também não se deleta, não se apaga. A Prefeitura do Recife tem por obrigação colocar uma placa indicativa da Rua Padre Floriano que não existe e outra para ser afixada na parede da casa onde nasceu o Galo da Madrugada. Façam essa parceria e vamos todos para essa festa que espero que aconteça com brevidade. Vamos pinta-lá, grafitar suas paredes com temas carnavalescos e botar a boca no trombone. Viva o Galo, viva o frevo e lógico o Padre Floriano.

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