sábado, 20 de dezembro de 2014

MEU RICO NÁUTICO E MEU POBRE NÁUTICO




FERNANDO AZEVEDO

Tive a sorte de nascer na Rua 48 bem em frente à Rua da Angustura no ano de 1940. Tive a sorte de ter um pai que foi remador do Náutico na década de 20 e que me levou junto com meu irmão Luciano a frequentar a velha sede incendiada em 1949 e reconstruída em 1951 pelo gigante Eládio de Barros Carvalho o nosso pajé inesquecível. Tive a sorte de ter meus primos Antonio Guilherme, Deminha e Cacá mais velhos que eu  de me atraírem para jogar basquete e futebol e em 1952 iniciei minha vida esportiva alvirrubra na Olimpíada Infantil comandada pelo formidável Jaime da Galinha. Tive a sorte de ver meu tio Waldemar Borges Rodrigues ser Presidente do Conselho Deliberativo e meu irmão Presidente do Executivo. Eu e meus primos Guilhermão e Deminha sócios eméritos. Ricardo Breno o Cacá, excede tudo porque foi atleta, diretor de todos os esportes amadores, Vice Presidente e Presidente do executivo, Presidente do Conselho Deliberativo, Sócio Emérito, Sócio Benemérito e Sócio Grande Benemérito. Ninguém no Náutico se aproxima desse currículo. Tive a sorte de ser atleta, diretor de basquetebol e diretor social sendo hoje sócio emérito e conselheiro nato. Esse é o genoma do meu corpo. Esse é o genoma de minha alma vermelha e branca. O corpo sofre com a idade, mas a alma se despedaça com as emoções. O nosso clube vem sofrendo perdas continuadas há algum tempo. Não falo de títulos, falo de respeito a esses 113 anos de história e meu espírito não está suportando isso. O Movimento Transparência Alvirrubra surgiu para uma recuperação do clube que estava mal administrado em todas as áreas. Veio a eleição e ouvimos todos os candidatos no Terraço de Cacá. Pareceu-nos que o MTA tinha em seu estudo todo o diagnóstico e tratamento para o Náutico. Confiamos e votamos maciçamente obtendo uma vitória retumbante com votos de 70% dos associados. Preparei com todo meu esforço e carinho a posse da nova diretoria junto com Cacá. Convidei Reinaldo Oliveira também primo, e ex-atleta para que fizesse o discurso na solenidade que já não mais existia, pois as posses eram “feitas nas coxas” como se diz vulgarmente e o Náutico não é assim. Foi uma noite solene e inesquecível com a sede lotada de crédulos. Começa a gestão e em poucos meses perdemos o diretor social Mario Celestino, pessoa dedicadíssima a quem ajudei no que pude. Inicia-se o campeonato e lá vai o dinheiro pelo ralo com mais de quarenta contratações de jogadores e quatro técnicos. Tudo que foi prometido para a recuperação da sede foi esquecido. A piscina recentemente fechada, local onde muitas crianças aprendem e se divertem com a natação. A quadra de basquete que construi na minha gestão como diretor e na João de Deus e Josemir Correia na presidência, cada dia mais decadente. Em nada o clube se sobressai a não ser  de forma negativa nas páginas de jornais. Cão danado, todos a ele, esse é o refrão aplicado contra o Náutico. Respeite nossa história Glauber Vasconcelos. Respeite o Conselho Deliberativo órgão máximo do clube. Naquela gigante mesa estão os espíritos de grandes alvirrubros e o corpo de outros. Não leve gangsteres para afrontá-los. Não solte rojões para estilhaçarem os vidros da nossa sala e não se fotografe ao lado de marginais. O Náutico não é esse e não é isso. Os funcionários reclamam os salários do tão esperado Natal e festas do ano novo. Não espere o impeachment obrigatório diante de sua conduta. Renuncie. Falta-lhe capacidade e credibilidade. Cante os versos de Adoniram Barbosa na música Trem das Onze: “sou filho único/tenho a minha casa para olhar. Não posso ficar”.

7 comentários:

  1. Quem ousará contestar o depoimento de um alvirrubro do quilate e da tradição de um Fernando Azevedo ? Quem ousará colocá-lo sob suspeita, atribuindo-o a interesses politiqueiros menores e mesquinhos? Ao contrário, Fernando Azevedo - como ele diz - foi um eleitor entusiasmado e crédulo do MTA. Tal qual Newton Morais. Tal qual Túlio Ponzi. Tal qual Roberto Vieira.
    Seu desabafo não pode ser desqualificado e desprezado. No mínimo, deve levar todos os alvirrubros de boa fé - inclusive e principalmente os detentores do Poder - a uma humilde autocrítica, a uma profunda reflexão. Por que será que estão insatisfeitos e decepcionados tantos e tão expressivos aliados ?

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  2. Não tenho procuração para defender o atual presidente, caro Fernando Azevedo. Mas há exageros de sua parte ao afirmar que o Glauber estaria levando integrantes da torcida para "apedrejar" (?) o Conselho. Não é verdade. Aquilo foi manifestação espontânea de muitos que, como eu, percebe o trabalho de sabotagem de muitos do Conselho para forçar a renúncia do atual presdente e retornar com "os de sempre". Vc está contaminado pelo veneno dos verdadeiros gangsters do clube, caro Sr. Fernando Azevedo. Os mesmos gangsters que levaram o clube ao hoje, dezembro de 2014.

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  3. Quem escreveu o texto acima fui eu: Newton Pinheiro.

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  4. Que beleza de texto... Porque será que tão ilustre alvirrubro nunca se insurgiu quando o clube foi saqueado e humilhado na gestão passada? Onde o mesmo estava? Agora surgem esses ilustres alvirrubros a querer desvirtuar o processo democratico com impeachment? Respeite as urnas... O náutico foi saqueado na gestão passada, aliás desde a gestão de Maurício Cardoso que foi colocado ali, assim como Paulo Wanderley e Berillo Júnior por esses grandes alvirrubros e ninguém se insurgia... Agora vem falar de renúncia e impeachment? Tenham vergonha na cara e respeitem as urnas!

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  5. Quanto a sua boa fé e caráter, Sr. Fernando Azevedo, não resta dúvida. O que quero dizer e reitero é que está existindo um comportamento para lá de excessivo contra as sugestões, decisões do Executivo. Porque sei que tem muita gente trabalhando contra. Há algumas pessoas que fazem parte do órgão Timbu que são exceção, no máximo neutros. Mas grande parte foi e é sim indolente quanto à destruição do clube, perpetrada pelos últimos administradores. Creio, sinto de forma precisa, que o senhor não faz parte dos maléficos membros. No entanto, o senhor diz que falta ao Glauber "capacidade e credibilidade". E completa: "renuncie". Respeito seu pensamento. Mas discordo. Uma pergunta que não cala: o senhor se preocupou assim, a ponto de escrever um texto similar, no ano passado, quando o responsável maior por tudo isso que hoje se vive no clube, estava no comando do clube? O Glauber não merece renúncia nem ser dito que falta a ele "capacidade e credibilidade", em comparação com o gestor anterior. O clube no ano passado estava no chão, achincalhado, ridicularizado, tendo a maior verba de sua história e ao mesmo tempo a mais vexatória campanha em Brasileiros, em todos os tempos (não somente nos 'pontos corridos'). Quase que o time não vai ao Sudeste para sua partida contra o Vasco por contra de boicote dos jogadores. Eu me bolia, tinha hemorragias de indignação, incrédulo por nada ouvir vindo do órgão maior do clube (para não falar o que tenho costumeiramente falado: DESconselho Deliberativo). O que vi foram muitos braços cruzados e indolência para pressionar o presidente da época a renunciar. O órgão máximo do clube assistiu tudo pacificamente, "o 2013", sem um único senão levantado. Enfim, muito difícil, senão quase que impossível, ter "capacidade" com a maioria indo de encontro. Para não dizer o que machuca: sabotagem. Se salvam alguns. Poucos ou muitos? Não sei. Com certeza, este órgão máximo do clube, de há muito tem sua "capacidade e credibilidade" (agora quem fala sou eu) colocada em dúvida. Ao menos através da maioria que aparenta tom de voz, comportamento, ações e reações nas horas erradas contra pessoas erradas. Por exemplo? Quer (ou 'quis') vetar um padrão de camisa porque o símbolo está "dourado". Mas não hesitou em enviar um cartão de Natal, 'online' com este mesmo símbolo dourado. Ou não vetou um padrão na cor verde-piscina no ano passado. Não dá para entender. Em outras palavras, já lamentando porque é tardio, o Sr. Fernando Azevedo deveria ter escrito uma carta igualzinha a esta, há uns cinco, quatro, três anos atrás, nos anos de 2009 a 2012, principalmente no ano passado.

    Newton Pinheiro

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  6. Sou conselheiro do Náutico há muitos anos e estou presente em quase todas as reuniões.

    Participei ativamente da campanha para eleição de Glauber Vasconcelos. Com certeza, fui um dos que mais angariou votos para ele. Também fui um dos responsáveis pela aproximação dele com o grupo dos eméritos e beneméritos liderados por Cacá, do qual faz parte o ilustre alvirrubro Fernando Azevedo. Eles sempre votam em bloco, mas a decisão só é tomada após serem ouvidas e analisadas as propostas de cada candidato. Dedicam amor incondicional ao Náutico e o único interesse do grupo é eleger o candidato que identificam ser o melhor para o Clube. Todos, sem exceção, têm inúmeros serviços prestados ao Náutico. O apoio deles foi muito festejado na época, principalmente pelo que representavam na história do Clube. Como as grandes bandeiras do MTA (transparência, preservação do patrimônio, planejamento, critérios nas contratações etc.) foram rasgadas ao longo da atual gestão, Mestre Fernando Azevedo tem todo o direito de manifestar seu desencanto. Eu e a grande maioria dos que votaram no MTA também compartilhamos do mesmo sentimento, deixando claro, porém, que não há o mínimo questionamento quanto à seriedade e honestidade de Glauber, Gustavo e Durval. Essas qualidades são fundamentais, mas não são suficientes para uma boa gestão.

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  7. Em relação à Reunião do Conselho, esclareço que a decisão tomada foi pela não alteração da cláusula do contrato com a Arena que veda antecipações de recursos ou a utilização da receita como garantia de empréstimos. É notório que muitos dos ex-dirigentes não gostam de Glauber, mas a decisão não foi tomada por causa disso e sim pelo bem do Clube, que poderia ficar inviabilizado em poucos anos, caso esse precedente fosse aberto, permitindo que se tornasse prática. O pleito inicial da Direção do Náutico foi para poder captar 2 milhões de reais em empréstimos, utilizando como garantia a receita da Arena. Na semana seguinte, o valor já passou para 6 milhões, com carência de 10 meses, ou seja, praticamente todo o empréstimo seria pago pelos sucessores, os quais também se sentiriam no direito de agir da mesma forma. Assim, em poucos anos seria consumida toda a receita da Arena que está prevista para ser recebida nos próximos 30 anos. Fico à vontade para externar que o Conselho agiu com absoluta correção, pois fui um dos que votaram a favor da alteração no contrato (mas somente se os recebíveis comprometidos fossem os da atual gestão), em função da grave crise financeira que o Náutico atravessa. No entanto, após uma maior reflexão, admito que a decisão do Conselho foi a mais sensata, para não abrir o precedente (que teria que ter a anuência da Odebrecht, diga-se de passagem).
    Alguns conselheiros sugeriram alternativas para auxiliar na solução do problema. Na própria reunião, o conselheiro Sérgio Aquino prontificou-se a conseguir 15 pessoas para, juntamente com os atuais dirigentes, avalizarem, cada, um empréstimo de 50 mil reais (não tenho certeza do valor). Ao final da mesma, o conselheiro Zeca Cavalcanti procurou o presidente do Conselho (Eduardo Turton) e colocou-se à disposição para, juntamente com outros conselheiros, bancar a rescisão do contrato de funcionários que o Clube deseje demitir para reduzir a Folha do Administrativo. No dia seguinte à reunião, o conselheiro Marcos Freitas prontificou-se a conseguir 25 alvirrubros para que cada um empreste 12 mil reais - totalizando 300 mil -, sem juros e com deságio, dando ao Clube uma carência de 3 meses e pagando-se apenas 9 parcelas de 30 mil reais. Como garantia, exigem apenas que as 9 parcelas sejam cheques pessoais dos atuais dirigentes.
    Quanto ao novo padrão de camisa, convém esclarecer que não houve nenhuma votação anterior que proibisse o uso da camisa em jogos. O que ocorreu foi uma apresentação a um conselheiro, o qual ressaltou que o escudo estava em desacordo com o que estabelecia o estatuto do Clube. Tanto é verdade que, colocada em votação, a utilização do novo modelo foi aprovada com larga margem (embora meu voto tenha sido contrário, da mesma forma que o fiz quando foi apresentado o padrão verde). Dá para alguém imaginar que o Conselho quer prejudicar a atual gestão?
    Também não é verdade que o Conselho tem ignorado os malfeitos das últimas gestões, tanto que o ex-presidente Paulo Wanderley tem sido cobrado, constantemente, por atos praticados durante o período em que comandou o Clube e Berillo Júnior foi afastado da presidência do Conselho.
    A proposta do “impeachment” foi aventada por um conselheiro que tinha acabado de ser nomeado como representante do Clube na Federação, o que demonstra que não há uma perseguição sistemática dos opositores à atual gestão. Também entendo que não há motivos para o “impeachment”, embora registre que vários itens do estatuto estão sendo descumpridos pelos dirigentes do Clube, conforme foram destacados pelo Conselheiro Annibal Freitas na reunião do dia 09/12.

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