segunda-feira, 7 de julho de 2014

COQUELUCHE


FERNANDO AZEVEDO

A preocupação com a Coqueluche aumenta a cada dia. Vejam esses dados do Ministério da Saúde. Em 2012 a suspeita de doença em crianças foi de 15.428 casos e destes 5.125 confirmados e vocês sabem que não temos laboratórios preparados por esse Brasil a fora. No ano de 2013 só no mês de Janeiro 1020 casos. O problema não vem acontecendo só no Brasil, mas no mundo. Na estatística americana a Califórnia em 2010 apresentou 9.000 casos confirmados. Acontece que a transmissão placentária de anticorpos pela mãe na gestação cai muito daí a recomendação atual da vacinação da gestante com a vacina DPaT (atenção Obstetras e gestantes) pois o nível de anticorpos diminui muito na adolescência e vida adulta. A vacinação dos bebês a partir dos dois meses de idade é também para proteger dessa temida doença. A recomendação que a Pediatria faz e muitas vezes não cumprida de manter os pirralhos em vida domiciliar o mais possível até que se complete a vacinação no sexto mês também tem essa finalidade. Recentemente tive dois lactentes internados e felizmente evoluíram bem. Há uma semana tive dois casos em consultório. O diagnóstico é difícil porque a doença simula um quadro gripal com coriza, tosse, febre inicial. Acontece que em vez de em 7 dias a criança estar bem, ela continua com sintomas e passa a apresentar a famosa tosse coqueluchoide com face avermelhada, lacrimejamento, vômitos e muitas vezes cianose o que justifica a internação hospitalar. Nesses casos o diagnostico clínico fica mais fácil e um complemento pode ser feito com exames laboratoriais, mas não se deve perder tempo. O início do tratamento deve ser feito em todo caso suspeito para evitar a disseminação e após 5 dias de antibiótico a criança já não é contaminante embora possa continuar tendo acessos de tosse. Após 3 semanas de sintomas contando com o inicio do “resfriado” até a tosse característica o resultado já não é bom. De todas as vacinações é a mais falha e há como disse no início uma queda imunológica na adolescência, o período mais difícil de vacinar um filho, pois já há perda de mando por parte dos pais e a famosa rebeldia obrigatória e saudável do adolescente. Fiquem então atentos a tosses prolongadas, rebeldes a tratamentos. Pode ser Coqueluche e como expliquei não há quem faça diagnóstico precoce a não ser que numa família, por exemplo, alguém passe a apresentar um resfriado em seguida a um diagnóstico num irmão ou parente de convivência próxima.

Um comentário:

  1. Boa tarde Dr. Fernando! Gostaria de saber a partir de que idade é importante dar reforço da vacina contra coqueluche na adolescência.

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