FERNANDO AZEVEDO
Santo André, 4.30 da madrugada, todos dormem e o Lexotan que
tomei as 20.30 de ontem era falso, pois não consegui acalmar nem dormir bem.Ta
certo! Tive ontem de manhã o prazer de ler uma crônica de Rosely Sayão,
jornalista e Psicóloga paulista, colunista da Folha de São Paulo falando da
integração das famílias durante a Copa do Mundo. Idas coletivas às arenas,
reuniões em casa ou condomínios, restaurantes, e como estava bonita essa
manifestação de bem querer sob o clima do evento tão esperado. Analisei com
isso um fato que reflito e comento com pessoas, clientes e aqui mesmo no
Pediatria e Arte. Nós não nos vemos mais. A geração da minha mãe teve os primos
como irmãos. A família morava na mesma Rua 48 com transversais para a Amapá e
Conselheiro Portela. A segunda geração copiou o modelo e apesar de ter dois
irmãos os primos também o eram porque a convivência era diária. Quantos primos
se namoraram e casaram! Hoje os filhos desses primos não se conhecem. No
consultório converso sobre isso quando vejo um sobrenome conhecido e pergunto:
- Você é parente de fulano? – Sei que sou, mas não conheço. Incrível mas a
culpa está na sociedade e no apartamento onde a rua do prédio não tem
estacionamento e temos que levar folha corrida para entrar nele. Pena que esse
sentimento de família tenha se acabado. Não digo o mesmo da Família Scolari.
Essa vibrei em ser extinta ontem. Quantos penteados, quantas lourices, quantos
brincos, quantas cuecas e quão pouco futebol. Que decepção, que derrota
acachapante, inesquecível, humilhante e cruel para nós torcedores, avós, filhos
netos e bisnetos que compuseram as arquibancadas coloridas e patrióticas. Que
lindo o hino à capela. Todos e tudo sucumbiram nos 7X1.
Mas o sete tem outro significado. O gesto de Neymar colocando o punho cerrado
da mão direita sob o antebraço esquerdo pode ser deslocado até o cotovelo e
vira um SETE. 7 X 1 deve ter sido o traço areia X cimento no viaduto de Belo
Horizonte que despencou, matou e feriu pessoas que não sabemos o nome. O antigo
cadáver desconhecido das Faculdades de Medicina. Não, eles eram conhecidos,
trabalhadores e tinham suas famílias, mas foram vítimas da corrupção instalada
durante a realização dessa bela Copa do Mundo. A Família Scolari é
definitivamente a Família Barbosa. O grande goleiro Barbosa da Copa de 1950 que
ouvi e chorei pelo rádio pagou uma pena que não merecia por toda a vida, sem
direito à liberdade provisória ou qualquer atenuante. A Família Barbosa também pagará. Presidente
Dilma: entregue a taça aos alemães no domingo, são eles que merecem pela
organização, competência, e arte de jogar futebol. Nós a receberemos não com
vaias ou xingamentos, mas com o SETE do “tóis” de Neymar que a excelência está
fazendo nos seus retratinhos, mas o punho estará no cotovelo. Saia de cena com
seus papudos e seu criador, com essa roubalheira, saia de cena com essa CBF e
FIFA corruptas e respeite esse povo que tanto lutou para proporcionar esses
espetáculo maravilhoso que é uma Copa do Mundo. Viva a família brasileira!
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