quarta-feira, 9 de julho de 2014

A COPA E AS FAMÍLIAS



FERNANDO AZEVEDO 

Santo André, 4.30 da madrugada, todos dormem e o Lexotan que tomei as 20.30 de ontem era falso, pois não consegui acalmar nem dormir bem.Ta certo! Tive ontem de manhã o prazer de ler uma crônica de Rosely Sayão, jornalista e Psicóloga paulista, colunista da Folha de São Paulo falando da integração das famílias durante a Copa do Mundo. Idas coletivas às arenas, reuniões em casa ou condomínios, restaurantes, e como estava bonita essa manifestação de bem querer sob o clima do evento tão esperado. Analisei com isso um fato que reflito e comento com pessoas, clientes e aqui mesmo no Pediatria e Arte. Nós não nos vemos mais. A geração da minha mãe teve os primos como irmãos. A família morava na mesma Rua 48 com transversais para a Amapá e Conselheiro Portela. A segunda geração copiou o modelo e apesar de ter dois irmãos os primos também o eram porque a convivência era diária. Quantos primos se namoraram e casaram! Hoje os filhos desses primos não se conhecem. No consultório converso sobre isso quando vejo um sobrenome conhecido e pergunto: - Você é parente de fulano? – Sei que sou, mas não conheço. Incrível mas a culpa está na sociedade e no apartamento onde a rua do prédio não tem estacionamento e temos que levar folha corrida para entrar nele. Pena que esse sentimento de família tenha se acabado. Não digo o mesmo da Família Scolari. Essa vibrei em ser extinta ontem. Quantos penteados, quantas lourices, quantos brincos, quantas cuecas e quão pouco futebol. Que decepção, que derrota acachapante, inesquecível, humilhante e cruel para nós torcedores, avós, filhos netos e bisnetos que compuseram as arquibancadas coloridas e patrióticas. Que lindo o hino à capela. Todos e tudo sucumbiram nos 7X1. Mas o sete tem outro significado. O gesto de Neymar colocando o punho cerrado da mão direita sob o antebraço esquerdo pode ser deslocado até o cotovelo e vira um SETE. 7 X 1 deve ter sido o traço areia X cimento no viaduto de Belo Horizonte que despencou, matou e feriu pessoas que não sabemos o nome. O antigo cadáver desconhecido das Faculdades de Medicina. Não, eles eram conhecidos, trabalhadores e tinham suas famílias, mas foram vítimas da corrupção instalada durante a realização dessa bela Copa do Mundo. A Família Scolari é definitivamente a Família Barbosa. O grande goleiro Barbosa da Copa de 1950 que ouvi e chorei pelo rádio pagou uma pena que não merecia por toda a vida, sem direito à liberdade provisória ou qualquer atenuante.  A Família Barbosa também pagará. Presidente Dilma: entregue a taça aos alemães no domingo, são eles que merecem pela organização, competência, e arte de jogar futebol. Nós a receberemos não com vaias ou xingamentos, mas com o SETE do “tóis” de Neymar que a excelência está fazendo nos seus retratinhos, mas o punho estará no cotovelo. Saia de cena com seus papudos e seu criador, com essa roubalheira, saia de cena com essa CBF e FIFA corruptas e respeite esse povo que tanto lutou para proporcionar esses espetáculo maravilhoso que é uma Copa do Mundo. Viva a família brasileira!

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