segunda-feira, 5 de maio de 2014

O MENINO (A) MAU (A)

FERNANDO AZEVEDO

O personagem existe? Vamos analisar esse artigo da revista Época que cita uma criança que provocava traumas em seu corpo e denunciava aos pais ter sido maltratado pela empregada que jurava nada ter feito, mas que logicamente era demitida. Vinham outras e a cena se repetia até que o pai colocou câmaras de vídeo e veio a comprovação: realmente ele cometia autoagressões. Outra menina tocou fogo na mochila da colega e antes já havia colocado fogo no rabo do gato de uma prima. Ao ser questionada e repreendida apenas ria.  Um americano de 11 anos matou a namorada do pai grávida de oito meses com um tiro na nuca e inventou uma história atribuindo o fato a um assalto. A pistola foi encontrada no quarto dele. Essas crianças são rotuladas como de “índole má”. Através de exames de imagens acreditam pesquisadores que elas têm o sistema límbico (parte do cérebro)desconectado do cérebro sendo essa a área  responsável pela solidariedade e empatia. O artigo refere também na novela Viver a vida um personagem mirim de nove anos interpretado pela atriz Klara Castanho que expunha essas situações criadas pelo autor da novela, Manoel Carlos que teve que modificar o texto a pedido do Ministério Público por não ser  o horário (?) adequado ao público infantil. A psicóloga Ana Beatriz Barbosa Silva autora do best- seller Mentes perigosas diz que “crianças e adolescentes com esse distúrbio costumam estar por trás dos casos mais graves de bullying”. “É típico do jovem com transtorno de conduta saber mentir e manipular para que os outros levem a culpa”. Especialistas afirmam ser incurável o transtorno de conduta e será no máximo amenizado se tratado a tempo se houver algum tipo de vigilância e na maior parte dos casos isso não acontece e “essa criança poderá ser um político corrupto, um fraudador, até um torturador físico ou emocional, chegando a um assassino em série”. Consideram alguns que 97% das crianças podem cometer pequenas maldades e mentiras, mas só 3% mantêm-se assim na vida adulta. Pela prática de 50 anos lidando com crianças conheço alguns casos. Nunca fiz ressonância magnética para estudo dos cérebros, mas claramente nos meus caos existe um fortíssimo componente estrutural familiar. Com a saída dos pais da casa para o dia-a-dia de trabalho e realizações pessoais, a permissividade para compensar essa ausência, a modificação do conceito da família com um todo, a criança ficou muito vulnerável. Quando precisam de ajuda de psicólogos ou psiquiatras, assistência cada dia mais difícil, não se consegue a adesão para as modificações necessárias no ambiente da criança e o seguimento não é feito. No meu entender pode o cérebro até ter imagem alterada, mas não acredito nisso como causa, pois o que vemos é uma deterioração generalizada de comportamento social em todas as camadas da população. Ninguém respeita ninguém nem as leis, não há punição para nada ou quando vem é tão tardia que a pena já está prescrita. Sabe-se cientificamente que o adulto é a criança aos seis anos de idade. Com essa idade ela estará com os valores formados. Os exemplos diários de falta de assistência de educação e saúde e desestruturação familiar não definem um futuro próximo melhor. Dá pena e é preocupante.

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