O personagem existe? Vamos analisar esse
artigo da revista Época que cita uma criança que provocava traumas em seu corpo
e denunciava aos pais ter sido maltratado pela empregada que jurava nada ter
feito, mas que logicamente era demitida. Vinham outras e a cena se repetia até
que o pai colocou câmaras de vídeo e veio a comprovação: realmente ele cometia autoagressões.
Outra menina tocou fogo na mochila da colega e antes já havia colocado fogo no
rabo do gato de uma prima. Ao ser questionada e repreendida apenas ria. Um americano de 11 anos matou a namorada do pai
grávida de oito meses com um tiro na nuca e inventou uma história atribuindo o
fato a um assalto. A pistola foi encontrada no quarto dele. Essas crianças são rotuladas
como de “índole má”. Através de exames de imagens acreditam pesquisadores que elas
têm o sistema límbico (parte do cérebro)desconectado do cérebro sendo essa a
área responsável pela solidariedade e
empatia. O artigo refere também na novela Viver a vida um personagem mirim de nove
anos interpretado pela atriz Klara Castanho que expunha essas situações criadas
pelo autor da novela, Manoel Carlos que teve que modificar o texto a pedido do
Ministério Público por não ser o horário
(?) adequado ao público infantil. A psicóloga Ana Beatriz Barbosa Silva autora
do best- seller Mentes perigosas diz que “crianças e adolescentes com esse
distúrbio costumam estar por trás dos casos mais graves de bullying”. “É típico
do jovem com transtorno de conduta saber mentir e manipular para que os outros
levem a culpa”. Especialistas afirmam ser incurável o transtorno de conduta e
será no máximo amenizado se tratado a tempo se houver algum tipo de vigilância
e na maior parte dos casos isso não acontece e “essa criança poderá ser um
político corrupto, um fraudador, até um torturador físico ou emocional,
chegando a um assassino em série”. Consideram alguns que 97% das crianças podem
cometer pequenas maldades e mentiras, mas só 3% mantêm-se assim na vida adulta.
Pela prática de 50 anos lidando com crianças conheço alguns casos. Nunca fiz
ressonância magnética para estudo dos cérebros, mas claramente nos meus caos
existe um fortíssimo componente estrutural familiar. Com a saída dos pais da
casa para o dia-a-dia de trabalho e realizações pessoais, a permissividade para
compensar essa ausência, a modificação do conceito da família com um todo, a
criança ficou muito vulnerável. Quando precisam de ajuda de psicólogos ou
psiquiatras, assistência cada dia mais difícil, não se consegue a adesão para
as modificações necessárias no ambiente da criança e o seguimento não é feito.
No meu entender pode o cérebro até ter imagem alterada, mas não acredito nisso
como causa, pois o que vemos é uma deterioração generalizada de comportamento
social em todas as camadas da população. Ninguém respeita ninguém nem as leis,
não há punição para nada ou quando vem é tão tardia que a pena já está
prescrita. Sabe-se cientificamente que o adulto é a criança aos seis anos de
idade. Com essa idade ela estará com os valores formados. Os exemplos diários
de falta de assistência de educação e saúde e desestruturação familiar não
definem um futuro próximo melhor. Dá pena e é preocupante.
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