segunda-feira, 26 de maio de 2014

O EDIFICIO E O SEU PARQUINHO

UMA CIDADE E SEUS PARQUES

FERNANDO AZEVEDO

Um é singular, o outro plural. Há uns dois anos escrevi uma crônica para o Diario de Pernambuco abordando esse tema. O medo faz com que as pessoas fiquem cada vez mais prisioneiras sem prazo de sentença a cumprir. Criam-se nos edifícios “espaços de convivência” com cinema, jogos, academias para os adultos e os “parquinhos” para as crianças. As imobiliárias vendem esse peixe e os proprietários se ufanam em falar das qualidades do seu prédio. Não entendo uma cidade assim. “A praça é do povo como céu é do condor” já estabeleceu Castro Alves há mais de cem anos atrás mas não leem o que o poeta escreveu. Cada dia o povo fica mais confinado e medroso e se vai para a rua para reivindicar corre o risco de encontrar os arruaceiros contumazes e cada dia mais impunes. A criança precisa dos parques da cidade e não do parquinho do seu prédio. Se ela refaz esse programa doméstico diariamente estão emburrecendo seu cérebro, tirando sua criatividade, tolhendo seus passos imaginativos e levando-a de volta ao sofá para ver Faustão e ouvir o lepo-lepo e os grandes artistas da demagoga Regina Casé. Nossa cidade foi abandonada e destruída por três administrações caóticas de João Paulo e João da Costa que terminaram brigando entre si por interesses contrariados, o povo sabe. O novo prefeito ainda não merece julgamento final, pois governa a cidade há pouco mais de um ano, mas vê-se um sopro de esperança. Muita coisa mudou desde a recuperação de ruas como a participação da sociedade com os passeios de bicicleta, o seu uso em ciclofaixas como meio de transporte etc. As praças, no entanto precisam ser revitalizadas e ocupadas. Aqui em Casa Forte o Parque Santana é uma lástima e um grave desastre poderia ter acontecido com um clientezinho meu que ia sendo degolado por um fio de pipa com cerol que não viu quando estava andando felizmente em baixa velocidade na sua bicicleta. Onde está a guarda municipal? Por que tantos orientadores de trânsito nas ruas e nenhum orientador de parques para cuidar do povo e vigiar as regras de convivência. O automóvel vale mais que o homem? Em Apipucos deixou a administração de João da Costa um esqueleto já no dia da sua inauguração. Roubo do nosso dinheiro honesto no bolso dos sem vergonhas. A Praça de Casa Forte com uma feira de orgânicos no sábado e uma feijoada no domingo agride a memória de Burle Marx. Só a Praça da Jaqueira mantém sua conservação e frequência. As outras de todos os bairros estão destruídas e abandonadas. Recupere-as Geraldo Julio e as crianças sairão do confinamento compulsivo a que foram impostas e ficarão com alegres recordações da infância. Programas como Recife antigo de coração podem começar a ser implantados em cada uma das nossas áreas de convivência. É muito importante para a cidadania essa participação e nosso IPTU é caro e temos direito a uma cidade segura e agradável. O senhor conhece o mundo. Copie-o.

Nenhum comentário:

Postar um comentário