segunda-feira, 12 de agosto de 2013

NO MEU TEMPO NÃO ERA ASSIM

FERNANDO AZEVEDO

Não tive a felicidade de conhecer avós a não ser minha avó paterna já idosa e sem paciência com crianças. Era uma grande pianista e com sua arte ganhou o necessário para sustento dos filhos tocando no tempo do cinema mudo, em outros eventos e ensinando. Sorte das crianças que aproveitam seus avós, categoria à qual pertenço há 20 anos. Estamos naquela de ajudar no que for preciso, ficar em casa hospedando netos para que o casal vá a um cineminha etc. e até torcendo para que essas sessões sejam frequentes. Não concordo com a famosa plaquinha “na casa da vovó pode tudo”, mas aceito o “quase tudo” porque temos que contribuir com a educação dos pimpolhos, mas sempre com o coração mais brando, sem desgaste, para que a convivência seja a mais harmoniosa e a lembrança dos velhos a melhor possível. A vida de hoje está complicando essa relação e a disponibilidade não é mais abundante, pois a terceira idade voltou ao mercado ou trabalhando ou se divertindo e, sobretudo viajando. É impressionante a quantidade dessa turminha em aeroportos e, sobretudo nos navios. Nosso tempo foi bom. Infância despreocupada, juventude gostosa sem os medos de hoje. Isso a gente pode comparar e ganha. Outras não da. Dentista por exemplo era terrível, brocas inesquecíveis, traumas até hoje. Viagem de avião a hélice que tal? No quesito automóvel é um abismo. Na medicina o avanço é inesgotável em técnicas cada dia mais elaboradas. Cirurgias endoscópicas, stentes, transplantes, imagens, diálises, UTI, (embora a assistência médica esteja um caos) não permite um termo de comparação. As crises de asma que tanto maltratavam as crianças (e matavam) eram tratadas com xaropes péssimos e mezinhas. Comprar um cancão (pássaro da caatinga que se dizia atrair a asma para si, livrando a criança) era uma providência muito usada. Hoje temos muito mais possibilidades. Então vovós não pensem em reeditar o Vick Vaporub no pé calçando uma meia depós, o álcool no pescoço e no corpo para baixar a febre, inseticida para matar piolho (Neocid em pó) e outras coisas que ficaram para trás de vez. “No meu tempo se usava”! Tudo bem, mas esse tempo passou.

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