FERNANDO AZEVEDO
Não quero dar desculpas, mas esclarecer uma cosia sobre
drogas. Todos os setentões merecem perdão por terem entrado pra valer em álcool
e cigarro. Vocês não podem imaginar o que o pós-guerra com os cowboys
americanos tomando uísque puro (daí o nome de cowboy a quem toma uísque assim)
e mostrando sua valentia e pontaria com o revolver (outro mal muito usado) os
grandes conquistadores tomando uísque “on the rocks”, vinhos e champanhes
tragados em festas deslumbrantes. O cigarro no canto da boca característica dos
valentes ou nas piteiras dos elegantes era irresistível. Medicamentos a base de
álcool para as crianças inapetentes (eu adorava um tal de Glimiton) ou um
cálice de vinho do porto com uma gema crua deixando uma leve sensação de
embriaguez tornava a falta de apetite um troféu. Os malefícios do álcool e
cigarro eram totalmente escondidos se é que eram realmente conhecidos. Conversando
com primos de minha idade, relatava um deles que meu tio dava como
presente de 18 anos um pacote de cigarros e um isqueiro. Hoje cai nessa quem
for ignorante. Uma semana de fumo cria dependência. O álcool como hoje é
tomado, diariamente, pois as escolas estão rodeadas de bares e as festas são
contínuas principalmente nas férias tem criado dependentes com muita frequência
e fico impressionado com isso. DROGA LÍCITA. Lícita porque traz grandes lucros
ao país, mas não lembram os males e gastos com a saúde além do fracasso social
e familiar do dependente. DROGA ILÍCITA, essa é terrível porque você tem que compra-la
na moita, no submundo com dependência química mais forte ainda e mais rápida. É
assombroso seu aumento entre os jovens muitos deles associados como patrões do
tráfico e infiltrando-se na classe média e alta o que evita o contato dessas
pessoas com os marginais, polícia etc. Escrevo como ex-fumante que entre 30 e
40 anos abandonou o cigarro com um trabalho de conscientização. Sabia eu como
médico dos males dessa droga lícita. Não foi nem é fácil largar. Mantive minha
cervejinha diária noturna até que uma pancreatite me deu um aviso grave para
parar. Virei “pastor” como me chamam e ainda é mais difícil largar o copo que o
cigarro, pois a toda hora e em qualquer lugar você é convidado para uma dose. O
fumante hoje não é aceito, incomoda, mas o abstêmio tem que segurar as pontas
pra não cair na tentação.
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