segunda-feira, 2 de julho de 2012

NENHUMA SAUDADE DAS BOTAS

FERNANDO AZEVEDO


Quando comecei minha vida de Pediatra e ao mesmo tempo de pai, não havia criança que não usasse bota ortopédica, um verdadeiro martírio, sobretudo com nosso clima quente. A “coisa” (existem outras) já começava quando a criança começava a andar e a posição dos pés e pernas com desvios anatômicos normais chamavam a atenção e lá ia para consulta ortopédica e orientação para usar as famigeradas botas. Os meus filhos defendi, mas não consegui convencer a maioria dos clientes que insistiam no uso  respaldadas pelo especialista. Acontece que o bebê nasce “cangalha” depois fica “zambeta” e lá para os seis anos é que as pernas ficam retas. Se não ficar não foi por falta das botas e sim por herança familiar, os biótipos se repetem. A alteração ortopédica mais frequente é o pé torto congênito, de fácil diagnóstico, hoje já percebido nas ultrasonografias. Correção começa precocemente com botas gessadas, às vezes são necessárias cirurgias, mas a evolução é sempre boa. Outro mito é que colocar o bebê de pé quando ele está por ai pelos cinco meses, entorta as pernas e também não colocar sentado que entorta a coluna. Tudo besteira e essas posições devem ser estimuladas. Bebês de poucos meses devem quando acordados passar uns minutos de bruços (antes de alimentar) para que se movimentem, fortaleçam a musculatura das costas, enfim faça sua academia. Quando chorar, estiver cansado, volta à posição normal, colo etc. As alterações mais comuns são os desvios da coluna vertebral no estirão final na adolescência. São comuns escolioses, mas se percebidas precocemente a fisioterapia, RPG etc. resolvem muito bem, evitando o desconforto de coletes e possibilidades de cirurgias. Nessa fase devemos ficar mais atentos e muitas vezes a mãe descobre pelas roupas que caem mais para um lado. Outra coisa também não valorizada mais é o pé chato. Um trabalho muito interessante é o de palmilhas corretivas para serem colocadas nos sapatos, quando se nota um pisar errado, desgaste do calçado em um lado e mesmo dor. Andar descalço, uma delícia que ainda hoje conservo. Xô de uma vez bota.

3 comentários:

  1. Olá,

    Havia também o uso da bota como arma. O garoto odiava a bota e extravasava na perna de algum coleguinha no primeiro desentendimento. Saissem de perto quem tivesse um primo chato que usasse botinhas.

    ResponderExcluir
  2. Olá tio Fernando!!! Que saudade, qdo vem comer um bacalhauzinho por cá!? Bem, quando você falou em botas me chamou logo atenção, pena que mainha (Dulcinéa Dourado)não tinha esta visão, e ainda tenho pé chato!!! Acho que as botas só me serviram pra chutar as canelas dos adultos que eu não gostava! kkkkkkkkkkkkk
    Beijão Dani Dourado

    ResponderExcluir
  3. Puxa vida...minha filha tem 3 anos e corri no ortopedista para as tais botas ortopédicas, e ele me deu a mesma orientação. No entanto solicitou que utilizasse palmilha ortopédica para pés planos valgos. O engraçado é que quando ela usa as tais palmilhas os pés ficam mais zambetas. Retornei e ele me disse que essa era a função. Ufa! vida de mãe é isso né doutor???
    Daisirré

    ResponderExcluir