segunda-feira, 23 de maio de 2011

A FEBRE NA CRIANÇA


FERNANDO AZEVEDO

Um dos telefonemas mais freqüentes para o Pediatra é sobre o filho que está com febre e geralmente telefonemas aflitos.  Vamos comparar:  faz de conta que você está no seu carrão e de repente uma luz vermelha e um alarme aparecem  no painel. Pare o carro e verifique onde está o defeito. A febre na criança é também um aviso dado pelo cérebro, que em algum lugar do organismo está havendo problema. A febre não faz mal, é uma amiga. Não precisa essa tentativa de abaixá-la com excesso de antitérmicos , e terríveis banhos frios, ventiladores, ar refrigerado, álcool. Nos seis primeiros meses de vida e mais ainda nos três primeiros, a criança deve ser examinada imediatamente, talvez fazer exames complementares ou até internações para esclarecimento diagnostico. A partir dos seis meses a imunidade transferida pela mãe na gestação, pelo sangue, e depois do nascimento pela amamentação, vai se esgotando e  o bebê começa a ativar seu sistema imunológico ao entrar em contato com o meio ambiente. O importante em qualquer quadro febril é observar  o ESTADO GERAL da criança. Se ao ficar sem febre ela fica alegre, come, tranqüiliza bastante. São muito comuns nessa idade infecções respiratórias altas sempre causadas por vírus e que duram 3 a 4 dias. Em algumas delas segue-se o aparecimento de manchinhas vermelhas pela pele. O uso contínuo de antitérmicos sem um diagnóstico  muitas vezes traz  modificações na evolução das doenças. Deve ser usado sim, em temperaturas superiores a 38 e se houver mal estar. Se a criança está esperta, é dispensável. O apetite geralmente cai e não se deve forçar alimentação. Oferecer líquidos em geral é importante para manter a criança hidratada. Se houver calafrios é necessário  ser examinada a não ser que tenham sido provocados pelos banhos frios muitas vezes dados. Algumas crianças tem CONVULSÃO FEBRIL. Geralmente existem casos nas famílias. É um quadro feio mas felizmente rápido e sem nenhuma conseqüência, daí ser chamada convulsão febril benigna. A atitude dos adultos em querer uma imediata assistência saindo a dirigir um carro loucamente a procura de  um hospital é que pode trazer acidentes graves. Nada via oral deve ser dado, não precisa puxar língua, fazer respiração boca a boca e esses procedimentos intempestivos.  Tudo passa em minutos. Essas crianças a partir da primeira convulsão devem  tomar antitérmicos a partir de 37,5 e associar também uma medicação anticonvulsiva durante todo o período febril. Tenha calma nessas ocasiões embora entenda-se ser difícil. Voltando ao painel do carro, procure onde está o defeito que provocou o aviso. Não desligue os fios para a luz não acender.

30.4.2011

Um comentário:

  1. Perfeito o texto!!!! COntinue escrevendo Dr. Fernando por favor ABraços, Flávia Galvão.

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