FERNANDO AZEVEDO
Li vários relatos no Facebook dos próprios artistas
prejudicados e de internautas sobre a invasão do nosso território junino por
artistas que nada tem a ver com os nossos festejos. A lesão é dupla: em
primeiro lugar nós temos um celeiro de grandes talentos que atuam em pequenos
ou grupos maiores que da para fazer um mês inteiro de palco sem repetição de
estilos. A lesão maior é a formação de uma geração alienada que prefere os
safadões aos gonzagões. A culpa única e exclusiva é da prefeitura de cada
cidade que promove festas juninas, pois contratam artistas por um preço alto ou
altíssimo esgotando a verba para pagar os nossos que ficam meses sem receber o
seu cachê suado, quando recebem. Ah! Por que não se rebelam e se negam a
trabalhar? Fazem isso porque precisam dos nossos palcos e têm direito a eles e
se negarem as exigências e o calote aí é que se queimam mesmo e perdem a vez.
Não há dívida que tem maracutaia com empresários como já foi fartamente
demonstrado. A abertura do carnaval do Recife com o espetáculo magistral de
maracatus comandados por Naná Vasconcelos tinha em seguida a abertura oficial
com Marisa Monte, Elza Soares, Maria Betânia. Ora pelo amor de Deus, com todo
respeito e admiração que tenho por esses cantores qual a razão deles tomarem o
lugar dos nossos? Claro que tem toma lá
da- cá. Estamos em Junho e conversei recentemente com um dos maiores talentos
musicais do mundo, um grande artista recifense, que ainda não recebeu o cachê
do carnaval. Durante a pífia administração atual, não houve mais o Concurso de
Músicas Carnavalescas que é de lei. Tem que haver. E assim não se revelam novos
compositores e não se renova o repertório. As festas juninas tem um período
ainda maior de duração sendo Caruaru seguido de Gravatá recentemente, o maior
polo de atrações. Não duvide que com a quantidade de programas de gastronomia
na televisão em breve queiram importar “chefs” para substituir nossa canjica,
pamonha e pé de moleque por hamburgers e substituírem os tabuleiros e barracas
por food truckers. Chega! Quem quiser ouvir safadões e sertanejos aguardem
outra época e apresentações de capital privado, mas não com dinheiro do nosso
IPTU e outras taxas e taxas. Empresário cobre o que quiser e quem gostar que
vá, mas a praça é do povo e os patrocinadores dessas festas não podem querer
mudar nossas tradições.