segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O CHÃOZINHO AZUL


FERNANDO AZEVEDO

Li uma vez o comentário de um brasileiro que ao visitar uma fábrica na Europa, chegou cedo com seu anfitrião que num amplo estacionamento, parou o carro a uma boa distância do portão de entrada. Questionado por que não parava mais perto, o gringo alegou que pessoas poderiam se atrasar e necessitar de um  estacionamento mais próximo. Isso é bonito. No Brasil criaram o chão azul para portadores de deficiências motoras, gestantes e idosos. Não há respeito, pois é difícil saber se uma pessoa está grávida, invadem o espaço dos cadeirantes (e isso é conhecido e fotografado), e muitas bengalas ficam de reserva em carros para os falsos deficientes. Vem então a lei exigindo o cartão de identificação dos que têm direito ao benefício, mas a falta de consideração é enorme com a categoria. Uma vez fui a uma repartição que só funcionava pela manhã, justo no meu expediente de trabalho. Graças a um amigo consegui o tal cartão que tem vencimento, como se eu pudesse rejuvenescer ou deixar de herança. Tenho que provar que estou vivo todo anos para receber minha aposentadoria, agora mais simples indo só no caixa do banco. Modernizaram, pois antes era no prédio da Sudene, preenchendo uma ficha numa sala inadequada e cheia de pessoas com deficiências graves mas que tinham que mostrar a cara. Melhorou muito. O meu cartão de idoso está caduco. Soube então que poderia agendar pela internet e tentei, mas vi posts da desorganização e demora no atendimento e também desisti. Eu não uso normalmente o lugar a que tenho direito porque me sinto perfeitamente apto a andar a distância em que colocar meu carro. Subo e desço escadas também, não só as rolantes, mas quero os benefícios da lei. Não se justifica com a modernidade das informações dos dias de hoje que eu não possa requerer uma licença de estacionamento especial, apresentando documentos de identidade que comprovem que tenho a idade para essa concessão. Está lá a minha foto, CPF, data de nascimento, todas os dados necessários e me mandem por favor o meu cartão por e-mail que eu imprimo e plastifico sem a necessidade de deslocamento desconforto e espera. O mesmo para cadeirantes. Quem infringir as normas que  receba as penas merecidas, mas acreditar no cidadão é necessário e obrigatório. Copio o exemplo do europeu e só uso a vaga especial excepcionalmente justo porque como referi acima, me acho em condições físicas boas e abro mão para os mais necessitados, mas quero ter direito a meu cartão sem passar por filas, constrangimentos e perda de tempo. Ah burocratas de uma figa! A INTERNET EXISTE.

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