FERNANDO AZEVEDO
Li uma vez o comentário de um brasileiro que ao visitar uma
fábrica na Europa, chegou cedo com seu anfitrião que num amplo estacionamento,
parou o carro a uma boa distância do portão de entrada. Questionado por que não
parava mais perto, o gringo alegou que pessoas poderiam se atrasar e necessitar
de um estacionamento mais próximo. Isso
é bonito. No Brasil criaram o chão azul para portadores de deficiências
motoras, gestantes e idosos. Não há respeito, pois é difícil saber se uma
pessoa está grávida, invadem o espaço dos cadeirantes (e isso é conhecido e fotografado),
e muitas bengalas ficam de reserva em carros para os falsos deficientes. Vem
então a lei exigindo o cartão de identificação dos que têm direito ao benefício,
mas a falta de consideração é enorme com a categoria. Uma vez fui a uma
repartição que só funcionava pela manhã, justo no meu expediente de trabalho.
Graças a um amigo consegui o tal cartão que tem vencimento, como se eu pudesse
rejuvenescer ou deixar de herança. Tenho que provar que estou vivo todo anos
para receber minha aposentadoria, agora mais simples indo só no caixa do banco.
Modernizaram, pois antes era no prédio da Sudene, preenchendo uma ficha numa
sala inadequada e cheia de pessoas com deficiências graves mas que tinham que
mostrar a cara. Melhorou muito. O meu cartão de idoso está caduco. Soube então
que poderia agendar pela internet e tentei, mas vi posts da desorganização e
demora no atendimento e também desisti. Eu não uso normalmente o lugar a que
tenho direito porque me sinto perfeitamente apto a andar a distância em que colocar
meu carro. Subo e desço escadas também, não só as rolantes, mas quero os
benefícios da lei. Não se justifica com a modernidade das informações dos dias
de hoje que eu não possa requerer uma licença de estacionamento especial,
apresentando documentos de identidade que comprovem que tenho a idade para essa
concessão. Está lá a minha foto, CPF, data de nascimento, todas os dados necessários e me mandem por favor o meu cartão por e-mail que eu imprimo e
plastifico sem a necessidade de deslocamento desconforto e espera. O mesmo para
cadeirantes. Quem infringir as normas que receba as penas merecidas, mas acreditar no
cidadão é necessário e obrigatório. Copio o exemplo do europeu e só uso a vaga
especial excepcionalmente justo porque como referi acima, me acho em condições
físicas boas e abro mão para os mais necessitados, mas quero ter direito a meu
cartão sem passar por filas, constrangimentos e perda de tempo. Ah burocratas
de uma figa! A INTERNET EXISTE.
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