FERNANDO AZEVEDO
Leio hoje (3.2.17) na Folha de
São Paulo uma coisa estarrecedora. Grupos de Whatsapp de médicos passando
imagens e evolução da Sra. Marisa Letícia e logo onde: em São Paulo e no
Hospital Sírio Libanês. Pior ainda, fazendo comentários odiosos à paciente e ao
PT. Como pode! No juramento que se faz ao colar grau em Medicina, o Juramento
de Hipócrates, há a promessa “meus olhos serão cegos e minha língua calará os
segredos que forem revelados” Não se pode expor a vida de um paciente ao público.
Por questões de convênios médicos nos obrigaram a informar o CID (Código
Internacional de Doenças) para pagamento das contas. Todos os Conselhos Médicos
do Brasil reagiram, mas foram derrotados. Informar o CID é informar a doença do
seu cliente embora de uma forma mais fechada, mas isso não tem retorno. Temos
direito à nossa privacidade e o médico tem que cumprir esse juramento que
termina com a frase “se eu cumprir este juramento com fidelidade goze eu para
sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens, se o
infringir ou dele ou dele me afastar suceda-me o contrário”. O Brasil precisa
muito de médicos. O Brasil é um continente e tem uma enorme população
desassistida por falta de interesse do médico em trabalhar em várias áreas
assim como também pela impossibilidade de exercer sua arte com o mínimo
necessário. Desnecessário dizer da safadeza, do roubo, da canalhice que
assombra a todos nós com esses patifes que roubam o dinheiro da saúde e
educação. O castigo está vindo porque o país passa a cumprir as leis que são
aplicadas a qualquer pessoa e nunca os privilegiados admitiram isso. Uma viva a
todos os juízes, procuradores e elementos que compõem a justiça do Brasil que
realmente apresenta sinais de importantes mudanças na ética. A Medicina não
pode ser massificada. Alunos existem aos montes, basta abrir uma espelunca
qualquer e a lotação é esgotada. O que não existe é PROFESSOR e quando falo em
letras maiúsculas dessa classe é porque esse elemento é da mais alta
importância na formação do caráter na Medicina. Médico não precisa de luxos, de
riqueza, basta-lhe o básico para uma vida digna. A Medicina hoje é um comércio
horripilante e há porque não reconhecer, formação de quadrilha mesmo. Muito
triste. Comenta-se muito sobre o erro médico. Ele existe e é obrigatório. Dizia
Miguel Couto, grande expoente da Medicina que “só não erra o médico que nunca
teve um cliente”. Temos sim nosso dia de azar e teremos que ter o máximo de
atenção para que ele seja raro, mas jamais poderemos errar na ética, no
respeito e na dedicação a quem precisa do nosso amparo. Se um hospital
referencia mundial comete esse absurdo a preocupação é enorme. Punição severa é
o que precisa ser feito para que desestimule uma repetição desse ato.
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