quarta-feira, 20 de julho de 2016

A INTERNET E A MEDICINA

PEDIATRIA E ARTE

FERNANDO AZEVEDO

A INTERNET E A MEDICINA

Estou vivendo um problema que realmente está me perturbando, pois gosto de andar no

trilho, com respeito a tudo, não devo dinheiro a ninguém, só atenções e gentilezas e posso a

qualquer hora ser xingado de INFRATOR e ficar sem poder reagir, pois realmente estou

cometendo infrações. Procuro ter na minha vida médica uma conduta correta, sobretudo por

ter sido agraciado pela Associação Médica de Pernambuco, com a Medalha Maciel Monteiro

uma honraria concedida e que muito orgulha quem recebe. Leio recentemente um artigo

escrito pela Dra. Ana Lucia Amorim, advogada especialista em Direito Médico e Saúde e

Professora de Medicina da PUC/GO. Ela cita e com razão” o risco que corre o médico que

através do Whatsapp receita e orienta seus pacientes e vai direto à Pediatria onde o

informante não é a criança e sim pai, mãe e avós, cada um podendo dar uma informação

desencontrada”. Cita depois um artigo que diz que “87% dos médicos brasileiros usam o

aplicativo com os pacientes e diz que nos Estados Unidos a proporção é de 4%, no Reino Unido

2%%. Isso demonstra que o problema não é somente de ordem ética, mas de prevenção

contra processos judiciais” e termina dizendo “vamos deixar que os atendimentos de urgência

e emergência sejam encaminhados para seu devido lugar o pronto-socorro. WhatsApp é muito

prático, divertido mas pode não fazer bem para a saúde da relação médico-paciente”. No

código de ética médica há advertências sobre isso orientando que a medicina tem que ser

presencial com anamnese, exame físico e exames laboratoriais, mas ele não foi escrito hoje e o

mundo roda, avança e se atingimos no Brasil 87% de uso de orientações através de internet, se

os bombeiros tem um serviço de plantão telefônico de paramédicos que orientam

salvamentos de urgência, se o CEATOX (Centro de intoxicações) mantem um m telefone para a

orientação do que fazer em certos casos, acho que o Código de Ética BRASILEIRO tem que ser

revesto. Jamais orientei por Whatsapp uma medicação para uma criança que a mãe diz estar

dispneica, com vômitos que podem ser neurológicos e outras situações que podem ser graves.

Esse risco não corro nem quero para mim nem para o paciente, mas outras coisas podem ser

diagnosticadas sem a menor dúvida, mas entra no capitulo da infração o que incomoda. Há

uma profunda relação de amizade e confiança entre um Pediatra e uma Família e estamos no

Brasil onde a assistência médica piora e as dificuldades aumentam. Acredito que possa haver

um mau caráter que queira judicializar um médico que ORIENTOU um caso através da internet,

mas continuo acreditando fielmente no meu time que me solicita ajuda e eu procuro colaborar

dentro das limitações que o caso venha a impor. Acho que os Conselhos Regionais de Medicina

deveriam discutir esse tema e revisar normas cuja rigidez vai perdendo o sentido em certas

situações e em certos países.

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