FERNANDO AZEVEDO
Romero Carvalho, grande colega obstetra e
amigo, na pureza de sua infância chegou em casa depois de brincar com seus
vizinhos, filhos do Dr. Eraldo Gueiros que torciam pelo América. Contente da
vida disse:- Mamãe, eu agora sou do América! – É meu filho? Pois vamos ver! Ela
egou um cinturão e disse: - Comece agora: N – uma chicotada, A – mais outra – U
– um ui e mais uma lapada, fazendo a diferença onde nas vogais apanhava com o
couro e nas consoantes com a fivela. T-I-C-O. –Qual é seu time meu filho?-
Náutico, Náutico Náutico. –-Agora um beijinho meu filho! Lúcia e Solange, (as irmãs Carvalho) irmãs de
Romero foram a uma festa de uma amiga de infância e lá no meio da noite o sogro
da aniversariante chegando à sala disse: - O Náutico é um time de merda. – O
que seu filho da puta? E partiram pra cima e acabaram a festa, sendo levadas
pelos anfitriões até o elevador com mil pedidos de desculpa deles. Pesava sobre
elas a lembrança do chicote de Lourdinha e se não tomassem essa atitude
sentiriam no lombo a surra imaginária. E assim se faz um clube, com tradição
familiar de bem querer e quando falo em clube não estou falando de time de
futebol. O Náutico começou nas águas do Capibaribe com o nome de Recreio
Fluvial. Em 1901 tornou-se Clube Náutico Capibaribe. O futebol entrou décadas depois e é seu carro
chefe sem dúvida e por quem sou torcedor apaixonado e fardado. Distingo meu
comportamento na sociedade e na arquibancada onde todas as pornografias são
pronunciadas em alto e bom som. Meu pai foi remador na década de 1930. Meu
irmão Presidente, meu tio Waldemar presidente do Conselho, meu primo Ricardo
Breno foi tudo e é o grande benemérito o maior título conferido a um alvirrubro.
Esse sentimento de transmissão hereditária é que torna um clube inextinguível.
Nada impede a saudável concorrência e convivência com outros apaixonados. Tenho
dois compadres rubro-negros (Garibaldi Gurgel e Gilberto Andrade). Meu
diletíssimo colega e amigo Carlos Alberto Soares é tricolor. Romero Cavalcanti
que vive tirando graça comigo nesse face, é filho de Pedro Cavalcanti e seu pai
era considerado o rubro-negro mais alvirrubro que se conhecia. Morava na Rosa e
Silva e jogava biriba diariamente no Náutico. Queridíssimo por nós. Não se
abandona o barco quando ele começa a dar água. O Náutico vive uma situação
difícil. Quero afirmar que o Presidente Paulo Wanderley é um homem correto e
levará seu mandato até o fim com toda coragem e dignidade. Não teve sorte com o
futebol, mas a culpa é coletiva. Entenda o próximo presidente que o Náutico é
um clube, volto a dizer. A um aceno as mãos se juntam e o socorreremos, mas se
quiser dividir, promover brigas internas, apequená-lo com vaidades e interesses
pessoais, o chicote de Lourdinha o açoitará. Com o lado da fivela.
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