FERNANDO AZEVEDO
No meu tempo de criança não havia. Na minha
casa poderiam ter sido oito e fomos somente três. Famílias de 10 filhos, 20
filhos não era uma coisa tão rara. Casas enormes, escolas públicas de boa e
ótima qualidade na capital e no interior, consumismo zero e divisão de tudo,
solidariedade familiar, ônibus e pé para andar por ai e as bicicletas para os
mais aquinhoados, muitas vezes divididas com os irmãos. Veio o apartamento e já
nao cabia tanta gente, as escolas publicas fecharam ou são péssimas e não se
pode nem se deve botar menino no mundo sem responsabilidade. Surgem os meios anticoncepcionais começando pela
tal da camisinha jamais admitida pela minha geração e o indispensável
planejamento familiar. Casa-se mais tarde e programa-se o primeiro filho. E aí?
Mas quantos?, que intervalo entre eles? Quero abordar a chegada do irmão.
Existem dois extremos, o período curto e o intermediário. Se a idade é
aproximada não há tanto choque, mas se o espaço é de três, quatro anos, o “rei
da casa” perde o trono de forma dolorosa. Muitas vezes primeiro filho, primeiro
neto, primeiro sobrinho e de repente lá vem outro dividir seu espaço época
também em que já está na idade escolar e passa meio ou dia inteiro fora de
casa. A cabeça complica. Regride, a agressividade aumenta, frustrações se
somam, de forma que ao se planejar o segundinho o trabalho tem que começar na
gestação com muita conversa, muita participação e sem deixar de lado a atenção
que era dada ao primeiro com passeios atenções e tudo mais. Quando a diferença
de idade é muito grande o comportamento é melhor. Criança pequena até os dois ou três anos não
divide seus brinquedos. Como de repente vai entender que sua vida mudou
completamente.
Fiquem atentos a isso. Vale a pena um
aconselhamento ou acompanhamento psicológico para evitar maiores danos e a
participação tem que ser familiar e não só dos pais.
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